06/Sep/2024
A restauração de florestas é um desafio do Brasil, que assumiu internacionalmente em 2015 o compromisso de recuperar 12 milhões de hectares de vegetação nativa até 2030 e, até o momento, alcançou menos de 1% do objetivo. É nesse contexto que nasceu a startup Meu Pé de Árvore, de Porto Velho (RO), em 2021. Com recursos do Programa Prioritário de Bioeconomia (PPBio), coordenado pelo Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável da Amazônia (Idesam), a empresa criou um aplicativo que permite identificar, rastrear e assegurar a qualidade e origem de sementes e outros bioinsumos, respeitando a diversidade genética de cada região e funcionando como uma espécie de “mapa da mina”. Não adianta só replantar. É preciso devolver a diversidade de espécies, os animais, enfim, todo o ecossistema natural daquele local.
Tem ipê (espécie de árvore) em São Paulo e na Amazônia, por exemplo. Mas, não quer dizer que seja a mesma coisa. Uma semente de ipê da Mata Atlântica não pode ser plantada na Amazônia, por exemplo. Fazendo isso, o sistema da região é colocado em risco, podendo extinguir uma espécie. A plataforma, chamada “Minhas Matrizes”, está em fase de testes neste momento, funcionando apenas na Amazônia, com extração e venda de sementes, óleos, frutos e outros produtos da biodiversidade coletados em três terras indígenas: Juma, Parintintim e Tenharim. As comunidades receberam capacitação para uso do aplicativo no extrativismo sustentável, registrando as árvores nativas de maior potencial para a bioeconomia. A partir de dezembro, a tecnologia deve ser oferecida em lojas de aplicativos de celular, alcançando outros biomas e produtores, mas ainda com foco em povos originais e famílias agricultoras para atuar como extratores e conseguirem renda a partir disso.
As empresas que quiserem realizar parcerias para comprar os bioinsumos devem se cadastrar na plataforma. O PPBio afirma que o projeto foi selecionado para receber recursos do Idesam por apresentar soluções para as cadeias da Amazônia de forma inovadora, tendo como característica principal a sinergia entre tecnologia, o potencial da Amazônia para bioinsumos e a conexão com as comunidades indígenas. Para a Agroicone, consultoria focada em desenvolvimento sustentável para a agropecuária, a tecnologia desenvolvida pela Meu Pé de Árvore, assim como outras que vêm surgindo no mercado, é bem-vinda e deve colaborar para o processo de recuperação florestal. Mas há, ainda, um longo caminho para que a atividade chegue a patamares satisfatórios. A cadeia da restauração ainda está pouco madura no Brasil. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.