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08/Jul/2024

América Latina e Caribe: desigualdade econômica

A Oxfam destaca a grande concentração de riqueza na América Latina e no Caribe, o que reflete a alta desigualdade econômica na região e dá a um pequeno grupo de pessoas super-ricas a capacidade de influenciar significativamente as políticas, afetando direitos da maioria e minando as democracias. Em seu relatório “EconoNOSSA: hora de uma economia para todos”, a entidade afirma que o cenário acaba por beneficiar grandes corporações e os mais ricos, prejudica garantias de emprego e prosperidade, além de afetar de modo desproporcional mulheres, jovens e as comunidades negras e indígenas. Como solução importante para esse quadro, a recomendação é por reformas tributárias nos países.

Os problemas estruturais não resolvidos da região, como a alta dependência do setor primário, a informalidade no mercado de trabalho e grandes lacunas de desigualdades, somaram-se desde 2020 aos impactos da pandemia de Covid-19, principalmente a destruição do emprego, a pressão sobre os fracos sistemas de saúde e de educação, além do baixo crescimento econômico e a elevada dívida pública. A instabilidade global elevou o custo de vida, sobretudo entre as pessoas de baixa renda, e fatores como os impactos da crise climática, o crescimento populacional e a deterioração das democracias atingiram a região. É um conjunto de acontecimentos que convergem em múltiplas crises, deteriorando as diferentes dimensões da vida e levando à projeção de um futuro insustentável.

Um destaque feito pela Oxfam, nesse contexto, é a distribuição desigual dos "danos e impactos", com a maioria da sociedade diante de uma deterioração acelerada das suas condições de vida, enquanto uma pequena elite aumenta a sua riqueza, seu poder e seus privilégios. As fortunas dos dois homens mais ricos da região cresceram 70% desde o início da pandemia e equivalem à riqueza conjunta de metade da população mais pobre da região, ou cerca de 334 milhões de pessoas. Ao final de 2023, a pobreza atingia 29,1% da população e a extrema pobreza atingia 11,4%, o que significa um retrocesso de duas décadas nos esforços regionais para reduzir a desigualdade e a pobreza.

Destaque para o fato de que, na América Latina e no Caribe, a diferença entre o que está sob controle do 1% mais rico e o que está nas mãos dos 50% mais pobres é maior que em qualquer outra região do mundo. Além disso, a região tem outros desafios significativos a enfrentar, como a crise climática e mudanças demográficas, os quais exigem investimentos financeiros consideráveis. Nesse contexto, é preciso avançar m três "prioridades mínimas" nas próximas décadas: reduzir desigualdades interseccionais, colocando as pessoas e as comunidades no centro; promover a justiça climática para contribuir para a sustentabilidade da vida; e promover políticas que fomentem a corresponsabilidade no trabalho de cuidado.

Esses avanços só podem ser obtidos com "um novo pacto social" que aprofunde a democracia. É preciso repensar os sistemas tributários, atualmente um dos principais fatores geradores e reprodutores de desigualdades. Na maioria dos países, a arrecadação é insuficiente, o que impede recursos necessários para combater a pobreza e a desigualdade, com arrecadação regressiva e ineficiente, por tributar mais os que têm menos, além de facilitar a evasão e a elisão fiscal por parte dos que concentram mais riqueza. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.