12/Jun/2024
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) fechou maio com alta de 0,46%, ante uma elevação de 0,38% em abril. A taxa acumulada pela inflação no ano foi de 2,27%. O IPCA acumulado em 12 meses ficou em 3,93%. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) teve elevação de 0,46% em maio, após uma alta de 0,37% em abril. Como resultado, o índice acumulou elevação de 2,42% no ano. A taxa em 12 meses foi de 3,34%. Em maio de 2023, o INPC tinha sido de 0,36%. O INPC mede a variação dos preços para as famílias com renda de um a cinco salários-mínimos e chefiadas por assalariados. A alta de 0,46% em maio de 2024 foi o resultado mais alto para o mês desde 2022, quando ficou em 0,47%. Em maio de 2023, a taxa tinha sido mais baixa, de 0,23%. Como consequência, a taxa acumulada em 12 meses acelerou, após uma sequência de sete meses consecutivos de arrefecimento: passando de 3,69% em abril para 3,93% em maio, retomando assim o patamar de março deste ano.
O grupo Alimentação e bebidas saiu de um aumento de 0,70% em abril para uma elevação de 0,62% em maio. O grupo contribuiu com 0,13% para a taxa de 0,46% do IPCA do último mês. O custo da alimentação no domicílio subiu 0,66% em maio. As famílias pagaram mais pela batata inglesa (20,61%), cebola (7,94%), leite longa vida (5,36%) e café moído (3,42%). A batata inglesa foi o item de maior pressão sobre o IPCA do mês, uma contribuição de 0,05%. A banana-prata, que recuou 11,74% em maio, teve o maior impacto negativo, ajudando a conter a inflação do mês em -0,03%. A alimentação fora do domicílio aumentou 0,50% em maio. O lanche subiu 0,78%, enquanto a refeição fora de casa avançou 0,36%. As chuvas no Rio Grande do Sul já provocaram um aumento nos preços de alguns alimentos, mas ainda podem respingar também em produtos industriais. A região metropolitana de Porto Alegre (RS) responde por um peso de 8,61% na formação da taxa do IPCA.
A situação que está sendo vivida em Porto Alegre afetou cadeias produtivas, afetou a estrutura logística do Estado, afetou a produção de alimentícios. É preciso aguardar para saber como vai afetar os próximos meses. As chuvas prejudicaram a produção de alimentos no Rio Grande do Sul, mas também têm potencial para influenciar os preços de bens industriais. A calamidade impacta cadeias produtivas, impacta infraestrutura de logística mesmo, tanto de alimentos quanto de produtos industriais. Mesmo a demanda por materiais e bens necessários à reconstrução da região afetada podem impactar a dinâmica inflacionária. No caso dos alimentos, os aumentos nos preços da batata-inglesa e do leite longa vida refletiram, apenas em parte, a menor oferta decorrente da situação de calamidade no Estado. É um dos fatores que podem contribuir para essa alta de alimentos. A situação do Rio Grande do Sul afetou a produção de alimentos, mas precisa aguardar os próximos meses para ver como isso vai afetar nos alimentos e em outros produtos produzidos no Estado.
No total nacional, foram observadas altas nos preços da batata-inglesa (20,61%), cebola (7,94%), leite longa vida (5,36%) e café moído (3,42%). A batata-inglesa entrou em período de entressafra, o que também influenciou o aumento de preço, além da oferta menor do Rio Grande do Sul. O leite tem uma combinação de época de entressafra, de uma redução nas importações e até impacto do Rio Grande do Sul, que afetou um pouco a oferta do leite, e fez com que os preços subissem em maio. No caso do café moído, o grão tem registrado valorização no mercado internacional. Em maio, a região metropolitana de Porto Alegre registrou a maior variação de preços entre as 16 pesquisadas no IPCA, alta de 0,87%. O avanço foi impulsionado pelos aumentos locais da batata inglesa (23,94%), gás de botijão (7,39%) e gasolina (1,80%). Teve variação de preços de alimentos na região metropolitana de Porto Alegre acima das demais áreas. Além do gás de botijão, que em Porto Alegre subiu mais de 7%.
Com certeza, Porto Alegre teve influência das enchentes, da situação de calamidade vivida na região, no índice de preços. O desastre fez o IBGE intensificar a coleta de preços na modalidade remota na região, mantendo a coleta presencial apenas quando possível. Em Porto Alegre, a proporção de dados coletados remotamente (por telefone ou internet) aumentou dos habituais 20% para aproximadamente 65% em maio. Para o cálculo do IPCA/INPC, os preços foram coletados no período de 1º de maio a 29 de maio de 2024 (período de referência) e comparados com aqueles vigentes de 29 de março a 30 de abril de 2024 (base). As informações apropriadas no IPCA/INPC de maio foram validadas com base nas metodologias de cálculo, crítica e imputação de preços vigentes no Sistema Nacional de Índices de Preços ao Consumidor (SNIPC). Em maio, houve imputação de dados para subitens que não tiveram os preços coletados, como algumas hortaliças e verduras, por exemplo.
O IBGE recorreu então ao procedimento previsto e descrito na metodologia de índices de preços. Os gastos das famílias com Transportes passaram de uma alta de 0,14% em abril para um avanço de 0,44% em maio. O grupo contribuiu com 0,09% para a taxa de 0,46% registrada pelo IPCA de maio. As passagens aéreas ficaram 5,91% mais caras, um impacto de 0,03% no IPCA. Os combustíveis subiram 0,45% em maio. O gás veicular teve queda de 0,08%, enquanto os demais subiram: etanol (0,53%), óleo diesel (0,51%) e gasolina (0,45%). O metrô avançou 1,21%. O táxi subiu 0,55%. As famílias brasileiras gastaram 0,67% a mais com Habitação em maio, uma contribuição de 0,10% para a taxa de 0,46% registrada pelo IPCA no mês. A energia elétrica residencial aumentou 0,94%, uma contribuição de 0,04% para a inflação de maio. A taxa de água e esgoto subiu 1,62% em maio. O gás encanado aumentou 0,30% em maio. As famílias brasileiras gastaram 0,69% a mais com Saúde e cuidados pessoais em maio, uma contribuição de 0,09% para a taxa de 0,46% registrada pelo IPCA em maio.
O avanço foi influenciado por reajustes do plano de saúde (0,77%) e de itens de higiene pessoal (1,04%). Em higiene pessoal, os destaques foram as altas no perfume (2,59%) e produto para pele (2,26%). O Dia das Mães pode ser o fator que explica a alta de preços, devido ao aumento na demanda por esses itens como opções de presente para a data comemorativa. Oito dos nove grupos que integram o IPCA registraram altas de preços em maio. Houve deflação apenas em Artigos de residência (queda de 0,53% e impacto de -0,02%). Os aumentos foram registrados em alimentação e bebidas (0,62%, impacto de 0,13%), saúde e cuidados pessoais (0,69%, impacto de 0,09%), habitação (0,67%, impacto de 0,10%), despesas pessoais (0,22%, impacto de 0,02%), educação (0,09%, impacto de 0,01%), vestuário (0,50%, impacto de 0,03%), transportes (0,44%, impacto de 0,09%) e Comunicação (0,14%, impacto de 0,01%). Apenas 1 das 16 regiões investigadas registrou queda de preços em maio. O resultado mais brando foi verificado em Goiânia (GO), -0,06%, enquanto o mais elevado ocorreu em Porto Alegre (RS), 0,87%.
A alta de 20,61% na batata-inglesa exerceu a maior pressão sobre a inflação de maio, uma contribuição de 0,05% para a taxa de 0,46% registrada no mês pelo IPCA. Figuraram ainda no ranking de maiores pressões sobre o IPCA de maio o leite longa vida (0,04%), energia elétrica residencial (0,04%), passagem aérea (0,03%) e plano de saúde (0,03%). Na direção oposta, o principal alívio partiu da banana-prata, com queda de preços de 11,74% e influência de -0,03%. Segundo a BGC, o resultado do IPCA de maio surpreendeu negativamente, especialmente na parte de alimentação. O resultado foi desfavorável ao não confirmar algumas boas informações que tinham sido observadas no IPCA-15 em relação à alimentação. O impacto altista nos preços da alimentação devido à destruição no Rio Grande do Sul parece ter se manifestado mais claramente na divulgação atual. O Grupo Alimentação e Bebidas teve alta de 0,62% em maio. Alimentação no domicílio subiu 0,66%. A inflação da alimentação no domicílio registrada em Porto Alegre (RS) durante maio foi de 3,64%, a maior entre todas as capitais contempladas pelo índice.
Segundo o Bradesco, os preços de Alimentação, que deram contribuição importante para o resultado mais salgado do IPCA, devem continuar mais pressionados no curto prazo. Para o próximo ano, a política monetária em patamar restritivo deve levar a inflação para mais próximo da meta. A alimentação foi um pouco mais pressionada, especialmente em in natura e cereais. Em Porto Alegre (RS), o IBGE capturou alta de 2,36% em alimentação. No Brasil, a alta foi de 0,62%. Nos núcleos, os serviços subiram e estão com alta de 4,8% em três meses. A métrica subjacente, que tem sido acompanhada pelo Banco Central, está mais próxima a 5,0% nos últimos três meses. Os bens industrializados surpreenderam para baixo, com alta menor em vestuário e higiene pessoal. Dessa forma, o núcleo não viesado registrou alta de 3,25% nos últimos três meses, continuando trajetória de desaceleração. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.