05/Jul/2024
De acordo com dados divulgados pelos Ministérios do Meio Ambiente e da Ciência e Tecnologia, coletados pelo Deter, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) o sistema de monitoramento via satélite reuniu dados entre agosto de 2023 e junho deste ano, o desmatamento na Amazônia caiu 51,1% neste ano em comparação com os registros de 2023. Esta foi a maior queda desde 2016. Ainda assim, o desmate atingiu 3.644 Km². Em contrapartida, a destruição ambiental no Cerrado cresceu 14,6% no mesmo período, atingindo 6.571 Km² de devastação. A queda do desmate na Amazônia foi puxada por Pará (47,3%), Mato Grosso (53,3%), Amazonas (55,7%) e Rondônia (66,7%). O bioma ainda registrou queda de 59,3% nos 70 municípios prioritários definidos pelo Ministério do Meio Ambiente.
A queda aconteceu em todos os Estados do bioma. É uma tendência se configurando. Mas, o Pantanal não foi o único bioma a fechar o primeiro semestre com número de queimadas acima do normal. A Amazônia registrou 13.489 focos, 62% a mais ante o mesmo período de 2023 e o pior número em 20 anos para o intervalo de janeiro a junho, segundo o Inpe. Conforme o Ibama, a alta foi puxada pelos focos em Roraima, onde a temporada de fogo, que costuma ser entre novembro e dezembro, se estendeu para janeiro e fevereiro. Roraima concentrou 34% dos registros no semestre (4.627), atrás apenas de Mato Grosso. Tem pesado os efeitos do El Niño, cuja influência no clima terminou há poucas semanas, e o aquecimento global. A Amazônia não é adaptada ao fogo e focos naturais são raros.
No bioma, a dinâmica das chamas normalmente segue o rastro do desmate, que costuma ser seguido de queimadas para limpar terrenos. Mas, em anos de seca extrema como os de El Niño, o fogo extrapola esse padrão. No ano passado, a gestão Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi alvo de críticas pela crise na Amazônia, onde a seca dos rios dificultou até o abastecimento de comida e remédios e a alta de queimadas fez cidades serem encobertas pela fumaça. Neste ano, novas falhas de prevenção do governo agravam o problema no Pantanal, que corre risco de enfrentar desastre pior do que o de 2020. Lula tem defendido a bandeira ambiental no exterior e busca usar a Cúpula do Clima (COP) das Nações Unidas em Belém, em 2025, para projetar o Brasil no debate climático.
O Ibama nega omissão do governo e diz mobilizar mais dinheiro e equipes para frear as chamas. No Pantanal, há 500 agentes federais no combate. Para a Amazônia são 1.354, mas se estuda uma ampliação. A greve dos servidores do Ibama não vai prejudicar o trabalho. De comum acordo, os servidores decidiram que a área de fogo não será afetada pela greve. Tem muitas outras áreas burocráticas do Ibama que de fato estão paradas. Além de prejudicar a fiscalização de crimes ambientais, a paralisação tem causado perdas bilionárias a diversos setores. O governo está conseguindo diminuir o desmatamento, mas o calor intenso, os períodos de seca, a fragmentação florestal e o efeito de borda estão aumentando a degradação em regiões da Amazônia. E isso leva a uma situação de áreas mais sensíveis ao fogo.
Foram empenhados R$ 84 milhões este ano em medidas de prevenção ao fogo, além de reforço de R$ 4,5 milhões recebidos no fim de junho do governo federal. O Ibama diz ainda que houve promessa de crédito extraordinário, que pode chegar a R$ 40 milhões. A recomposição orçamentária foi feita após a crise do Pantanal, pois a verba para fiscalização ambiental, prevenção e combate a incêndios havia sido reduzida de R$ 144 milhões em 2023 para R$ 106 milhões em 2024 no orçamento aprovado pelo Congresso e sancionado por Lula. Era um orçamento insuficiente e foram feitos todos os remanejamentos possíveis. Foi possível antecipar praticamente dois meses a contratação dos brigadistas e ter as aeronaves. Quando os incêndios no Pantanal começaram, O Ibama já estava lá.
Assim como o Pantanal, que sofre com a estiagem nas áreas de nascentes, a Amazônia também está mais seca em relação às médias para esta época do ano. Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, os sinais de que o problema climático se formava já eram notados em 2023. É um processo que se iniciou no 2º semestre do ano passado e perdura até agora. Deveria ter havido grandes chuvas sobre a Amazônia de dezembro a maio, mas não teve. Isso acende um alerta para o período mais seco do ano, que acabou de começar e vai até setembro. As chuvas escassas foram insuficientes para encher os grandes rios amazônicos.
Embora estejam na cheia, eles têm atualmente volumes muito inferiores aos que normalmente são registrados. É o caso do Rio Negro, que teve em junho cota máxima de 27 metros, bem abaixo das médias históricas. Isso tem ocorrido de forma generalizada nas bacias que compõem a Amazônia, principalmente nos rios da margem direita. Há preocupação com as nascentes de rios como o Madeira. Há muita matéria seca junto ao solo da floresta, tem (acúmulo de biomassa) combustível. As pessoas tentam colocar fogo para limpar o campo e aumentam a incidência de queimadas. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.