11/Sep/2024
Segundo a JBS, País sede da cúpula do grupo das 20 maiores economias do mundo (G20), o Brasil, "abraça" o protagonismo na transformação do sistema alimentar global para um modelo resiliente e sustentável. O Brasil está posicionado para assumir a liderança mundial, seja em transição energética, seja em segurança alimentar ou em sustentabilidade. São temas a favor do Brasil. Apesar de os sistemas alimentares serem diferentes entre os países, as recomendações para a transição desses sistemas são semelhantes, variando a capacidade de implementação entre os players, e devem ser tratadas de maneira globalizada. A questão climática não olha fronteiras. Ou ela será tratada de maneira estruturada, conjuntamente, ou serão discutidas soluções que não englobam todos. O sistema alimentar mundial perfaz 10% do PIB global, concentra 35% dos empregos do mundo e emite 26% dos gases do efeito estufa. O diagnóstico passa pela avaliação de que serão necessários de US$ 300 bilhões a US$ 350 bilhões por ano, até 2030, para a transformação dos sistemas alimentares para modelos mais resilientes e sustentáveis.
Na prática, será necessário aumentar em 15 vezes o investimento ao longo da década para cobrir os custos da transição da agropecuária. O mundo precisa produzir mais alimentos com menor expansão de área, com métodos mais sustentáveis e que promovam justiça social e se tornem sistemas mais resilientes e inclusivos. A saída é a agricultura regenerativa. Cada país terá de encontrar sua estratégia para a transição, mas as barreiras para isso, contudo, são de ordem tecnológica, econômica e de comércio, fora os desafios inerentes de cada país. No aspecto econômico, a dificuldade é o direcionamento de mais recursos para investimento. É preciso de dinheiro para fazer tudo isso. Hoje ele é insuficiente. Os governos terão que enxergar os setores e colocar o pequeno produtor no centro da agenda. Somente 4% do financiamento climático global vai para sistemas alimentares e agricultura, sendo apenas 1,7% para países em desenvolvimento, embora o setor represente um quarto das emissões de gases ligados ao efeito estufa.
O financiamento de uma agricultura regenerativa e resiliente deve ter o pagamento por serviços ambientais (PSA) como eixo central. Será preciso encontrar a taxonomia para receber pela agricultura regenerativa. Há o desafio tecnológico de como mensurar e dar segurança a esse mercado e vontade política para ser feito. Os países ricos terão que aceitar o PSA para remunerar os países em desenvolvimento pelos serviços ecossistêmicos que prestam. No cenário local, o desconto nos juros de financiamentos aos produtores com boas práticas sustentáveis dentro do Plano Safra como uma iniciativa positiva, assim como o plano para conversão de pastagens degradadas. O Brasil tem área e pode produzir muito, mas sem abrir nenhuma área com o programa de agricultura de baixo carbono e o plantio direto. Mas, para o desmatamento zero, o produtor tem de ser compensado por estar prestando um serviço ambiental. No campo, a transição do sistema alimentar envolve a aceleração da produtividade e a inclusão dos pequenos produtores com acesso a tecnologias para aumento dos rendimentos da produção agropecuária.
A produtividade do sistema alimentar mundial cresceu 150% entre 1961 e 2009, enquanto houve expansão de apenas 12% das áreas agricultáveis globais. Hoje, um novo salto de produtividade global demanda também a democratização da pesquisa e das tecnologias agropecuárias. É preciso aumentar ainda mais a produtividade, quebrar o ciclo de baixa produtividade dos pequenos e fazer as inovações chegarem aos pequenos produtores. A tecnologia não chega ao pequeno produtor por ausência de extensão rural, falta de acesso a crédito com taxas adequadas e atenuante de riscos e convencimento dos produtores. Na outra ponta, há ainda os desafios de ordem comercial, com crescentes barreiras protecionistas impostas pelos países. São 2,3 bilhões de pessoas em insegurança alimentar moderada a grave. As pessoas passam fome e há cada vez mais barreiras. Em vez de colocar restrições, o trade precisa incentivar produtos de agricultura regenerativa, criar incentivos adequados e acelerar a adoção da ciência. Os governos têm papel fundamental para estabelecer as políticas de transição do sistema agroalimentar, mas isso não se resolve sozinho. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.