ANÁLISES

AGRO


SOJA


MILHO


ARROZ


ALGODÃO


TRIGO


FEIJÃO


CANA


CAFÉ


CARNES


FLV


INSUMOS

25/Jul/2024

G20: insegurança alimentar global em alto patamar

Segundo Qu Dongyu, diretor geral da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO/ONU), a insegurança alimentar se manteve em nível muito alto nos últimos três anos (2021-2023). A necessidade de financiamento para combater a fome é da ordem de trilhões de dólares. Qu Dongyu discursou no evento "O Estado da Segurança Alimentar e Nutrição no Mundo", realizado em paralelo às reuniões do G20 no Rio de Janeiro. O Brasil saiu do mapa da fome em 2014 e retornou em 2022, conforme a ONU. Houve insegurança alimentar em nível muito alto por três anos consecutivos. Mais de 700 milhões de pessoas em todo o mundo encararam a fome em 2023, e mais 2,3 bilhões passavam por insegurança alimentar. Há uma projeção de que 580 milhões de pessoas ainda passarão fome até 2030. O evento marcou o lançamento do relatório "O Estado da Segurança Alimentar e da Nutrição no Mundo (SOFI)". Conforme o estudo, cerca de 733 milhões de pessoas passaram fome em 2023, o equivalente a 1 em cada 11 pessoas no mundo e 1em cada 5 na África.

A fome diminuiu durante dois anos consecutivos no sul da Ásia e na América do Sul. No Sul da Ásia, 44 milhões de pessoas conseguiram melhorar em relação a 2021. Mas, na África, a fome está crescendo desde 2015 e 58% passam por insegurança alimentar. É preciso pensar em aspectos econômicos e nas guerras. A pandemia piorou a situação em regiões críticas. É preciso serviços financeiros adequados para combater a fome. Ele pediu a todos os parceiros que apoiem esses países com financiamento. Sem o setor privado não será possível avançar no combate à fome e desnutrição O relatório da FAO adverte que o mundo está "falhando gravemente" em alcançar o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) 2, Fome Zero, até 2030. E mostra que o mundo retrocedeu 15 anos, com níveis de desnutrição comparáveis aos de 2008-2009.

Houve progresso em algumas áreas específicas, como atraso no crescimento infantil e amamentação exclusiva, mas um número alarmante de pessoas continua a enfrentar insegurança alimentar e má nutrição, já que os níveis globais de fome estagnaram por três anos consecutivos, com entre 713 e 757 milhões de pessoas desnutridas em 2023, aproximadamente 152 milhões a mais do que em 2019, considerando-se a faixa intermediária (733 milhões). Mesmo dois anos após pandemia de Covid-19, a fome global permanece em nível superior aos anos anteriores, e a insegurança alimentar permanece alta entre as mulheres, afirmou Máximo Torero Cullen, economista-chefe da FAO. A anemia entre as mulheres aumentou e a obesidade é um novo desafio, que terá um custo muito grande para as sociedades, afetando as finanças, pois será necessário gastar muito mais. Conforme o relatório, novas estimativas de obesidade adulta apresentaram um crescimento constante na última década, de 12,1% (2012) para 15,8% (2022).

As projeções indicam que até 2030, o mundo terá mais de 1,2 bilhão de adultos obesos. A falta de acesso econômico a dietas saudáveis também continua sendo um problema crítico, que afeta mais de um terço da população global. O executivo alertou que 71% das pessoas não conseguem atingir uma dieta saudável nos países de baixa renda. Enquanto isso, o índice é de 6,3% nas nações de alta renda. A alimentação está muito cara. O economista frisou ainda que a pandemia trouxe retrocesso de 15 anos no combate à fome mundial, num cenário em que os alimentos ficaram mais caros, com a recuperação econômica avançando menos que os preços nas regiões mais necessitadas, na direção oposta ao que aconteceu em países mais ricos. Com isso, 720 milhões de pessoas ainda estarão com fome em 2030. A FAO não esperava por este resultado. Para acabar com a fome é preciso ter financiamento, investimento e escala. A diretora executiva do Programa Mundial de Alimentos da Organização das Nações Unidas (WFP/ONU), Cindy McCain, afirmou que falta comprometimento de governos ao redor do mundo no combate à fome.

A fome continua a perseguir as mesmas famílias e comunidades no mundo. O relatório sobre a fome global no triênio 2021-2023 mostra que o acesso a alimentos adequados continua "inatingível" para bilhões de pessoas. Em 2023, cerca de 2,33 bilhões de indivíduos no mundo enfrentaram insegurança alimentar moderada ou grave, número que não mudou significativamente desde a alta verificada em 2020, na esteira da pandemia da Covid-19. Mais de 864 milhões de pessoas experimentaram insegurança alimentar grave, ficando sem comida por um dia inteiro ou mais. O maior desafio segue sendo a África, onde 58% da população enfrenta insegurança alimentar. O mundo tem as tecnologias e os conhecimentos para acabar com a insegurança alimentar, mas precisa urgentemente de fundos para investir em larga escala. O aumento do financiamento à pequena agricultura em países em situação crítica é uma bandeira das Nações Unidas. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.