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28/Aug/2024

La Niña deverá se desenvolver nos próximos meses

A atualização mais recente dos relatórios do El Niño-Oscilação Sul (ENSO) fornecidos pela Administração nacional oceânica e atmosférica (NOAA) e pela Agência Australiana de Meteorologia (BOM) indica que as condições do ENSO estão atualmente neutras, mas há uma expectativa crescente de que o fenômeno La Niña se desenvolva nos próximos meses. De acordo com o relatório da NOAA de agosto de 2024, as condições ENSO permanecem neutras, com temperaturas da superfície do mar (SSTs) acima da média no Pacífico Ocidental, perto da média no Pacífico centro-oriental e abaixo da média no Pacífico Oriental. O relatório destaca que, embora as condições neutras do ENSO estejam presentes, existe uma probabilidade significativa (66%) de desenvolvimento de La Niña entre setembro e novembro de 2024, com uma chance ainda maior (74%) de que o fenômeno persista durante o inverno no Hemisfério Norte (novembro a janeiro de 2024-2025). A NOAA aponta que as anomalias de temperatura subsuperficiais no Pacífico equatorial, que começaram a se enfraquecer desde agosto de 2024, ainda refletem condições neutras do ENSO.

No entanto, as previsões indicam que as temperaturas da superfície do mar na região Niño 3.4, um indicador crítico para ENSO, tendem a cair para níveis característicos de La Niña nos próximos meses. Além disso, o relatório menciona a presença de anomalias de vento em diferentes altitudes e a propagação de ondas de Kelvin oceânicas, fenômenos que podem influenciar o desenvolvimento de La Niña. A Agência Australiana de Meteorologia (BOM) indica que o El Niño–Oscilação Sul (ENSO) encontra-se atualmente em uma fase neutra, mas há uma vigilância constante para o possível desenvolvimento de La Niña. As temperaturas da superfície do mar (SSTs) no Pacífico equatorial central estão neutras, apresentando um leve resfriamento sustentado pela ascensão de águas profundas no Pacífico central e oriental. Dos sete modelos climáticos analisados, três sugerem a possibilidade de que as SSTs ultrapassem o limiar de La Niña a partir de outubro de 2024, enquanto outros três indicam que as condições neutras devem persistir.

Isso mantém a previsão do BOM em um estado de "La Niña Watch", o que não garante o desenvolvimento de La Niña, mas sugere uma chance. Além disso, o Dipolo do Oceano Índico (IOD) também está em uma fase neutra, com a expectativa de que permaneça assim até o final da primavera australiana. Nas últimas semanas, o leste do Oceano Índico apresentou um resfriamento, com o valor mais recente do índice IOD, em 18 de agosto, sendo de +0,33°C. A maioria dos modelos climáticos indica que o IOD provavelmente continuará neutro, pelo menos até o fim da primavera, o que sugere uma estabilidade climática na região do Oceano Índico para os próximos meses. Embora o ENSO e o IOD estejam atualmente em fases neutras, a previsão climática global enfrenta desafios significativos devido ao aquecimento recorde das SSTs nos últimos meses. Entre abril de 2023 e junho de 2024, as temperaturas globais da superfície do mar foram as mais altas já registradas em cada mês.

Em julho de 2024, as SSTs globais foram as segundas mais quentes já registradas, perdendo apenas para julho de 2023, e agosto de 2024 segue a mesma tendência de calor extremo. Esse padrão global de aquecimento difere dos padrões históricos associados ao ENSO e ao IOD, o que sugere que as previsões futuras baseadas em eventos passados podem não ser tão confiáveis. Portanto, enquanto o ENSO e o IOD oferecem uma visão geral das condições climáticas esperadas, previsões de longo prazo são essenciais para fornecer orientações mais precisas sobre padrões locais de chuva e temperatura. Esse relatório chama a atenção para o fato de que as temperaturas globais da superfície do mar, que foram as mais altas registradas de abril de 2023 a junho de 2024, não seguem padrões históricos típicos associados ao ENSO e ao IOD, o que torna as previsões futuras baseadas em eventos passados menos confiáveis. A possível transição para La Niña nas próximas semanas e meses pode ter impactos significativos no Brasil, especialmente na distribuição de chuvas e temperaturas.

O fenômeno La Niña tende a estar associado a um aumento das chuvas na Região Norte e a um período mais seco na Região Sul do Brasil. Nas Regiões Sudeste e Centro-Oeste, os efeitos podem variar, mas existe o risco de uma primavera e verão com chuvas abaixo da média, o que pode afetar a agricultura e os reservatórios de água. No contexto da atual fase neutra, o clima no Brasil para setembro pode apresentar variações regionais. A presença de SAM (Modo Anular do Sul) negativo, conforme mencionado pelo BOM, pode aumentar a probabilidade de frentes frias na Região Sul do País, trazendo chuvas para essa região. Entretanto, a aproximação de La Niña sugere que, ao longo da primavera e do verão, o padrão de chuvas pode mudar, aumentando a vulnerabilidade das regiões já suscetíveis à seca. Portanto, é essencial que os setores sensíveis ao clima, como a agricultura e a gestão de recursos hídricos, permaneçam atentos às atualizações sobre o desenvolvimento de La Niña e seus potenciais impactos no Brasil nos próximos meses. Fonte: Meteored. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.