17/Jun/2024
Apesar das incertezas globais que pressionam o câmbio mundo afora, mais da metade da alta do dólar ante o Real em 2024 se explica por problemas internos. Levantamento da Tendências Consultoria compara a valorização do dólar em relação à moeda brasileira com o avanço da divisa norte-americana em relação às de outros países emergentes. Do início do ano até o dia 12 de junho, o dólar teve uma valorização de 11,32% sobre o Real pela chamada taxa Ptax, calculada pelo Banco Central, saindo de R$ 4,84 para R$ 5,39.
Essa alta, porém, é muito superior à valorização da moeda norte-americana frente ao “dólar index emergentes”, que avançou 4,4% no período. O “dólar index mercados emergentes”, calculado pelo Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), é uma cesta com moedas de 19 países, entre eles, China, México, Índia, Coreia do Sul, Colômbia, Chile, Argentina e o próprio Brasil. Comparando o comportamento do Real, vis-à-vis outras moedas de emergentes, a valorização do dólar é maior ante a moeda brasileira, o que indica que há um efeito de questões internas importantes.
Pelo levantamento, portanto, mais da metade da valorização do dólar este ano se deve a componentes domésticos. Em meados de abril, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, durante viagem aos Estados Unidos, chegou a afirmar que dois terços da alta da moeda norte-americana eram consequência de fatores externos. As dificuldades de o governo cumprir as metas do arcabouço fiscal é a principal causa para a desconfiança, mas também os recentes ruídos no Banco Central, que colocou a política monetária em xeque, e a mudança de comando na Petrobras.
O Brasil tem tido superávits comerciais fortes nos últimos anos, com exportações de minério de ferro, soja e petróleo, além de ter reservas cambiais na casa de US$ 350 bilhões. Além do estoque de dólares das reservas, há um fluxo grande de entrada de moeda norte-americana via balança comercial. O Investimento Direto Estrangeiro (IDE) tem coberto com folga o déficit em conta corrente medido pelo Banco Central. Os modelos apontam que o Real deveria estar cotado entre R$ 4,80 e R$ 4,90, para níveis mais apreciados. O País tem reservas, exportações diversificadas e um forte saldo na balança comercial anual. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.