29/Jul/2024
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que há interesse comum de Brasil e Estados Unidos em envolver o setor privado para estimular investimentos em matriz limpa de energia. No contexto atual, de tensões geopolíticas, a aproximação com os Estados Unidos é fundamental. Os dois países compartilham esforços para dar mais destaque às questões climáticas. A secretária do Tesouro americano, Janet Yellen, informou que os dois países estão anunciando em conjunto uma parceria para o clima e disse que os objetivos são ambiciosos. O tema clima deve ser levado para o topo das discussões internacionais pelo Brasil. Haddad e Yellen participaram, na sexta-feira (26/07), do último dia de reuniões da trilha financeira do grupo das 20 maiores economias do globo (G20), no Rio de Janeiro.
Em uma troca de afagos diplomáticos, Haddad afirmou que Janet Yellen vem dando demonstrações de apreço pelo Brasil, o que seria recíproco por parte do governo brasileiro. A agenda com os Estados Unidos é ampla e pode integrar mais o continente. A intenção é que os dois países fiquem mais próximos e dar exemplo de cooperação internacional. Em que pese a convergência sobre assuntos climáticos entre os governos Lula e Biden, em outros temas em discussão no G20, como uma eventual tributação internacional de super ricos, os dois países divergem sobre a formalização de um acordo internacional, o que Yellen definiu como ainda “desnecessário ou indesejado”. O Brasil chegou a sugerir taxar grandes fortunas em 2% e direcionar parte dessa arrecadação global para esforços de combate às mudanças climáticas, sobretudo em países pobres, o que não deve ir à frente.
Janet Yellen afirmou que desde o início do governo Biden os Estados Unidos vêm buscando maior aproximação e cooperação com o Brasil. Ela enfatizou que os dois países têm agendas complementares, com as quais ambos devem ganhar muito. A ideia é trabalhar juntos multilateralmente e bilateralmente. Para enfatizar a importância do tema da mudança climática, debatido no encontro ministerial do G20, Yellen citou a tragédia das enchentes no Rio Grande do Sul e ações dos dois países para mitigar as mudanças climáticas. De acordo com Yellen, o Ministério da Fazenda brasileiro e o Tesouro norte-americano estão fazendo a sua lição de casa. Ela agradeceu Haddad sobre colaboração atual e futura. Os governos dos dois países divulgaram um comunicado conjunto sobre clima.
Fazenda e Tesouro renovam sua intenção de trabalharem juntos, bilateralmente e multilateralmente, não apenas para envidar soluções para os desafios ambientais mais urgentes, mas também para aprimorar a coordenação e a integração, regional e nacional, das economias sustentáveis e resilientes por meio dessa nova parceria. A Parceria pelo Clima contará com quatro pilares: cadeias de suprimento de energia limpa; mercados de carbonos de alta integridade; finanças da natureza e da biodiversidade; e fundos climáticos multilaterais. O acordo ajudará a desenvolver políticas e liderará reformas em instituições internacionais em que ambos os países são partes interessadas, com o objetivo de tornar os capitais público e privado mais eficientes e que sejam efetivamente empregados para enfrentar os desafios climáticos mais urgentes, incluindo tecnologias para produção de energia limpa, cadeias de valor resilientes, mercados de carbono íntegros e conservação de florestas e da biodiversidade.
A intenção é alavancar o trabalho bilateral nos fóruns multilaterais tais quais o G20, Reuniões Anuais do Banco Mundial e do Fundo Monetário Internacional (FMI); e em outras instituições financeiras internacionais bem como na Coalizão dos Ministros de Finanças para Ação Climática e as conferências anuais das partes em acordos ambientais multilaterais e seus mecanismos financeiros", trouxe o documento. A quarta e última reunião financeira da atual edição do G20 ocorrerá em Washington (EUA). O intuito da aproximação é o de desenhar a direção estratégica do Fundos de Investimento Climático (CIF), ao apoiar o lançamento de seu Mecanismo de Mercado de Capitais, que financiará novos planos de investimento em áreas críticas para o emprego de tecnologias limpas. Em paralelo, Fazenda e Tesouro estão explorando oportunidades, incluindo para o Brasil, da Janela Futura do Fundo de Tecnologia Limpa do CIF, apoiada por um empréstimo de US$ 568 milhões feito pelos Estados Unidos em 2023.
Avançar-se-ão a descarbonização da indústria e investimentos em energia limpa alinhadas com as prioridades nacionais. Há uma menção às enchentes no Rio Grande do Sul, em abril, e que tiveram um "impacto devastador". O reconhecimento das graves crises ambiental e climática enfrentadas por todas as nações, é parte da motivação da ação conjunta para endereçar a mudança climática e para endossar as oportunidades que tal enfrentamento apresenta para apoiar transições justas e o desenvolvimento econômico. Desde o ano passado, o Departamento do Tesouro norte-americano e o Ministério da Fazenda do Brasil (Fazenda) têm implementado medidas sem precedentes para alinhar suas instituições às melhores políticas ambientais e climáticas. Oficiais sêniores de ambas as instituições se reuniram em diversas ocasiões, unidos por um compromisso comum em fazer avançar o desenvolvimento econômico inclusivo, que preserve o ambiente, promova integração regional e faça avançar os valores democráticos e de justiça social. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.