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25/Jul/2024

FAO: Brasil apresenta melhora no Mapa da Fome

Segundo relatório da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) divulgado nesta quarta-feira (24/07), um total de 8,4 milhões de brasileiros ainda passam fome. No total, quase 1/5 da população brasileira não teve acesso adequado à alimentação nos últimos três anos. O resultado apresenta melhora ante a medição anterior, mas mantém o País no Mapa da Fome global. Divulgado anualmente, o relatório "O Estado da Segurança Alimentar e Nutricional no Mundo" mostra que, no triênio compreendido entre 2021 e o ano passado, 3,9% da população brasileira apresentou desnutrição crônica. A ONU considera que um país integra o Mapa da Fome quando esse índice é igual ou superior a 2,5% do total da população. O resultado é um pouco melhor do que o apresentado no relatório do ano passado, com recuo de 0,8% no índice total de famintos no Brasil. Na comparação com o relatório anterior, 1,7 milhão de brasileiros deixaram de sofrer de desnutrição crônica, equivalente a um terço do necessário para que o País saia do Mapa da Fome.

A FAO pondera, porém, que atualiza sua base de dados a partir das informações divulgadas por cada país e a forma como esses números são apresentados podem variar de um ano para outro. No caso do Brasil, os dados divulgados nesta quarta-feira (24/07) podem incluir informações trazidos pelo Censo 2022, cujo total de habitantes se mostrou inferior às estimativas que eram feitas a partir do Censo 2010 e que podem ter servido de base para relatórios anteriores. Além dos 8,4 milhões que enfrentam desnutrição crônica, o Brasil teve ao longo do último triênio 39,7 milhões de habitantes com insegurança alimentar moderada ou grave. A insegurança moderada é aquela em que a pessoa tem dificuldade em ter acesso a uma alimentação adequada, o que faz com que em determinado período acabe comendo menos, ou com menor qualidade. A insegurança grave é quando falta efetivamente comida por um dia ou mais.

Em abril, um estudo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) a partir de dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADC) apontou que um em cada quatro brasileiros teve algum grau de insegurança alimentar no ano passado. O levantamento incluiu também os casos em que a insegurança era considerada leve, quando há incerteza sobre o acesso à comida no futuro. O ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, Wellington Dias, afirmou que o número de brasileiros em condição de fome severa caiu de 17,2 milhões para 2,5 milhões em 2023 na comparação com 2022. Trata-se de uma queda de 85,4% no dado. A estatística foi retirada da base de dados da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO/ONU) e individualizada para o ano de 2023, porque a FAO só trabalha com dados trienais.

O ministro falou em evento que marcou o lançamento do relatório “O Estado da Segurança Alimentar e da Nutrição no Mundo (SOFI), realizado em paralelo às reuniões ministeriais do G20 no Rio de Janeiro. Relativamente ao total da população, no período, o contingente nessa situação foi reduzido de 8% para 1,2%. Dias atribuiu a redução da fome à retomada e reintegração, pelo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, de mais de 80 programas sociais que teriam sido desvirtuados, esvaziados ou interrompidos sob o governo anterior. O ministro dedicou boa parte do seu discurso, na presença de representantes de organismos multilaterais e autoridades estrangeiras, a um histórico recente do Brasil, no que atribuiu ao governo anterior a desconstrução do sistema de proteção social e ataques à democracia. O Brasil tinha saído do mapa da fome em 2014, sob a liderança dos presidentes Lula e Dilma, e sustentou essa posição até 2018. Mas, de 2019 até 2022, vinha em tendência de aumento da pobreza, extrema pobreza e da desnutrição.

Isso aconteceu devido a um grande retrocesso que comprometeu programas sociais estabelecidos, desvirtuando seus propósitos e colocando-os a serviço de fins eleitoreiros. O Brasil viu desconstruírem seu sistema de proteção social e a própria democracia brasileira entrou em risco. Esse projeto não triunfou. Mas, a população não passou incólume. Ele apontou a reversão dessa trajetória sob Lula e destacou não só a retomada dos programas sociais, como citou uma política de busca por crescimento econômico, promoção do emprego decente e valorização do salário-mínimo. Dias afirmou que o Brasil sabe como combater a fome e a pobreza, o que requer disposição política, e prometeu que o País vai sair do mapa da fome ainda neste mandato do presidente Lula. Ao comentar o relatório global, Dias disse que o cenário é de desalento, com manutenção das altas taxas de fome e insegurança alimentar mesmo após o fim da pandemia de Covid-19, mas disse que há bons sinais de reação, sobretudo na América Latina, além de alguma melhora na África, que segue como região mais afetada.

A FAO afirmou que o Brasil fez progresso formidável, diminuindo percentual dos que estão com fome em 2023, parabenizou o presidente Lula e afirmou que o Brasil levou tema da fome a nível mais alto no mundo. O pré-lançamento da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, plataforma que vai ligar regiões necessitadas a países e entidades que se propõem a financiar projetos locais, endossa a arquitetura de criação do mecanismo e abre para adesões. O lançamento formal acontecerá na Cúpula do G20, em novembro. O presidente do Banco Mundial, Ajay Banga, afirmou que, com o presidente Lula, há potencial para que a pobreza no Brasil seja reduzida, citando ainda o potencial da Embrapa no combate contra a fome. O executivo frisou a necessidade de sistemas de financiamento e incentivos à agricultura para avançar no objetivo. Para atingir essa meta, é preciso garantir uma série de sistemas de financiamento. O trabalho para derrotar a fome tem uma causa raiz, que é a pobreza.

Apenas uma parte pequena de terra arável é usada na África do Sul e na Ásia. O presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Ilan Goldfajn, por sua vez, afirmou que o Brasil coloca o combate à fome no centro da agenda global e que a entidade vai apoiar a América Latina a erradicar a fome até 2030. Para isso, está investindo coletivamente, anualmente 1,6% do PIB da região. A África também poderá atingir os objetivos até 2030. O BID se comprometeu a garantir que mais de 50% de todos os projetos beneficiem mulheres, pobres e afrodescendentes, os mais afetados pela fome e pobreza. O ministro Wellington Dias, do Desenvolvimento, sublinhou que a pobreza extrema, após cair por décadas, passou a aumentar a partir de 2019. Desde 2020, a desigualdade entre os países voltou a aumentar, revertendo o esforço de toda uma geração. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.