02/Aug/2024
De acordo com relatório lançado nesta quinta-feira (1º/08) pela Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal), que examina dados de 2023, os investimentos estrangeiros em empresas da América Latina e Caribe alcançaram US$ 115 bilhões em valores anunciados, mostrando uma melhora das perspectivas ao fluxo de capital internacional em setores produtivos da região. Frente a 2022, quando os anúncios ficaram em US$ 99 bilhões, os investimentos anunciados na região cresceram 16%. Como reflexo da transição energética, o estudo revela uma mudança no ranking dos setores que mais recebem investimentos. O setor de energia renovável, onde foram anunciados 79 projetos, num total de US$ 25,7 bilhões, passou a capturar praticamente um quarto (26%) dos investimentos totais. Ultrapassou, assim, os investimentos na produção de combustíveis fósseis (carvão, petróleo e gás), cuja participação nos anúncios totais feitos por estrangeiros recuou, em um ano, de 21% para 12%.
Os valores se referem a investimentos feitos diretamente nas empresas, e não em ações negociadas por sócios na bolsa de valores. Os investimentos diretos podem ser compras de participações de no mínimo 10% do capital de empresas ou transferências de dinheiro entre companhias de um mesmo grupo, as chamadas operações intercompany. Isso acontece, por exemplo, quando uma matriz envia dinheiro para uma filial de outro país. Embora os anúncios indiquem intenção, eles não garantem que os investimentos serão concretizados. Conforme o estudo, o crescimento do valor dos investimentos, a despeito da queda de 7% no número de projetos anunciados (1,3 mil em 2023 contra 1,4 mil no ano anterior) se deve à maior quantidade de megaprojetos na região, em especial nos setores de energia, metais, minerais e automóveis.
Apenas os 15 maiores projetos somam mais de US$ 47,8 bilhões, ou 40% do total anunciado no ano passado. Brasil e México, que respondem por mais da metade dos investimentos feitos por estrangeiros na região, mais Chile e Uruguai são os países que mais atraem dinheiro de fora dentre as economias da América Latina e Caribe. O Brasil, onde o montante dos investimentos anunciados mais do que dobrou (crescimento de 109%), e o Chile, onde quase quadruplicaram (alta de 290%), foram os países que mais contribuíram ao crescimento total em 2023. O salto no Brasil é atribuído, principalmente, a projetos no setor de petróleo, que vai receber 32% dos investimentos que foram anunciados por estrangeiros no ano passado. O destaque é o projeto de US$ 9 bilhões anunciado pela norueguesa Equinor, junto com a Petrobras, para a extração de petróleo e gás do pré-sal.
Em meio a conflitos geopolíticos e juros mais altos, os investimentos estrangeiros caíram em quase todas as regiões do mundo, inclusive na América Latina e Caribe, onde os ingressos, de US$ 184,3 bilhões no ano passado, ficaram 9,9% abaixo da cifra registrada em 2022. Apesar disso, a região foi destino de 14% do total investido no mundo, mais do que a participação média na década de 2010 (11%). O México, apesar da queda de 22% nos investimentos anunciados, segue como um dos mercados mais bem posicionados para aproveitar as oportunidades da relocalização das cadeias de produção. Em razão não só da proximidade, mas também do acordo de livre comércio sólido com Estados Unidos, o México beneficia-se do nearshoring, isto é, o deslocamento da produção a países geograficamente mais próximos das grandes economias Ocidentais. Sinal disso está nos expressivos ingressos de investimento na indústria mexicana.
Liderados pela indústria de equipamentos de transporte, incluindo montadoras de carros da China, os investimentos estrangeiros em manufatura no México cresceram 29% em 2023, chegando, com o segundo ano consecutivo de alta, ao maior valor desde 2016. Vai para o México praticamente metade dos investimentos estrangeiros em manufatura da América Latina e Caribe. Há pouca dúvida de que isso pode estar relacionado ao nearshoring e não há dúvida de que o México é um dos países mais bem posicionados para aproveitar a enorme oportunidade que está se apresentando. Sobre a situação da Venezuela, não se espera que uma nova onda migratória possa comprometer o interesse dos investidores na região. Não há razão para estabelecer um vínculo entre onda migratória e redução de investimentos. Os setores de energia, metais e automóveis seguirão dando motivos para a entrada de investidores estrangeiros na região, independentemente do que acontecer na Venezuela. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.