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24/Jun/2024

RS: enchentes causaram grandes prejuízos ao Agro

Segundo a Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (Farsul), as chuvas e as fortes enchentes que atingiram o Rio Grande do Sul entre o fim de abril e maio causaram um prejuízo de cerca de R$ 3 bilhões à agropecuária do Estado. No entanto, as perdas totais ainda estão sendo estimadas. A Farsul ainda está aguardando os levantamentos pós-colheita dos órgãos oficiais, como o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a Emater-RS e o Instituto Rio-Grandense do Arroz (Irga), para ter um número mais próximo da realidade. Também ainda está catalogando as perdas de capital, como máquinas, benfeitorias e infraestrutura em geral nas propriedades. De acordo com levantamento da Emater-RS, plantéis comerciais, como de bovinos, suínos e aves, foram duramente atingidas, prejudicando rebanhos e pastagens, aumentando os custos de produção e reduzindo a produtividade, especialmente na produção de leite.

Nas regiões de Bagé e Passo Fundo, por exemplo, foram registradas grandes perdas na produção leiteira e no peso das vacas. Além disso, mais de 4 mil quilômetros de estradas e 30 pontes foram severamente danificadas, dificultando o escoamento da produção agrícola e o trânsito dos caminhões de coleta de leite. As culturas de milho, arroz, soja e de pastagens sofreram perdas consideráveis de produtividade e de qualidade devido à umidade excessiva, afetando mais de 50 mil hectares. O impacto ambiental também foi extenso, atingindo cerca de 17.907 hectares de solo arável e deixando mais de 10 mil hectares submersos. Na mais recente, a Organização Avícola do Rio Grande do Sul revelou que as enchentes mataram 3,6 milhões de aves, resultando em prejuízo de R$ 23,1 milhões aos produtores. Além disso, foi perdido 1,5 milhão de ovos férteis, com um prejuízo de R$ 2,1 milhões. Esses valores são resultantes das perdas de aves de cortes, poedeiras e genética (pintos de corte/postura/ovos férteis).

No que se refere às estruturas, o levantamento mostra perdas parciais e totais de aproximadamente 20 aviários e fábricas de rações inundadas. Também houve destruição de maquinário e equipamentos de indústrias de processamento de alimentos. Quatro frigoríficos tiveram suas atividades paralisadas, equipamentos e motores danificados, assim como rede elétrica, tubulações, geradores e caixas d'água. Além disso, foram registrados casos de comedouros, bebedouros e ninhos prejudicados, aumentando os prejuízos dos produtores. A suinocultura foi outro setor da economia gaúcha que teve grandes prejuízos, principalmente no Vale do Taquari, Vale do Caí e na Serra Gaúcha, grandes regiões produtoras e as que mais sofreram danos. Segundo a Associação de Criadores de Suínos do Rio Grande do Sul, em torno de 30 granjas foram atingidas pelas enchentes ou por deslizamentos de terra. Cerca de 12.700 suínos foram mortos pelas enchentes.

Além disso, em torno de 30 mil metros quadrados de área construída de pocilgas, que alojam suínos, foram atingidos pelas águas e destruídas total ou parcialmente. Há ainda as perdas econômicas dos produtores que não foram atingidos diretamente pela enchente, mas por deslizamentos de terras, bloqueio de estradas ou queda de pontes. Por causa disso, não chegaram até as granjas ração, medicamento e sêmen para inseminação das matrizes. Assim, muitos suínos acabaram passando fome, com sua alimentação bastante restringida em volume e por muitos dias. Isso faz com que o suíno perca desempenho e matrizes que estão amamentando seus leitões fiquem sem condições de alimentar suficientemente suas crias. Baixadas as águas e contabilizados os prejuízos, agora é hora do lento trabalho de recuperação. Aos poucos a situação vem se normalizando, segundo a Organização Avícola do Rio Grande do Sul. As indústrias estão retomando o abate de forma gradativa. Hoje, nenhuma empresa está parada, todas estão voltando às suas atividades.

Mas, para se estabilizar e recuperar o que se perdeu de produção, de estoques e tudo o mais, no mínimo, serão necessários seis meses para poder voltar a uma fase mais próxima da normalidade. A recuperação depende também da ação do governo federal. Se não forem apresentadas medidas para os produtores, um número importante deles terá que abandonar a atividade. A Farsul critica que, até agora, o Ministério da Agricultura não anunciou "absolutamente nada para os produtores” e ainda ficou em leilões de arroz. Esses leilões ainda são piores para os rizicultores do Estado, o que torna o quadro cruel. É claro que outros produtores substituirão os que saírem da atividade, mas haverá concentração e aumento da pobreza no campo. Segundo o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, o plano de recuperação da agropecuária do Rio Grande do Sul deverá ser anunciado após a divulgação do Plano Safra 2024/2025, previsto para o dia 26 de junho. Parlamentares estão cobrando um plano de reestruturação dos produtores ao governo e citaram que já passaram 50 dias desde o início das enchentes no Estado. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.