24/Jul/2024
Após o recuo da véspera, o dólar voltou a subir ante o Real nesta terça-feira (23/07), se aproximando novamente dos R$ 5,60, com a moeda brasileira sendo penalizada pela fuga global de ativos de emergentes, enquanto no Brasil investidores seguem cautelosos quanto à política fiscal do governo. O dólar fechou a R$ 5,58, em alta de 0,34%. Em julho, a divisa norte-americana acumula leve baixa de 0,06%. Na segunda-feira (22/07), o dólar havia cedido ante o Real, para abaixo dos R$ 5,60, em uma sessão favorável para as moedas de países emergentes como o Brasil. Nesta terça-feira (23/07), o cenário foi inverso, com moedas pares do Real, como o peso mexicano, o rand sul-africano e o peso chileno, entre as maiores perdas globais.
Por trás do movimento estavam preocupações em torno da economia da China, um dos maiores compradores globais de matérias-primas. O minério de ferro, produto importante da pauta exportadora brasileira, atingiu o menor valor em três meses. Neste cenário, o dólar atingiu a cotação máxima de R$ 5,60 (+0,69%), ainda na primeira hora de negócios. Após a moeda superar o nível técnico de R$ 5,60, porém, surgiu um fluxo de venda de dólares por parte de exportadores. Segundo a FB Capital, o dólar abriu para cima, seguindo o exterior, mas passou por um ajuste técnico depois, com exportadores aproveitando para vender moeda. Além disso, o investidor fica um pouco inibido quando a cotação bate nos R$ 5,60 e não monta tanto posição comprada (no sentido de alta da moeda).
Este movimento técnico conduziu o dólar para o território negativo, ainda que momentaneamente e a mínima foi de R$ 5,55 (-0,18%). Ao longo da sessão, no entanto, o dólar voltou a se fortalecer ante o Real, alinhando-se novamente ao movimento global. Internamente, sem que houvesse novidades, o mercado demonstrava cautela em relação à área fiscal, um dia após o governo ter divulgado o Relatório Bimestral de Receitas e Despesas. Com o documento, o governo confirmou a necessidade de congelar R$ 15 bilhões em verbas de ministérios para levar a projeção de déficit primário do governo central em 2024 a R$ 28,8 bilhões, exatamente o limite inferior da margem de tolerância da meta de déficit zero.
Segundo a Remessa Online, as economias provenientes da revisão dos benefícios fiscais se mostram tão significativas quanto o governo prevê, ou a situação pode se tornar crítica. Um déficit primário acima de R$ 28,8 bilhões, que é o limite do novo arcabouço fiscal, poderia minar a confiança no governo e causar um novo ‘overshooting’ cambial, semelhante ao ocorrido no segundo trimestre do ano. Sensível à questão fiscal e ao exterior, as taxas dos DIs (Depósitos Interfinanceiros) tiveram ganhos firmes nesta terça-feira (23/07). No exterior, o índice do dólar, que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas, subia 0,14%, a 104,450. O Banco Central vendeu todos os 12 mil contratos de swap cambial tradicional em leilão para fins de rolagem do vencimento de 2 de setembro de 2024. Fonte: Reuters. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.