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06/Sep/2024

Diversificação favorece empresas do Agronegócio

Na temporada mais recente de balanços do agro, referente ao primeiro trimestre na safra de cana-de-açúcar e ao segundo trimestre nos demais segmentos, saltou aos olhos a onipresença de resultados operacionais no azul. Entre as empresas com lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) positivo, as de diversificação mais acentuada, seja nos locais em que atuam ou nos tipos de produtos, contornaram melhor as adversidades do período. Entre abril e junho, fizeram parte do cenário geral do agro a queda dos preços das commodities, a quebra na produção de grãos no Brasil e a alta do dólar, sendo este um fator que aumentou o endividamento das empresas, mas também suas receitas de exportação. Segundo levantamento do Valor Data, das 25 empresas agropecuárias que divulgaram resultados financeiros, 22 tiveram Ebitda positivo. O indicador ficou no vermelho em apenas três casos, AgroGalaxy, Heringer e Vittia, todas companhias do segmento de insumos.

O Ebitda de 14 empresas do agro cresceu, e 8 registraram queda. O AgroGalaxy foi a única em que a piora do Ebitda se intensificou. Nos casos de Vittia e Heringer, o resultado operacional melhorou, embora siga negativo. Os desempenhos mais expressivos foram os de BRF, em que o Ebitda ajustado cresceu 160% no segundo trimestre de 2024, para R$ 2,6 bilhões, e JBS, que subiu 121%, para R$ 9,9 bilhões. Segundo a ASA Investments, o destaque desse trimestre foi o segmento de frigoríficos. Essas empresas tiveram ganhos na oferta de grãos, que foi muito alta, e se beneficiaram com o câmbio. Os grãos, como o milho, compõem a ração animal, e o dólar valorizado ajudou a impulsionar a receita das exportações. No caso específico da JBS, a empresa, com atuação global, tem diversificação tanto geográfica quanto de proteínas. O ciclo do gado dos Estados Unidos está bastante desfavorável, porque o rebanho norte-americano vem caindo nos últimos anos.

Porém, a JBS se beneficiou muito da diversificação. A performance da operação de boi nos Estados Unidos foi compensada por resultados excepcionais em outras operações e geografias. A JBS encerrou o segundo trimestre com lucro líquido de R$ 1,7 bilhão. O desempenho contrasta com o de um ano antes, quando a companhia teve prejuízo de R$ 263,6 milhões. A RB Investimentos ressaltou que a diversificação de mercados foi essencial para os frigoríficos. O Brasil está ainda em processo de abertura de mercados. O Egito se abriu para fazer importações do Brasil, a Austrália também conseguiu algumas liberações, o que destrava novos clientes. É uma forma de se defender de um cenário econômico mais adverso em algum país, criando mais estabilidade nas projeções. A BRF é um exemplo claro disso. A empresa obteve 32 novas habilitações de importadores no segundo trimestre deste ano e já soma quase 60 desde o início de 2024, o que ampliou sua capacidade de acessar novos mercados.

Para a Criteria Investimentos, as exportações recorde de carne bovina decorrentes da desvalorização do Real deram um grande impulso aos balanços. Com o impulso à receita desse e de outros fatores, a BRF teve seu melhor segundo trimestre da história, com lucro de pouco mais de R$ 1 bilhão. Em igual período de 2023, a companhia teve prejuízo de R$ 1,3 bilhão. No segmento sucroenergético, a queda dos preços do etanol afetou o desempenho das usinas. A RB Investimentos acredita, no entanto, que um momento positivo do açúcar ajudou a minimizar o impacto da baixa das cotações do biocombustível sobre os balanços. A São Martinho teve lucro líquido de R$ 106,3 milhões no primeiro trimestre da safra 2024/2025 de cana-de-açúcar, um resultado 51,7% menor do que o do mesmo período do ciclo anterior. O recuo deveu-se a efeitos não caixa, uma vez que o desempenho operacional foi positivo. O Ebitda ajustado cresceu 20,7% no período, para R$ 672,3 milhões. A Cerradinho teve prejuízo de R$ 149 mil no primeiro trimestre da safra 2024/2025, mas a perda foi 98,7% menor do que a de um ano antes.

A diminuição do prejuízo tem relação com o início da operação da planta de etanol de milho em Maracaju (MS). Isso significa que a diversificação de matéria-prima no etanol fez a diferença. A margem operacional da companhia foi de 16% no caso do biocombustível de milho e de 5,6% no etanol de cana-de-açúcar. O segmento de grãos foi o que mais sofreu com o declínio das cotações globais. A 3tentos escapou graças à sua diversificação e seu lucro aumentou 89% no segundo trimestre. Já os lucros de SLC e BrasilAgro caíram. O agronegócio é feito de ciclos. Sabendo disso, a 3tentos diversificou as linhas de atuação e chegou à maturidade dos negócios. Cada área de atuação do grupo (indústria, originação de grãos e insumos) responde por 33,3% do faturamento. Segundo a Genial Investimentos, no futuro próximo, a oferta global continuará pesando sobre as demais empresas de grãos. O aumento da oferta de soja no mercado mundial deve pressionar as cotações. A ASA Investments acredita que, no terceiro trimestre, os frigoríficos vão continuar atravessando um bom momento. Já as usinas seguirão dependentes dos preços de açúcar e etanol. Fonte: Globo Rural. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.