04/Sep/2024
A Confederação de Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) prevê queda de 1% a 1,3% do Produto Interno Bruto (PIB) da Agropecuária neste ano, ante crescimento de 15,1% em 2023. No início do ano, o mercado esperava um PIB agro neutro e agora espera queda de 1,5%, segundo boletim Focus do Banco Central. A projeção da CNA era de retração de 1%, mas deve haver alteração marginal para queda de 1,2% a 1,3%, no máximo. O recuo será muito em virtude da produção menor de grãos 2023/2024, sobretudo de soja e de milho. Os grãos representam a maior fatia do desempenho da agropecuária e, portanto, variações na produção afetam o resultado geral do setor. Em relação à queda de 2,9% do PIB da agropecuária no segundo trimestre deste ano na comparação com igual período do ano anterior, a entidade avalia que o resultado veio dentro do esperado por sazonalmente ser um trimestre mais fraco e pela menor colheita de grãos.
A maior parte da safra 2023/2024 de grãos entrou no mercado de abril a junho deste ano. O ano passado foi atípico e de produção recorde. Neste ano, isso não aconteceu, com atraso no plantio da safra, El Niño e enchentes no Rio Grande do Sul. Foi um resultado trimestral muito bom, mas prejudicado pelo clima adverso e aquém de 2023. Em contrapartida, as maiores produções de café, algodão e feijão contribuíram para limitar as perdas no desempenho trimestral do setor. O feijão, que é um produto importante na mesa do brasileiro e na composição do valor bruto da produção, registrou incremento de 7% considerando a safra total, o que figura um resultado muito bom. Para o terceiro trimestre deste ano, o café deve continuar como destaque positivo para o PIB da agropecuária, com colheita remanescente, enquanto a retração da safra de laranja deve pressionar o resultado. A grande incógnita é a produção de trigo. É preciso acompanhar o desenrolar da safra de trigo para avaliar os resultados previstos para o terceiro trimestre deste ano. Neste ano, com a previsão de queda do PIB agro diante do avanço do PIB nacional, o setor deve diminuir levemente sua participação no PIB do País.
A estimativa preliminar é de que a participação do setor fique em torno de 7% ante 7,2% de 2023. A participação do setor no PIB do País recuou de 7,1% no primeiro trimestre para 6,9% no segundo trimestre, mas ainda se mantém em níveis elevados e acima do histórico de 5% a 5,5%. Segundo a Biond Agro, a retração de 2,3% no PIB da agropecuária no segundo trimestre não foi uma surpresa, devido aos desafios climáticos e logísticos na safra 2023/2024. Secas na Região Centro-Oeste e chuvas excessivas na Região Sul do País resultaram em perdas expressivas na produção agrícola, afetando especialmente estados como Mato Grosso, que responde por quase 30% da produção nacional. A quebra de safra afetou diretamente o volume das exportações, que devem ser menores este ano. Embora o PIB geral tenha registrado um crescimento de 1,4% no segundo trimestre, impulsionado pelos setores industrial e de serviços, a queda na agropecuária levanta preocupações quanto à sustentabilidade do crescimento econômico.
A desvalorização das commodities no mercado internacional, como milho e soja, também contribuiu para a retração do setor. Os preços deflacionados e o equilíbrio entre oferta e demanda global têm pressionado os preços para baixo, o que afeta a rentabilidade dos produtores brasileiros. Com uma safra recorde prevista para 2024/2025, o Brasil enfrenta o desafio de lidar com um possível excesso de oferta, o que poderia levar a uma nova desvalorização dos preços e uma queda no PIB do setor no próximo trimestre. Além disso, as condições climáticas para o início do plantio, marcado para outubro e novembro, são uma preocupação adicional. O clima no Brasil é um fator imprevisível e pode impactar tanto a produção quanto as exportações. A MB Agro avaliou que a condição climática adversa foi o principal fator a influenciar a queda do PIB do agronegócio no segundo trimestre. O recuo foi de 2,3% em relação ao trimestre anterior, com ajuste sazonal, e de 2,9% em comparação ao segundo trimestre de 2023.
Teve problemas de seca, que afetaram a 2ª safra de milho 2024 e trouxeram impactos para outras culturas, como a cana-de-açúcar. O clima deste ano foi pior do que o do ano passado, afetando produtos importantes, colhidos durante o inverno. O volume menor de chuvas a partir de abril reforçou o clima seco e se somou às queimadas para reduzir a produção agrícola no período. O PIB do agro é muito afetado por condições climáticas. A MB Agro prevê que o PIB do agronegócio vai encolher entre 1% e 2% em 2024. Para o terceiro trimestre, ele avaliou que o maior efeito negativo virá da cana-de-açúcar. A seca e os incêndios podem afetar outros cultivos, com alguns efeitos só sendo sentidos ao longo de 2025. Esse clima pode afetar a rebrota da cana-de-açúcar e o café para o próximo ano, assim como atrasar plantios.
Para a Tendências Consultoria, o desempenho da pecuária e da cana-de-açúcar no segundo semestre podem ser decisivos para uma queda mais expressiva do PIB da agropecuária em 2024. Por ora, a consultoria estima queda de 1,8% no PIB Agro deste ano, mas o viés é baixista, especialmente devido aos incêndios em canaviais do interior de São Paulo. Se há um viés, ele é negativo, devido principalmente às questões climáticas e aos incêndios. Esses fatores afetam principalmente dois produtos: cana-de-açúcar, que tem peso relevante no PIB do terceiro trimestre, e pecuária. Já havia previsão de uma redução no abate de bovinos no segundo semestre, mas os incêndios pioraram essa perspectiva. A queda de 2,9% do PIB Agro em relação ao segundo trimestre de 2023 e de 2,3% frente ao primeiro trimestre de 2024, com ajuste sazonal, não surpreendeu.
A Tendências já projetava um recuo de 2,9% na variação anual. No trimestre contra trimestre, o número está bem dentro deste cenário. A queda na produção agrícola já era prevista, especialmente devido ao impacto de fatores climáticos, como o El Niño, e uma base de comparação alta com o ano passado. No ano passado, o Brasil teve uma safra recorde, e este ano questões climáticas impactaram bastante a produção agrícola. Esse número reflete bem isso. Destaque também para o peso da soja e do milho, com safras que influenciaram o resultado negativo do PIB agropecuário. Parte do efeito esperado para a cana-de-açúcar nos próximos meses já foi sentido no segundo trimestre. No segundo trimestre, já um número menor da cana-de-açúcar, o que também influenciará o terceiro trimestre, que é o auge da safra de cana-de-açúcar.
Outro ponto levantado foi a contribuição da pecuária, que ajudou a evitar um resultado ainda mais negativo no período de abril a junho. No segundo trimestre, a produção de bovinos aumentou 17% em relação ao segundo trimestre de 2023, o que contribuiu para que o número não fosse pior. Segundo a MacroSector, a produção de café deve continuar como um dos fatores positivos para o PIB da agropecuária em 2024. A cultura tem se destacado em um ano difícil para o setor, que registrou recuo de no PIB do segundo trimestre de 2024 em relação ao trimestre anterior. O café teve um desempenho positivo, com aumento da receita e safra maior. Esses aumentos no café estão ajudando a compensar a queda no desempenho geral da agropecuária.
Porém, a realidade é diferente para a maior parte das culturas, o que afeta, inclusive, o PIB do Brasil. O crescimento é impulsionado principalmente pela indústria. O agronegócio está apresentando uma contribuição negativa. Essa situação da agropecuária é atribuída a dois principais problemas: as condições climáticas adversas e a queda significativa nos preços internacionais dos grãos. As condições climáticas prejudicaram bastante as lavouras este ano, especialmente a soja e o milho. A produtividade foi afetada e, portanto, a colheita também. Além disso, houve uma queda significativa nos preços internacionais dos grãos por causa do aumento das taxas de juros, o que reduziu a demanda global.
Para o segundo semestre de 2024, a previsão é de uma leve melhora do desempenho da agropecuária, com a perspectiva de fechar o ano em expansão. No acumulado do ano, a agropecuária está praticamente estável, com uma pequena melhora prevista para o segundo semestre. O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, classificou o crescimento do PIB brasileiro como "espetacular". O ministro avaliou ainda a queda do PIB da agropecuária como "natural". Os preços das commodities estão mais achatados, o que compromete a renda dos produtores. No ano passado, a agropecuária puxou o crescimento do PIB, com alta de 15%. Infelizmente, não pode contribuir tanto neste ano. A menor produção de grãos colhida na safra 2023/2024 foi o principal detrator do desempenho econômico do setor. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.