06/Sep/2024
Segundo dados do Centro Nacional de Monitoramento de Desastres Naturais (Cemaden), o Brasil está enfrentando a maior seca das últimas sete décadas. É a primeira vez que a estiagem afeta de forma intensa uma região tão ampla do País, da Amazônia até o Paraná, potencializando incêndios e levando à baixa recorde dos rios. A situação ainda tende a se agravar até novembro. A série histórica da seca do Cemaden remonta a 1950. Os números dos últimos 74 anos revelam uma tendência de agravamento dos períodos de estiagem a partir do início dos anos 1990, quando esses eventos passaram a ser muito mais frequentes.
De lá para cá, a seca mais grave já registrada havia sido entre 2015 e 2016, mas a deste ano (que ainda não terminou) já é a pior. Há nove anos a estiagem foi intensa, mas concentrada nas Regiões Norte e Centro-Oeste, bem diferente de agora, quando se estende por todas as regiões. A seca atual já afeta um terço do território nacional (mais de 3 milhões de Km²). A estiagem segue os modelos previstos de aquecimento global para o Brasil em um cenário de temperaturas médias globais já 1,5°C acima da média. Desde o início do monitoramento, nunca foi visto seca tão extensa e intensa quanto essa. Anteriormente, regiões isoladas sofriam com ciclos de seca, mas desta vez é generalizado.
Conforme os dados do Cemaden, 3,8 mil cidades do País (de um total de 5.571) enfrentam seca (de fraca a excepcional). Esse número saltou quase 60% entre julho e agosto. Além dos incêndios naturais, o cenário favorece fogo intencional. Os responsáveis pela Floresta Nacional (Flona), em Brasília, suspeitam que o fogo iniciado no dia 3 de setembro teve origem criminosa. A cidade ainda teve o dia mais seco da história, com 7% de umidade. O que está causando a situação atual é multifatorial. O mundo saiu de um Oceano Pacífico aquecido (no El Niño) para um Atlântico Norte mais aquecido. Não houve trégua entre os dois eventos e isso fez com que a seca se agravasse gradativamente. A perspectiva a médio prazo é ruim.
Tudo indica que a estação seca vai durar mais tempo do que a média, dificultando a recuperação. O problema não é só a falta de chuva, mas também as temperaturas muito altas, que deixam os rios mais secos e o solo também, de maneira geral, porque a água evapora mais rápido. De outubro a novembro, o Brasil já estará na primavera e, portanto, com períodos maiores de insolação do que no inverno. Haverá atraso no início da estação chuvosa ou ainda muito irregular. Os reservatórios devem baixar mais, gerando todo tipo de problema. A agricultura certamente vai sofrer, talvez seja necessário atrasar o início dos plantios. Por outro lado, os incêndios ainda vão durar algum tempo, destruindo floresta nativa e trazendo problemas para a saúde da população. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.