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02/Jul/2024

Celulose: cotações deverão iniciar ciclo de queda

Os preços das principais fibras de celulose alcançaram o pico em junho e a commodity deve iniciar um ciclo de queda a partir deste segundo semestre. A combinação de fatores como o início das operações do Projeto Cerrado, da Suzano, que representa a maior fábrica de produção de celulose de fibra curta do mundo, somado a uma redução sazonal da demanda nos principais mercados do Hemisfério Norte e normalização da operação de outras produtoras que sofreram com problemas inesperados se transformaram na combinação perfeita para uma queda de preços nos próximos meses. Os preços devem recuar tanto para a celulose de fibra curta, extraída do eucalipto, quanto de fibra longa, produzida a partir do pinus. A expectativa, segundo o Bradesco BBI, é que a diferença de valores entre as fibras continue próxima de US$ 100,00 por tonelada.

A celulose de fibra curta atende principalmente aos mercados de impressão e papéis sanitários, enquanto a fibra longa alimenta majoritariamente a indústria de embalagens. Conforme aponta o índice da Fastmarkets FOEX divulgado no dia 25 de junho, a celulose de fibra curta na China era negociada a US$ 741,00 por tonelada enquanto na Europa o insumo custa US$ 1.439,00 por tonelada. A fibra longa no mercado chinês registrou US$ 819,80 por tonelada, enquanto o preço na Europa alcançou US$ 1.612,00 por tonelada. Diferentes produtores desistiram da tentativa de reajuste de US$ 30,00 por tonelada no último mês após maior resistência contra aumentos por parte dos clientes chineses. Segundo o Santander, é um consenso que os preços da celulose estão próximos de um pico.

O banco prevê no fim de 2024 queda nos preços da celulose de fibra curta na Europa dos atuais US$ 1.439,00 por tonelada para faixas próximas de US$ 1000,00 por tonelada e na China de US$ 740,00 por tonelada para US$ 605,00 por tonelada. Os preços vão continuar em patamares altos até o início de outubro, seguido de uma queda mais acentuada. Com isso, o preço médio da commodity em 2024 esperado pelo Santander fica em torno de US$ 680,00 por tonelada, número considerado atrativo para as produtoras. O Bradesco BBI compartilha a ideia de que o produto continuará com preços atrativos e menciona que os valores se manterão em faixas acima de US$ 600,00 por tonelada nos anos seguintes. Provavelmente, não haverá a entrada de novas plantas de celulose entre 2025 e 2028.

Existem algumas fábricas que podem ser instaladas, mas todas agendadas para começar após 2028, então nesse período continuará tendo um nível de déficit de oferta e isso será positivo para as produtoras dentro do ciclo de celulose. Na China, os produtores de papel enfrentaram dificuldades nos últimos meses para exportar seus produtos à Europa devido às tensões no Mar Vermelho, o que provocou um excedente de oferta no mercado chinês. Com isso, os preços dos papéis sofreram queda na região ao mesmo tempo em que ocorreram reajustes da celulose. O quadro ficou insustentável para as margens das papeleiras chinesas, o que resultou na resistência dos clientes asiáticos contra o aumento de preços para a celulose.

Por outro lado, com a menor exportação de papéis da China para a Europa, houve maior demanda por celulose no continente europeu para a transformação em papéis e os embarques da commodity que saiam tradicionalmente da América do Sul e atendiam clientes chineses foram redirecionados para a Europa. O fenômeno fica claro nos dados divulgados pela PPPC (Pulp and Paper Products Council) no dia 28 de junho, sobre o mercado global de celulose em maio, que mostram um aumento de 19% da celulose direcionada para a Europa enquanto a os envios para a China caíram 16%. A leitura é a que haverá normalização desses entraves na China. Ao mesmo tempo, o incremento de celulose provocado pela nova fábrica da Suzano deve fortalecer o poder de barganha dos clientes para cobrar redução de preços.

O Rabobank destacou a perspectiva de retorno das operações da produtora de celulose e papel para embalagens finlandesa Metsa Fiber. A empresa enfrentou problemas relacionados a intensas greves na região desde março. O banco também cita a normalização das operações da chilena CMPC no Brasil, após impactos registrados em meio às chuvas no Rio Grande do Sul, e o início das operações da nova linha de produção da Liansheng Pulp and Paper. Além disso, pode-se citar também a demanda mais fraca nos principais mercados durante os meses de verão do Hemisfério Norte. Há sinais de queda nos preços do papel negociados no mercado chinês, fator que impulsiona a redução da demanda por celulose na China. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.