12/Sep/2024
Viver próximo da natureza na fase adulta pode, mais tarde, reduzir a velocidade da perda cognitiva. A conclusão é de um estudo publicado em julho no periódico Environmental Health Perspectives. O resultado foi ainda mais expressivo em locais de baixo índice socioeconômico, reforçando a importância de áreas verdes como fator ambiental capaz de ajudar a prevenir o declínio mental. Segundo os autores, já se sabe que o contato com a natureza está associado a menores taxas de depressão, que é um fator de risco para demência. Além disso, áreas verdes promovem mais oportunidades de atividade física e conexões sociais e ajudam a reduzir o estresse. Há, porém, poucos estudos prospectivos sobre o tema.
Para avaliar essa relação, os autores do estudo, vinculados a diferentes centros de pesquisa nos Estados Unidos, selecionaram quase 17 mil idosas participantes do Nurses’ Health Study, levantamento que acompanha mais de 120 mil enfermeiras desde 1976, moradoras de 11 Estados norte-americanos. Elas foram submetidas a testes cognitivos repetidos pelo menos quatro vezes entre 1995 e 2001. Depois, foram monitoradas até 2008. Imagens de satélite revelaram a dimensão das áreas verdes nos locais em que elas viviam cerca de 9 anos antes do início dos testes cognitivos. Os resultados foram cruzados, considerando fatores como idade, nível socioeconômico e diagnóstico de depressão.
Os cientistas constataram que as que já tinham contato maior com a natureza no início do estudo demonstraram níveis mais altos de função cognitiva nos primeiros testes e, ao longo da investigação, taxa mais lenta de declínio mental. O estudo correlacionou ainda os achados com a presença do gene APOE-?4, fator de risco conhecido para o desenvolvimento de Alzheimer, revelando que as portadoras do gene que viviam em área verde também tiveram desaceleração no declínio cognitivo. Segundo o Hospital Israelita Albert Einstein, quem está perto da natureza se exercita mais, que é um fator protetor, e há também maior exposição à luz solar, que beneficia o ciclo circadiano, a qualidade do sono e a produção de vitamina D. Dormir bem é muito importante para a memória.
Além disso, cada vez mais estudos mostram o impacto da poluição do ar na deterioração mental, não só a das grandes cidades, mas causada pela combustão de madeira e outros materiais fósseis que liberam o carbono negro, um material nocivo. Hoje sabe-se que 45% dos fatores de risco para demência podem ser prevenidos. Outros fatores conhecidos para prevenção de doenças cardiovasculares também servem para preservar a memória, como prática de atividade física, não fumar, ter dieta saudável e rica em antioxidantes, controle adequado do colesterol e diabete. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.