04/Jun/2024
O volume de títulos já emitidos no mundo para financiar projetos e atividades sustentáveis, seja pela perspectiva ambiental ou social, chegou a US$ 4,4 trilhões no ano passado e está perto de romper a barreira dos US$ 5 trilhões. Ainda que em crescimento, as emissões associadas à sustentabilidade representam apenas 4% do mercado de dívida global. As mudanças climáticas cobram um avanço mais rápido, dado o imenso volume de recursos necessários para não só evitar, mas também preparar os países a eventos extremos, como as chuvas que provocaram enchentes no Rio Grande do Sul. Um dos obstáculos está no fato de que em grande parte do mundo, incluindo a América Latina, os mercados de capitais não são tão desenvolvidos como nos Estados Unidos, Europa e China. Este e outros temas relacionados ao financiamento da transição a uma economia com menos emissões e socialmente mais justa estarão em pauta no evento da Climate Bonds Initiative que reunirá especialistas do setor financeiro, governo, empresas, e organizações não governamentais.
Após passar por Bruxelas, Mumbai e Xangai, o evento acontecerá nesta quarta-feira (05/06), Dia Mundial do Meio Ambiente, em São Paulo. Além de celebrar uma década do mercado de títulos rotulados no Brasil, o Climate Bonds CONNECT chega ao Brasil na esteira da primeira emissão, em novembro, de títulos sustentáveis do Tesouro Nacional. Também coincide com os preparativos do País para receber a COP30, como é chamada a conferência da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre mudanças climáticas, que será realizada, em novembro do ano que vem, em Belém, no Pará. Segundo a Climate Bonds Initiative, uma organização internacional sem fins lucrativos cuja missão é mobilizar o capital global para ações climáticas, as coisas mudaram no Brasil. O compromisso com as finanças sustentáveis está muito mais forte do que em anos anteriores. Apesar desse maior compromisso, o Brasil ainda está atrás de Chile e México nas emissões de green bonds e outros títulos associados à sustentabilidade.
As ondas de calor no início do ano e, agora, as enchentes no Rio Grande do Sul são o "novo normal" e expõem o grande número de ações que precisam ser tomadas face às mudanças no clima. Há também motivos econômicos para o Brasil investir nessa agenda. A substituição de combustíveis fósseis por energia elétrica como fonte de propulsão de motores representa um alto risco ao preço do petróleo, um dos três produtos mais exportados pelo Brasil, e, consequentemente, aos resultados da Petrobras. É preciso que todos entendam que o mundo está mudando. É preciso pensar em como fazer dinheiro com a mudança, e não com as fórmulas antigas que têm um risco muito grande de não serem mais viáveis, afirma a Climate Bonds. A transição está acontecendo, não é mais teoria. É preciso assegurar que o futuro da economia brasileira seja saudável e produtivo. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.