03/Jul/2024
Após ultrapassar a barreira dos R$ 5,70 durante a sessão desta terça-feira (02/07), o dólar desacelerou os ganhos em meio a rumores de que o Banco Central estaria consultando Tesourarias de bancos sobre eventual intervenção no mercado de câmbio. Ainda assim, a moeda norte-americana fechou em alta de 0,22%, cotada a R$ 5,66. Este é o maior valor de fechamento desde 10 de janeiro de 2022, quando terminou em R$ 5,67. Em 2024, a divisa já acumula elevação de 16,8%. Antes mesmo da abertura do mercado, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou, em entrevista à rádio Sociedade, de Salvador (BA), que faria "alguma coisa" em relação à alta recente do dólar ante o Real, evitando detalhar qual medida será tomada "porque senão estarei alertando meus adversários".
O presidente afirmou que há atualmente um ataque especulativo ao Real, acrescentando que discutirá o que fazer em relação à alta do dólar. Ele também voltou a criticar o Banco Central, dizendo que a autarquia não pode estar a serviço do sistema financeiro e do mercado. A fala de Lula passou a pesar sobre os negócios e as cotações do dólar ganharam força. Profissionais do mercado afirmaram que a possível intervenção do governo no câmbio gerava receios, em especial, a possibilidade do uso do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) para segurar a escalada da moeda norte-americana. Segundo a Empiricus Research, o ponto do IOF tem efeito contrário, ampliando a fuga de capital. Toda vez que o governo cogita usar o imposto, o que ocorre é a saída de capital para outros países, para paraísos fiscais.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que não há possibilidade de o governo mexer no IOF. Segundo ele, a melhor maneira de conter a desvalorização do real é melhorar a comunicação sobre o arcabouço fiscal e a autonomia do Banco Central. Apesar da negativa de Haddad sobre o IOF, o dólar ganhou força e foi renovando máximas, com profissionais citando o acionamento de ordens de stop loss (parada de perdas) em alguns pontos, o que ampliou o impulso de alta. No pico do dia, às 14h52, o dólar atingiu R$ 5,70. Segundo a Correparti Corretora, quem intervém no câmbio é o Banco Central, não o Ministério da Fazenda. O que o presidente Lula pode fazer no câmbio é tranquilizar o mercado, dizendo que vai cortar gastos. Quando o mercado acredita que o problema é de credibilidade, ações como alterar o IOF são momentâneas.
Na reta final dos negócios o dólar perdeu força e chegou a ceder ante o Real, com profissionais do mercado citando rumores de que o Banco Central estaria consultando Tesourarias de bancos para avaliar uma possível operação no câmbio. Consultas deste tipo são comuns em momentos de maior estresse, como o atual, para que o Banco Central possa medir o apetite do mercado por dólares ou por contratos de swap. A instituição vem repetindo que somente vai intervir no câmbio, promovendo novos leilões de moeda, se perceber disfuncionalidades. O índice do dólar, que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas, caía 0,15%, a 105,680. Fonte: Reuters. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.