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17/Jul/2024

RS: impactos das enchentes no Agro e na indústria

Segundo a Federação da Agricultura e Pecuária do Rio Grande do Sul (Farsul) e a Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (Fiergs), passados mais de dois meses das enchentes que assolaram o Rio Grande do Sul, o impacto da tragédia climática deve seguir ainda no médio e longo prazos. Os efeitos de médio e longo prazos incluem desde migração de pessoas e empresas à perda de expectativa de melhora econômica. Parte das atividades ligadas ao agronegócio, um dos segmentos privados mais afetados pelas enchentes, já foi retomada, apesar de em nível ainda aquém do anterior às enchentes. Esse processo de retomada deve acontecer aos poucos, mas a preocupação é mais a médio e longo prazo. A economia do Rio Grande do Sul já tinha muitos entraves em termos logísticos e demográficos. Uma série de fatores que prejudicam a produtividade foram agravados pelas enchentes. Dados de estudos norte-americanos indicam que até 80% dos impactos da tragédia climática ocorrem no médio e longo prazos.

São urgentes medidas para reconstrução da infraestrutura e dos negócios, mas também medidas de prevenção. Apesar dos reflexos ainda duradouros sobre a economia do Estado, a expectativa é de recuperação e crescimento do agronegócio do Rio Grande do Sul. A recuperação do agro vai demorar um pouco mais do que se imaginou no início, mas, olhando o agronegócio em um prazo mais longo, haverá crescimento. Faz parte do processo de reconstrução do agronegócio continuar crescendo e investindo. A agropecuária do Estado já havia sido afetada por dois anos consecutivos de seca antes das enchentes. Foram três anos consecutivos de problemas. As perdas superaram R$ 150 bilhões em todo o ciclo, de agricultura, indústria a serviços, tudo que o Estado deixou de produzir. Entre os impactos registrados no agro decorrentes das enchentes estão alagamentos de lavouras, perdas em aviários, perdas de animais, destruição de silos.

Pelo fato de a indústria estadual estar intrinsecamente ligada à agropecuária, também teve parte das atividades afetadas e a interrupção na produção em maio e junho, com efeito na queda das exportações. A logística ainda não está totalmente restabelecida, mas muitas empresas conseguiram retomar as atividades. A recuperação do nível de normalidade não será imediata. Neste momento, a maior necessidade do agronegócio é por medidas estruturadas de crédito, com prorrogação e renegociação dos empréstimos dos agricultores. Até 15 de agosto, o pagamento das parcelas de dívidas rurais está suspenso pelo Executivo, mas o setor produtivo requer do governo o alongamento dos débitos que ainda vencerão a fim de manter a adimplência do setor e novas linhas de financiamento. Hoje, o maior problema não é o solo e sim o crédito para compra de insumos para a safra 2025, depois de três safras frustradas e alto nível de alavancagem. É preciso o alongamento dos empréstimos, o que está demorando muito.

No setor industrial, as maiores urgências neste momento são medidas de apoio à manutenção dos empregos, anistia de tributos, flexibilização de garantias e mais recursos para o financiamento das empresas, além da reconstrução da infraestrutura do Estado. Medidas semelhantes às feitas na pandemia no campo trabalhista, tributário e de crédito resolveriam o problema. Tudo que foi anunciado pelo governo até agora foi insuficiente. Ainda há dificuldades no acesso pelas indústrias às linhas de crédito já liberadas. Entre as incertezas que permeiam o agronegócio do Estado está a safra de grãos 2024/2025. Ainda dá tempo de o Rio Grande do Sul ter uma boa safra, mas se o governo não der as respostas como se espera, provavelmente será uma safra não com o mesmo nível de tecnologia e com concentração da atividade. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.