09/Jul/2024
Base para a definição do risco Brasil, o cenário econômico no País se revelou ainda mais desafiador, segundo os analistas, depois que o governo decidiu empurrar para frente a promessa de executar o ajuste das contas públicas. Em abril passado, a equipe econômica reduziu as metas de resultado primário dos próximos anos. Para 2025, o alvo de superávit de 0,5% do Produto Interno Bruto (PIB) passou para 0%, o mesmo projetado para este ano, que foi mantido. A meta de 2026 também encolheu, de um superávit de 1% do PIB para 0,25%. Os alvos estabelecidos para 2027 e 2028 (já no mandato do próximo presidente) ficaram em saldos positivos de 0,50% e 1% do PIB, respectivamente. Hoje, no entanto, os analistas são céticos sobre a capacidade de o governo entregar os resultados prometidos.
Segundo a MB Associados, a percepção de risco hoje é muito clara. E ela vem da situação fiscal. Essa é a base central de toda a preocupação. Ou seja, a economia brasileira precisa retomar os superávits primários (o resultado positivo entre receitas e despesas, sem contar o gasto com juros) para conseguir estancar o endividamento, considerado elevado para uma país emergente. O grande problema apontado pelos analistas é que o Brasil só vai conseguir ter números melhores nos indicadores das contas públicas se realizar ajustes também pelo lado do gasto, uma disposição que tem sido pouca sinalizada pelas falas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Desde o início do atual mandato de Lula, a equipe econômica tem se valido de uma tentativa de acertar o rombo das finanças públicas com base no aumento de arrecadação.
É uma situação fiscal em que o presidente não sinaliza concretamente uma saída. Há uma percepção por parte do mercado de que por dois anos e meio vai continuar nessa história, com o fiscal mal encaminhado. Na semana passada, com o aumento das incertezas entre investidores e depois de seguidos avanços do dólar no mercado de câmbio, Lula mudou o tom das suas falas e afirmou que o governo tem compromisso com a responsabilidade fiscal. A declaração também veio depois de o presidente ter sido alertado por economistas de que a alta do dólar traria um impacto negativo para a inflação. No dia 3 de julho, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, fez um pronunciamento e reiterou o compromisso do governo Lula com o arcabouço fiscal. E anunciou que já foram identificados R$ 25,9 bilhões em despesas obrigatórias que deverão ser cortadas do Orçamento de 2025.
Além da parte fiscal, há outra incerteza relacionada com o futuro do Banco Central. O mandato de Roberto Campos Neto na presidência termina no fim do ano, e o governo precisará indicar um novo nome para o comando da instituição. Isso aumentou no mercado o receio de maior ingerência do governo na definição a política monetária. A percepção é de que o risco aumenta porque as soluções de curto e médio prazo não virão. A inflação vai ficar entre 4% e 4,5%, o Banco Central está sinalizando que deve manter os juros (altos) para conter as expectativas inflacionárias, tem um fiscal mal encaminhado, mas que tem a possibilidade de fazer um ajuste mais adequado no próximo governo. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.