30/Aug/2024
A quantidade de municípios que decretaram situação de emergência em função do avanço das queimadas florestais saltou durante agosto no País. Foram 118 decretos dessa natureza desde o início do mês, 51 deles no estado de São Paulo, que viu o fogo avançar com grande intensidade a partir do fim da semana passada. As ocorrências vêm se avolumando também na Amazônia e no Pantanal e os números ainda vão aumentar. Na terça-feira (27/08), o estado do Pará decretou emergência e o mesmo fez na quarta-feira (28/08), o estado do Amazonas em seus 62 municípios, considerando ainda o cenário de seca. O balanço geral é feito pela Confederação Nacional dos Municípios (CNM), com base em dados do Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional (MIDR). Além de São Paulo, aparecem em destaque no levantamento Mato Grosso (35 atos) e Acre (22).
O decreto autoriza o poder público local, por exemplo, a dispensar licitação para contratações, o que pode ser necessário em situações de desastre. São 167 decretos de incêndios florestais de janeiro a agosto, sendo 118 deles só neste mês. Em 2023, o número de janeiro a agosto havia sido de 57, dos quais 26 no mês de agosto. Nesse contexto, já são mais de 4,4 milhões de pessoas afetadas de janeiro até agosto, sendo que, desse total, 4 milhões foram afetadas apenas em agosto. Os impactos ambientais são incalculáveis e se traduzem na perda da biodiversidade. Já os danos e prejuízos ainda estão sendo mensurados pelos gestores municipais, mas o fato é que os incêndios florestais afetam diretamente o sistema municipal de saúde, com sobrecarga de atendimentos, bem como prejudicam a educação (com suspensão de aulas) e o abastecimento de água.
A CNM estima prejuízo que supera os R$ 37 milhões, entre efeitos sobre a agropecuária e gastos com assistência médica emergencial. As cifras, no entanto, podem ser bem mais elevadas. O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, afirmou que é difícil estimar os prejuízos neste momento, mas a perda seguramente vai superar R$ 1 bilhão. Foram contabilizados até terça-feira (27/08) 44.600 hectares de área queimada, resultando na destruição de muitas instalações, perda de animais e lavouras. O número de focos de incêndio registrados em agosto no estado de São Paulo foi o maior para qualquer mês nas cidades paulistas desde 1998, quando os registros começaram a ser relatados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), órgão ligado ao Ministério da Ciência e Tecnologia. Até o dia 23 de agosto, quando o número de focos disparou, haviam sido registradas 3.175 ocorrências, o que é quase o dobro do que foi registrado ao longo dos 12 meses do ano passado no Estado (1.666).
Um número tão elevado de focos não era visto em São Paulo desde agosto de 2021, quando houve 2.277 casos. Antes da marca de 2024, a quantidade mais expressiva em agosto havia sido vista em 2010, com 2.444 focos. Na Amazônia, mesmo com o desmate em queda, mais de 43 mil focos de fogo já foram detectados, pior taxa desde 2007 no bioma para o período de 1.º de janeiro a 20 de agosto, segundo o Inpe. Entre terça-feira (27/08) e quarta-feira (28/08), a Amazônia registrou 3.949 focos de incêndio, segundo dados do Programa de Queimadas do Inpe. No mesmo período do ano passado, foram 1.040. Considerando o mês de agosto, o bioma soma até o momento 31.130 de focos ativos de queimadas, quase o dobro do mesmo período de 2023 (15.710). Para o Laboratório de Análise e Processamento de Imagens de Satélite (Lapis) da Universidade Federal de Alagoas, os prognósticos não são bons. Os próximos meses também poderão ser críticos em termos de queimadas para a Amazônia.
Mesmo que termine a estação seca na Região Norte, entre setembro e outubro, pode haver uma extensão dessa secura se deslocando mais para a região leste da Amazônia, o que é mais preocupante porque pode atingir a transição entre Amazônia, Cerrado e Caatinga. A gestão Luiz Inácio Lula da Silva tem sido cobrada para dar resposta mais efetiva de prevenção e combate às chamas. Uma Política Nacional de Manejo Integrado do Fogo foi sancionada no dia 31 de julho. Ela regula o uso do fogo no meio rural, definindo diretrizes para queimadas controladas (para fins agropecuários) e prescritas (para fins de conservação), mediante autorização prévia dos órgãos competentes, entre outras medidas de prevenção. O Ministério do Meio Ambiente diz ter no momento 1.489 brigadistas na região de incêndios. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.