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26/Jul/2024

G20: mudanças climáticas e financiamento global

A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, reiterou a cobrança para que os países ricos liderem a corrida do enfrentamento às mudanças climáticas, com mudanças no modelo de desenvolvimento e ajuda financeira a países de renda média baixa, mas reiterou que a tarefa é comum a todas as nações. Segundo a ministra, de sua parte, o Brasil tem como obrigação liderar essa discussão, o que tem feito na presidência temporária do G20. Os países ricos devem liderar a corrida em mudanças do modelo de desenvolvimento. Mas todos têm responsabilidade. É preciso olhar para aqueles que contribuíram menos para o problema, mas têm as comunidades mais afetadas". A ministra discursou na abertura do evento "COP28-G20 Brazil Finance Track Event: Tornando o financiamento sustentável disponível e acessível".

Marina reclamou que o mundo segue gastando de US$ 4 trilhões a US$ 6 trilhões anuais com finalidades contrárias àquelas que se quer alcançar e se mostra incapaz de alocar US$ 100 bilhões no fundo para ajudar no enfrentamento a mudanças climáticas e na transição energética de países de renda média baixa que foi acordado durante a COP28, nos Emirados Árabes Unidos no fim de 2023. A ministra criticava, indiretamente, os gastos globais com armamentos, por exemplo. Marina lembrou o papel do G20 nisso, uma vez que o bloco reúne 80% dos recursos financeiros do planeta e, ao mesmo tempo, é responsável por 80% das emissões de carbono globais. Ao citar a crise climática em curso, ela citou as enchentes no Rio Grande do Sul, os incêndios no Pantanal e a seca que afeta os rios Solimões e Madeira, levando problemas no abastecimento das regiões banhadas por ambos. Segundo a ministra, já passou o tempo de ficar cobrando uns dos outros quem faz mais e quem faz menos.

É o momento de ouvir o que a ciência e o bom senso cobram de cada um, de olhar para uma transição justa e responsável. Os países em desenvolvimento precisam de ajuda e países desenvolvidos devem liderar essa corrida. Esforços locais, conforme pregado na Rio92, devem se converter em esforços globais, o que passa por maior financiamento. Não serão apenas recursos públicos. É preciso esforços para que recursos públicos possam catalisar os recursos privados. O governo brasileiro espera estar com o fundo global para financiar a conservação de florestas tropicais ativo durante a COP30, que será realizada em novembro do ano que vem, em Belém, no Pará. O fundo será lançado na COP29. O governo brasileiro apresentou a proposta do Fundo para as Florestas Tropicais para Sempre (TFFF) em dezembro do ano passado, durante a COP28, que foi realizada em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos. Na ocasião, se falava que o instrumento buscaria US$ 250 bilhões, mas agora já se fala de cifras de até US$ 500 bilhões com a possibilidade de se direcionar a taxação de super-ricos especificamente para esse fundo.

Seriam beneficiados cerca de 80 países por meio de pagamentos fixos anuais para cada hectare de floresta que permaneça de pé. O Brasil lidera essa iniciativa. Geralmente há recursos para diminuir o desmatamento de florestas, mas quem tem não recebe nada para preservá-la. A COP29, que ocorrerá em Baku, capital do Azerbaijão, será importante na avaliação da ministra. Para o Meio Ambiente, se não tiver os necessários meios de implementação a partir da COP29, os esforços podem ser comprometidos porque são metas ambiciosas, mas os países em desenvolvimento de renda baixa e os de renda baixa não têm como fazer se não tiverem os recursos. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, aproveitou a oportunidade para defender uma reforma nos organismos multilaterais. Desta vez, ele citou a importância dessas instituições no financiamento das ações para mitigar as mudanças climáticas. Um dos pilares é o fortalecimento de instituições financeiras de desenvolvimento.

Além disso, o ministro salientou que engajar o setor privado nessa captação de recursos é essencial. O G20 e a COP ressoarão globalmente e serão legados para futuras gerações. Mobilizar financiamento massivo para desafios climáticos é tema não só oportuno, mas crucial. Este é um dos desafios mais urgentes dos tempos atuais. O ministro citou a tragédia no Rio Grande do Sul. Haddad comentou que o Plano de Transformação Ecológica é o compromisso do governo brasileiro para o cumprimento dos objetivos do Acordo de Paris. Mas, a mudança climática é desafio global e requer resposta global. O ministro também acredita que é importante que outros países adotem em conjunto novos mecanismo de hedge cambial, como faz o Brasil atualmente com o EcoInvest, pois essas ferramentas tendem a aumentar a atração de financiamentos para projetos sustentáveis. Os esforços não são apenas para mitigar riscos climáticos, também é possível ir atrás de oportunidades. O Brasil, conforme o ministro, se une ao quadro global de financiamento climático. É preciso tornar o financiamento climático mais disponível e acessível a todos. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.