06/Jun/2024
Segundo a Climate Bonds Initiative (CBI), ONG internacional com sede no Reino Unido e referência no mundo por trabalhar para mobilizar capital global para ação climática, o governo brasileiro tem uma agenda de sustentabilidade empolgante e promissora, ligada aos objetivos de crescimento, mas tem que começar a tirar os projetos do papel e, no caso de uma nova emissão soberana, aprimorar ainda mais a oferta de títulos. O governo brasileiro está absolutamente focado na mistura de sustentabilidade e crescimento. É uma agenda realmente empolgante que o governo está perseguindo. O Brasil está no caminho certo, porque esse mix de sustentabilidade e crescimento é a tônica dos investidores internacionais e dos que estão interessados em retornos de mais longo prazo, como no caso dos fundos de pensão.
Apesar de o meio ambiente ser o foco da CBI, este não deve ser o único objetivo dos governos, principalmente os que estão em fase de desenvolvimento. É preciso também ter enfoque social, principalmente num país como o Brasil, onde a desigualdade é muito grande. Ainda que o governo demonstre boa vontade, o Brasil e o mundo precisam ter pressa com a chamada agenda ESG (padrões ambientais, sociais e de governança). Há muito a ser feito e é preciso fazê-lo com pressa: a velocidade está na essência dos projetos, mas é preciso uma transição suave. Até porque, os riscos, que antes eram vistos como algo distante, agora estão "pairando sobre nossas cabeças". Outro tema que para a CBI é absolutamente central é a relação direta entre sustentabilidade e os retornos financeiros, antes vistos como variáveis muitas vezes de mundos até mesmo opostos.
Como exemplo, os fundos de pensão. É disso que a sociedade precisa: “preciso que minha pensão seja paga quando finalmente eu for me aposentar. A CBI já escreveu trabalhos sobre o potencial da agricultura doméstica no mercado de green bonds. Porém, é preciso também estar atento a outras atividades, mais voltadas à recuperação e preservação das florestas. Existe um risco elevado de que a Amazônia possa entrar em colapso por causa das mudanças climáticas. É preciso, porém, tratar de forma economicamente saudável a população que sobrevive das florestas, e não criminalizá-las. Não é caso de polícia. A ideia não é prender pessoas pobres que estão tentando trabalhar dessa maneira. É necessário tornar suas atividades mais atrativas financeiramente de modo a manter a floresta viável. No mês passado, a CBI concedeu um prêmio para a emissão soberana de títulos sustentáveis brasileira feita em novembro de 2023. Tratou-se de algo muito importante para o País mostrar ao mundo do que é capaz.
No momento, o Tesouro Nacional está com tudo pronto para realizar uma segunda captação deste tipo, mas aguarda uma janela de oportunidade no mercado externo. Porém, a próxima tranche precisa mostrar um pouco mais de ambição do governo. Ainda que estejam atrás de melhorias, nenhum governo é perfeito. O caso brasileiro, no entanto, está em um momento diferente por duas razões. A primeira é que o governo Lula aprecia o potencial do País para desempenhar um papel de liderança global. É preciso que um governante entenda isso e infelizmente o presidente anterior não entendeu. A segundo é que o mundo está em uma fase geopolítica muito complicada. Tudo isso parece estar vinculando a sustentabilidade à estabilidade da economia. Por esse motivo, a CBI está muito encorajada e animada com o Brasil. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.