29/Aug/2024
Segundo representantes do setor produtivo e do mercado de seguros, a maior ocorrência de extremos climáticos e os consequentes impactos na produção agrícola têm se acentuado ao longo das safras, ao passo que a cobertura de seguro rural não cresce na mesma proporção. Os intervalos de neutralidade entre os eventos climáticos têm se reduzido. Nas últimas cinco safras, os problemas foram, de maneira geral, de quebras pontuais. Neste ano, há o risco de La Niña, apontou a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). O maior gargalo quanto aos eventos climáticos mais danosos à produção agrícola é a baixa cobertura de seguro rural no País, com aproximadamente apenas 16% da área agrícola assegurada.
É necessário ter maior subvenção para estimular a cultura do seguro e diluir o custo do prêmio. O orçamento para o Programa de Subvenção Econômica ao Seguro Rural (PSR) vem oscilando abaixo de R$ 1 bilhão, enquanto somente para este ano seriam necessários R$ 3 bilhões, além da desconcentração na aplicação dos recursos para abranger as Regiões Norte e Nordeste. Para 2025, a CNA calcula que seriam necessários R$ 5 bilhões para o orçamento do seguro rural. O orçamento ainda é o principal ponto a ser tratado para a cobertura de seguro avançar. O IRB (Re), que representa as resseguradoras, afirma que, além das ocorrências por desastres climáticos e o acionamento de sinistros mais frequentes, o risco do seguro rural no País ainda é muito concentrado. Há necessidade de mutualismo, mas o PSR é muito pequeno e não é possível atingir o mutualismo necessário para mitigar riscos.
O País está muito atrás dos demais players do agro. De acordo com dados do IRB (Re), a cobertura por seguro rural no Brasil atingiu 15% da área plantada em 2023 com subvenção governamental de 20% para soja a 40% para demais culturas. Nos Estados Unidos, o seguro rural é adotado em 85% das lavouras, com cobertura de 35% a 65% do prêmio e com participação do governo como ressegurador. Na China, a subvenção governamental é de 80%. A penetração do seguro agrícola é de 87% nos Estados Unidos, 70% na China, 30% na Índia e 12% no Brasil. No Brasil, há forte concentração do risco e pouco mutualismo, o que afasta a adesão. É preciso aumentar o orçamento para PSR e o redesenho do modelo. Nesses países, os programas de seguro rural substituem os programas de renegociação de dívidas em caso de quebras de safras. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.