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31/Jul/2024

Índice de Preços ao Produtor: alimentos avançando

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o setor de alimentos experimentou uma alta de 1,48% no Índice de Preços ao Produtor (IPP) de junho. Esta foi a terceira alta mensal seguida dos alimentos no índice, e a mais alta das três. Em termos de influência, respondendo por 1,10% da variação de 1,48% dos alimentos em maio ante junho, os produtos de maior destaque são o óleo de soja em bruto, mesmo degomado; açúcar VHP (very high polarization); carnes e miudezas de aves congeladas e café torrado e moído.

O aumento de preços de "óleo de soja em bruto, mesmo degomado" está ligado tanto à variação positiva do preço da soja na esteira da depreciação do Real e, tão logo, aumento da demanda externa, como à pressão de demanda exercida pelos biocombustíveis, que usam o óleo como matéria-prima. Mesmo com o avanço da safra da cana-de-açúcar, os preços do açúcar VHP avançaram, em boa medida devido à depreciação de 5,0% do Real frente ao dólar no período.

O aumento do preço do café, em que pese o período de colheita, responde a incertezas do mercado mundial, particularmente em torno da capacidade produtiva do Vietnã, exportador de relevo do produto, além de, novamente, a depreciação do Real frente ao dólar. No caso de "carnes e miudezas de aves congeladas", a demanda externa, associada à depreciação do Real, está por trás do avanço observado. Na comparação entre junho e maio, apenas dois grupos evoluíram acima da média de 1,48% dos alimentos: "fabricação de óleos e gorduras vegetais e animais" (2,86%) e "torrefação e moagem de café" (7,90%).

Pela primeira vez em 2024, o IPP acumulado do ano para os alimentos passou ao campo positivo, 1,12%. Em junho de 2023, a variação acumulada no ano era negativa em 4,99%. O índice também passou para o campo positivo no acumulado em 12 meses, que está em 3,46% para alimentos. Isso não acontecia desde março de 2023, quando essa taxa de 12 meses era de 1,11%. Com a alta mais destacada na passagem de maio para junho, de 3,93%, o IPP de "outros produtos químicos" teve como protagonista os fertilizantes.

A demanda brasileira por fertilizantes esteve aquecida em junho, num movimento de planejamento para o plantio das principais culturas do País, esperado para o terço final do ano. Com relação aos fertilizantes, com oferta estável no mercado internacional, câmbio depreciado no ano e pressões de custos na produção global, o resultado foi uma alta de preços percebida no mercado doméstico, tanto para os macronutrientes como para seus derivados, com destaque para a família dos fosfatados. Ainda no grupo de outros químicos, resinas e elastômeros e defensivos agrícolas também registraram maiores preços em junho quando comparado a maio.

O refino de petróleo e biocombustíveis registrou avanço de 0,13% em junho ante maio. Esta é a quinta variação positiva mensal seguida. Mas, o acumulado no ano permanece no campo negativo (-2,09%). O acumulado em 12 meses, pelo segundo mês seguido, está no campo positivo (8,01%), a maior variação nessa comparação desde dezembro de 2022 (11,04%). Os dois produtos de maior peso na cesta do setor, "gasolina, exceto para aviação" e "óleo diesel", não tiveram grande variação de preço ou influência no índice de junho. Já as naftas surgem como destaque de variação negativa, mas com pouca influência, e "álcool etílico (anidro ou hidratado)" teve variação de preço positiva.

A natureza do índice de junho (1,28%) e seu acumulado no ano (2,58%) indicam o fim de um período de dominância do ciclo das commodities sobre a inflação industrial brasileira. Comparando o acumulado no ano com o percebido ao final do primeiro semestre de anos anteriores, uma inflação industrial de 10,12% em junho de 2022 e deflação de 6,46% em 2023. Para o índice de junho, a depreciação cambial corrente. A taxa Real-dólar avançou 5% no mês, uma variação de magnitude decisiva para aumentar o montante recebido em reais pelos exportadores brasileiros.

Entre as 24 atividades industriais investigadas pela pesquisa, 19 apresentaram variações positivas de preço em junho frente ao mês anterior. A título de comparação, 15 atividades haviam apresentado maiores preços médios em maio nesse mesmo indicador. Em junho, as quatro variações mais intensas foram em outros produtos químicos (3,93%); outros equipamentos de transporte (3,67%); metalurgia (2,99%); e fumo (2,83%). Mas, foi o preço dos alimentos que mais pesou, com alta de 1,48% e influência de 0,36% no índice geral (1,28%).

O destaque vai para a alta do óleo bruto de soja, com demanda aquecida tanto na esfera internacional, quanto doméstica. A demanda para produção de biodiesel esteve em alta na Ásia, ao passo que o preço para venda no Brasil ainda se ajusta frente à concorrência das cadeias derivadas domésticas. Além do óleo bruto de soja, puxaram a alta dos alimentos o "açúcar VHP (very high polarization)"; as "carnes e miudezas de aves congeladas" e o "café torrado e moído". Os quatro produtos responderam por 1,10% da variação de 1,48% dos alimentos em junho ante maio. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.