13/Aug/2024
A China foi machucada por sua guerra comercial com os Estados Unidos sob o presidente Donald Trump, mas finalmente se recuperou. Se Trump ganhar a eleição em novembro, o segundo round será muito mais difícil. O candidato republicano disse que aumentaria as tarifas sobre as importações chinesas para 60% ou mais se vencer a eleição presidencial deste ano. O dano econômico à China seria muito maior do que no primeiro mandato de Trump porque as tarifas seriam maiores e a economia da China é muito mais vulnerável. Segundo a BCA Research, Trump colocará seu cotovelo na economia chinesa enquanto ela desinfla. A guerra comercial eclodiu em 2018 quando Trump colocou tarifas de até 25% sobre US$ 350 bilhões em importações da China (65% do total de 2018) incluindo painéis solares, máquinas de lavar, aço e alumínio. A China retaliou com tarifas próprias sobre produtos dos Estados Unidos. A maioria dos economistas diz que a China levou a pior nessa briga comercial, mas o efeito não durou.
Suas exportações se recuperaram fortemente durante a pandemia, enquanto consumidores em lockdown no Ocidente se empanturravam de eletrônicos de consumo e outros confortos domésticos. Desde então, os exportadores chineses encontraram novos mercados, auxiliados pelo apoio estatal e preços baixos. O superávit da China no comércio de bens atingiu um recorde mensal em junho de quase US$ 100 bilhões, impulsionado pelas exportações para a União Europeia e sudeste da Ásia. O aumento das exportações é um ponto positivo para uma economia que, de outra forma, estaria em dificuldades. Uma crise imobiliária épica está agora em seu terceiro ano. Queimados pelo colapso imobiliário e pelo trauma persistente da pandemia, os consumidores chineses estão mantendo um controle rígido sobre suas carteiras. As finanças do governo local estão sob forte pressão, e a confiança do setor privado está em crise. Essa dependência da manufatura e das exportações deixa a China muito mais sensível a uma escalada na guerra comercial Estados Unidos-China.
A Pictet Asset Management estima que se uma presidência de Kamala Harris mantivesse a política tarifária mais seletiva do governo Biden, isso poderia reduzir talvez 0,03% do crescimento econômico chinês no ano que vem. Aumente as tarifas para 60% sobre todos os produtos chineses, como Trump propôs, e o impacto seria muito maior, talvez 1,4%, o que, em suas previsões, reduziria o crescimento em 2025 para cerca de 3,4%, de 4,8% esperados. O UBS estima que tarifas de 60% sobre importações de produtos chineses dos Estados Unidos conteriam o crescimento do PIB em cerca de 2,5% nos 12 meses após a imposição, embora o arrasto possa ser de apenas 1,5% se a China tomar medidas compensatórias. Entre essas respostas: os formuladores de políticas chineses poderiam deixar sua moeda enfraquecer ainda mais, estender descontos fiscais e outras vantagens aos exportadores e cortar as taxas de juros.
Eles poderiam tentar forçar os Estados Unidos a reconsiderar retaliando, como aumentando as tarifas sobre produtos norte-americanos, retendo suprimentos de minerais essenciais e possivelmente vendendo ativos dos Estados Unidos, como títulos do Tesouro, de acordo com o Goldman Sachs. Estudos publicados por universidades na China e na Universidade de Stanford descobriram que a primeira rodada de tarifas de Trump não apenas reduziu as exportações, mas também reduziu os lucros corporativos, prejudicou a confiança dos negócios e do consumidor e restringiu o investimento e a contratação. Esses efeitos seriam repetidos e amplificados desta vez, já que Trump imporia tarifas sobre todas as importações chinesas. Outros países também estão aumentando as barreiras. Os lucros das empresas chinesas estão sob pressão devido à fraca demanda e ao excesso crônico de oferta. Os preços ao produtor vêm caindo há quase dois anos. Uma empresa operando com uma margem de lucro de 5% ou 6% não conseguiria engolir tarifas de 60%, afirmou a Seafarer Capital Partners, uma gestora de ativos da Califórnia (EUA) focada em mercados emergentes.
Desde 2018, a China reorientou algumas exportações para longe dos Estados Unidos e está vendendo mais para economias em desenvolvimento. Com o mercado dos Estados Unidos efetivamente fechado por uma tarifa de 60%, a China seria forçada a vender ainda mais para esses outros mercados. Mas alguns, como Índia, Brasil e México, agora estão resistindo às importações chinesas por preocupação com empregos e indústrias nacionais. Se a China for basicamente bloqueada do mercado dos Estados Unidos, eles terão que empurrar seus produtos ainda mais para outros destinos. E outros destinos podem não tolerar isso, afirmou a Oxford Economics. A China poderia apaziguar tais tensões construindo fábricas no exterior para atender mercados locais. Mas, a liderança da China tem sentimentos mistos sobre a expansão no exterior, dado que isso potencialmente significa menor emprego na indústria em casa. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.