05/Jun/2024
Segundo a consultoria StoneX, a quebra na produção de soja, o menor preço do grão e uma maior demanda interna pelo óleo de soja, em virtude das mudanças na composição do biodiesel, pressionaram os resultados do Produto Interno Bruto (PIB) da Agropecuária no primeiro trimestre de 2024. O primeiro trimestre em particular se concentra na colheita de soja e produtos relacionados, mas, neste ano, há uma tendência global de queda dos preços. Por mais que o volume exportado tenha aumentado, o valor caiu um pouco. O PIB da Agropecuária no primeiro trimestre de 2024 subiu 11,3% ante o quarto trimestre de 2023, segundo informou hoje o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mas recuou 3% frente ao primeiro trimestre do ano passado.
Entre os setores que se destacaram positivamente, estão culturas como café, algodão, cana-de-açúcar e o complexo de carnes, ainda que não o suficiente para se refletir na balança comercial e nas exportações agropecuárias, que tiveram crescimento pequeno, além das perdas na soja. A safra neste ano está sendo menor do que o ano passado, o clima foi bastante desfavorável em 2023 e a base de comparação é muito alta. O ano passado teve uma produtividade recorde que dificilmente seria equiparada. A expectativa é de que o PIB da Agropecuária continue crescendo, ainda que se mantenha menor do que em 2023. Mesmo com culturas que vão se desenvolver ao longo de 2024, como a do milho, que não terá os problemas climáticos da safra passada, é muito difícil atingir o mesmo valor, a mesma produtividade.
Como a área cresce, acaba tendo crescimento do PIB, mas a ideia é que não será possível conseguir um desempenho tão bom quanto em 2023. Como pontos de atenção para os próximos trimestres, o clima e as perdas no Rio Grande do Sul, ainda não completamente calculadas. Os prejuízos ainda não estão considerados nos resultados divulgados nesta terça-feira (04/06) pelo IBGE. Para a MB Agro, a frustração na safra de soja 2023/2024 foi o principal fator para a queda no Produto Interno Bruto (PIB) da Agropecuária no primeiro trimestre de 2024. Faz sentido ter uma queda, uma vez que houve problemas na principal cultura, a soja. A safra de soja menor contribuiu para empurrar para baixo, mas já era esperado. Outros fatores foram a quebra na safra de verão (1ª safra 2023/2024) de milho e o fumo, este último em menor proporção. O indicador subiu 11,3% ante o quarto trimestre de 2023, mas recuou 3% frente ao primeiro trimestre do ano passado.
O setor de carnes, que atravessa um bom momento, pode ter amenizado a queda. Além disso, culturas como café e cana-de-açúcar, que vivem momentos positivos de preço, ainda que em menor intensidade, podem ter favorecido o resultado, mesmo considerando o período de entressafra. Para o PIB da Agropecuária em 2024, a expectativa é de uma diminuição de cerca de 4% ante os 2% esperados anteriormente pela MB Agro. Os principais fatores de pressão deverão ser o clima, o resultado das perdas no Rio Grande do Sul (ainda não consolidado) e frustração na safra de laranja. Entre os fatores de atenção, estão o desenvolvimento das safras de inverno, em especial a 2ª safra de milho e o trigo, além da cana-de-açúcar, que deve ter uma produção menor do que no ano passado. Os setores de carnes e de algodão podem conter quedas.
A MacroSector avaliou que o Produto Interno Bruto (PIB) da Agropecuária deverá ficar próximo de 0% em 2024, após recuar 3% no primeiro trimestre, na comparação com igual período do ano passado. Em relação ao quarto trimestre de 2023, subiu 11,3%, de acordo com o IBGE. Para prever um resultado próximo da estabilidade ante o ano passado, a safra de grãos será menor do que a de 2023. Porém, esse desempenho vai ser compensado por outras culturas. A cana-de-açúcar, o café e a laranja podem neutralizar a queda do PIB Agro em 2024. O desempenho negativo do PIB da Agropecuária foi puxado pela retração da safra dos grãos no primeiro trimestre, especialmente a da soja, por causa de condições climáticas adversas. O resultado se deu em função da seca, que atrapalhou a colheita no primeiro trimestre.
O trimestre também ficou marcado pela perda de rentabilidade dos produtores, que sofreram com o recuo nos preços de commodities, como a soja e o milho. Os preços da soja e do milho têm sido muito baixos. Assim, a queda da sensação de riqueza do agro é ainda maior, pela perda de rentabilidade dos setores. As anomalias climáticas vão continuar prejudicando a produção agrícola, como têm ocorrido no Rio Grande do Sul. No Estado, o maior efeito em 2024 virá na safra de arroz, embora os danos ainda não possam ser completamente calculados e não tenham sido estimados pelo IBGE. As inundações no Rio Grande do Sul vão prejudicar a produção de arroz, mas ainda não se sabe quão grande será esse impacto.
Segundo a Tendências Consultoria, a pecuária foi a principal responsável por evitar uma queda maior do PIB da Agropecuária no primeiro trimestre de 2024 na comparação com igual período de 2023. A pecuária evitou uma queda maior do PIB, o que foi puxado, principalmente, pelo elevado nível de abates de bovinos, com alta de cerca de 24%, tanto em peso como em número. As culturas agrícolas foram o lado negativo do resultado do PIB Agro no primeiro trimestre de 2024. O que mais pesou foi o milho e a soja, por estarem em fase de colheita. A queda de 3% do PIB da Agropecuária no primeiro trimestre de 2024 veio em linha com a estimativa da Tendências, que era de recuo de 3,1%. A consultoria também previu anteriormente recuo de 1,1% no PIB da Agropecuária em 2024, número que não deve ter grande revisão.
A pecuária não deverá causar tanto impacto sobre o PIB do Agro na segunda metade de 2024, diante da perspectiva de menor abate de bois no período, com o início de uma mudança no ciclo. A pecuária não deve ajudar tanto no fim do ano, com o início do período de retenção de fêmeas, algo que deve acontecer. A ocorrência do fenômeno climático La Niña é um fator de preocupação, especialmente para a cultura de cana-de-açúcar. O La Niña deve atrapalhar o desempenho do PIB Agro e pode afetar bastante a cultura da cana-de-açúcar em agosto e setembro. A cana-de-açúcar não será a única cultura afetada, com efeitos que podem avançar até 2025. O La Niña vai afetar o plantio da próxima safra e algumas culturas com peso menor já no fim do ano, como a uva.
O impacto das chuvas no Rio Grande do Sul sobre o PIB da Agropecuária em 2024 será, em parte, compensado pelo crescimento da participação em outros Estados, embora deva haver alguns efeitos. A nível nacional, o impacto do Rio Grande do Sul não é tão grande. O Itaú projeta uma queda de 0,8% no Produto Interno Bruto (PIB) da Agropecuária em 2024. O resultado deve refletir um recuo na produção de soja e milho, de respectivamente 2,4% e 11,7%. O PIB da Agropecuária no primeiro trimestre de 2024 subiu 11,3% ante o quarto trimestre de 2023, segundo o IBGE, mas recuou 3% frente ao primeiro trimestre do ano passado. Os principais fatores de pressão no trimestre foram as quedas na soja e no milho, além do fumo, com recuo de 9,6%, e mandioca, com 2,2%, e perdas de produtividade.
Porém, a contribuição da pecuária foi positiva. Segundo o IBGE, o avanço de 11,3% no Produto Interno Bruto (PIB) da Agropecuária no primeiro trimestre de 2024 representa uma recuperação das perdas vistas nas lavouras no último trimestre de 2023. Além disso, a pecuária cresceu mais neste primeiro trimestre de 2024 do que no anterior. Não está sendo um ano muito bom para a agropecuária. Além de 2024 não ter começado favorável para o setor, o segundo trimestre ainda deve assimilar os impactos provocados pelas enchentes no Rio Grande do Sul. O primeiro trimestre não tem nada de impacto em relação ao Rio Grande do Sul.
No interanual, a única atividade econômica que está caindo é a agropecuária. Em relação ao primeiro trimestre de 2023, o PIB agropecuário encolheu 3,0%, devido a prejuízos às lavouras decorrentes de condições climáticas adversas. Houve perdas de produtividade nas safras de soja, milho, fumo e mandioca. Por outro lado, o bom desempenho da pecuária evitou uma queda ainda maior no PIB agropecuário do período. O PIB da agropecuária está num patamar alto (em volume), mas o mais alto foi no primeiro trimestre do ano passado. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.