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26/Jul/2024

Cenário de desglobalização pode favorecer o Brasil

Há pouco tempo, o fenômeno da globalização parecia irreversível no comércio internacional. Fatores como a pandemia de Covid-19, a guerra na Ucrânia e a escalada de tensões entre Estados Unidos e China, porém, trouxeram desafios que colocaram em xeque o modelo de produção descentralizada. Hoje, diversos novos elementos apontam para um cenário de desglobalização, com a busca de novas rotas comerciais tendo como base não a produtividade, mas as relações entre os países e a segurança nas cadeias de produção. Segundo o Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC), a América Latina ficou de fora das cadeias globais. Não se integrou o suficiente para ganhar no comércio. Quem ganhou com isso foram os países asiáticos. Quando chegou a crise de 2008, antes mesmo da Covid-19, começou a ter indícios de que os países começam a se voltar para políticas de fortalecimento das suas cadeias produtivas.

O grande risco veio com a pandemia e a dependência enorme de insumos da China. A partir daí, os países começaram a usar vários mecanismos de incentivo para trazer as indústrias de volta, em várias áreas. Os embargos das principais potências do Ocidente à Rússia, por exemplo, fizeram com que a corrente de comércio do país com o Brasil aumentasse em 170% de 2020 para cá. Um estudo da consultoria Roland Berger, com base em números do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), por sua vez, estima que a atração de empresas para o Brasil por meio do chamado nearshoring, ou produção mais próxima, pode adicionar US$ 8 bilhões (R$ 45 bilhões) ao ano em exportação. O Brasil precisa buscar hoje um processo de retomada da política industrial. É isso que o governo do presidente Lula, com o vice-presidente e ministro Geraldo Alckmin, vem fazendo com a Nova Indústria Brasil. Observando os dados da balança comercial, toda vez que o Brasil cresce, há um aumento das importações.

Porque o País tem deficiência na nossa estrutura produtiva. A desindustrialização é um fato concreto. O desafio do País hoje é repensar sua política industrial. O Brasil, depois dos anos 1950, começou a política de substituição de importações. E tentou, durante muitos anos, criar uma base industrial. O grande problema é que essa continuidade gerou ineficiência. Até pela necessidade de uma integração na cadeia global de valor, da qual o Brasil não participou ativamente, assim como outros países latino-americanos também não. Os especialistas veem um cenário de oportunidade global para o Brasil na questão da transição energética. O Brasil tem abertura tanto na Europa como nos Estados Unidos e na China. Não há nenhum país no mundo tão competitivo como o Brasil nisso. É preciso atrair esses investimentos, mas existe um risco: se não houver cuidado de esse ser um processo de internalização de cadeia produtiva, o País tem um sério risco apenas de produzir para servir países sem se desenvolver, importando todo o maquinário. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.