05/Jun/2024
Segundo dados desagregados do Monitor do PIB, apurados pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV), após ter encerrado o ano de 2023 estagnada, a atividade econômica brasileira engatou uma expansão no primeiro trimestre deste ano, alçando o Produto Interno Bruto (PIB) a novo pico histórico. O bom desempenho foi sustentado, mais uma vez, pelo crescimento do consumo. Os investimentos também mostraram melhora, mas permanecem quase 15% abaixo do pico alcançado no segundo trimestre de 2013. Tanto o consumo das famílias quanto o do governo renovaram níveis recordes no primeiro trimestre de 2024. Os cálculos consideram a série encadeada trimestral do índice de volume dos componentes do PIB com ajuste sazonal, estimados pelo Monitor do PIB. Com a redução do desemprego, tem mais gente consumindo agora. Então o consumo é o que tem puxado a economia, não o investimento.
Ao mesmo tempo, o consumo do governo também em nível recorde não é, necessariamente, uma boa notícia. O consumo do governo é um gasto do governo também. O maior problema hoje é como você fazer o ajuste fiscal enquanto tem despesas. O Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro cresceu 0,7% no primeiro trimestre de 2024 ante o quarto trimestre de 2023. Sob a ótica da demanda, o consumo das famílias avançou 1,5% e o consumo do governo, 0,2%. A Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF, medida dos investimentos no PIB) teria crescido 4,8%. Por mais que a FBCF tenha melhorado, ainda está muito longe do que já foi o ponto máximo, que também já é muito longe comparada a outros países. As iniciativas de governo que tentam induzir investimentos são positivas, como os programas Nova Indústria Brasil e o Novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), mas há pouco espaço no orçamento para a manutenção desse tipo de medida, portanto, é necessária uma mudança estrutural que crie um ambiente mais favorável à atração de investimentos privados.
Não dá para contar só com essa parte que vem do governo. É preciso que o investimento venha de forma privada, até porque tem de ser sustentável. Porque senão fica sempre o governo financiando, mesmo que seja parceria público-privada. Óbvio que num primeiro momento é importante o governo atuar, porque o País está muito estagnado, é preciso esse impulso vindo do governo. Mas, ele não pode estar sempre sendo do governo, porque não há um espaço fiscal grande para estar fazendo isso, é preciso que esse investimento venha de forma privada. Havia uma expectativa de que a aprovação da reforma tributária, entre outras medidas em curso, acalmassem as incertezas, enquanto a redução na taxa básica de juros de juros reduziria o custo para novos investimentos. No entanto, problemas na área fiscal, que incluem mudança na meta, ainda preocupam potenciais investidores. O que tem faltado, na verdade, é uma certa confiança de que o governo vai entregar aquelas coisas que ele está prometendo, do ajuste pelo lado fiscal. Isso faz com que o empresário fique com receio de investir.
Pelo lado da oferta, o crescimento do PIB foi mais disseminado entre as atividades pesquisadas no primeiro trimestre deste ano. A agropecuária cresceu 10,7% em relação ao quarto trimestre do ano passado, enquanto o PIB industrial avançou 0,2%, e o de serviços teve uma expansão de 0,3%. O resultado sinaliza que a economia está com mais fôlego do que no ano passado, embora as projeções ainda não indiquem que a expansão no PIB de 2024 venha a superar o crescimento de 2,9% visto em 2023. O fato de estar mais disseminado esse crescimento, não estar só dependente da agropecuária, é muito bom. É claro que tem essa questão do Rio Grande do Sul, mas é preciso ver como isso vai impactar. O Estado é a quarta maior economia do País. É necessário ver o quanto vai impactar no resultado do ano.
Dados das últimas Contas Regionais divulgadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostravam que o Rio Grande do Sul respondia por 6,5% do PIB brasileiro em 2021, atrás apenas das fatias de São Paulo (30,2%), Rio de Janeiro (10,5%) e Minas Gerais (9,5%). Além das incertezas levantadas pela tragédia sobre indicadores como inflação e juros, houve paralisações de indústrias e serviços no Rio Grande do Sul, além de prejuízos à agropecuária e ao estoque de capital local, o que impede um retorno à normalidade no curto prazo. Parte da oferta perdida será suprida por um aumento na produção de outros Estados, mas a cadeia produtiva nacional foi afetada. A perda pode até ser maior que 0,4% ou 0,5% no PIB do ano, mas é muita especulação ainda. O Monitor do PIB da FGV busca antecipar a tendência do principal índice da economia a partir das mesmas fontes de dados e metodologia empregadas pelo IBGE, responsável pelo cálculo das Contas Nacionais. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.