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29/May/2024

Inflação: IPCA-15 maio é o mais baixo desde 2021

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo - 15 (IPCA-15) subiu 0,44% em maio, após ter avançado 0,21% em abril. Com o resultado, o IPCA-15 registrou um aumento de 2,12% no acumulado do ano. Em 12 meses, a alta foi de 3,70%, ante taxa de 3,77% até abril. O resultado ficou abaixo da mediana das estimativas dos analistas do mercado financeiro, que apontava alta de 0,47%. A alta de 0,44% registrada em maio foi a mais branda para o mês desde 2021, quando também subiu 0,44%. O resultado fez a taxa acumulada em 12 meses arrefecer pelo terceiro mês seguido. Em maio de 2023, o IPCA-15 tinha registrado alta de 0,51%.

Os preços de Alimentação e bebidas aumentaram 0,26% em maio, após alta de 0,61% em abril. O grupo deu uma contribuição positiva de 0,06% para o IPCA-15. Entre os componentes do grupo, a alimentação no domicílio teve alta de 0,22% em maio, após ter avançado 0,74% no mês anterior. A alimentação fora do domicílio subiu 0,37%, ante alta de 0,25% em abril. A refeição fora de casa subiu 0,34%, e o lanche avançou 0,47%. Os preços dos alimentos reduziram o ritmo de alta em maio. As famílias pagaram mais pela cebola (16,05%), café moído (2,78%) e leite longa vida (1,94%). No entanto, ficaram mais baratos o feijão carioca (-5,36%), frutas (-1,89%), arroz (-1,25%) e carnes (-0,72%).

Os preços de Transportes subiram 0,77% em maio, após queda de 0,49% em abril. O grupo deu uma contribuição positiva de 0,16% para o IPCA-15. Os preços de combustíveis tiveram alta de 2,10% em maio, após recuo de 0,03% no mês anterior. A gasolina subiu 1,90%, após ter registrado queda de 0,11% em abril, enquanto o etanol avançou 4,70% nesta leitura, após alta de 0,87% na última. Os avanços nos preços das passagens aéreas e da gasolina exerceram as duas maiores pressões sobre a inflação apurada pelo IPCA-15 em maio. A gasolina aumentou 1,90%, maior impacto individual sobre o IPCA-15, uma contribuição de 0,09%. As passagens aéreas subiram 6,04%, segunda maior contribuição individual, 0,04%.

Juntos, os dois subitens responderam por 0,13% do IPCA-15, quase um terço da inflação do mês. Os combustíveis aumentaram 2,10% em maio. Além da gasolina, ficaram mais caros o etanol (4,70%) e o óleo diesel (0,37%). Por outro lado, houve redução no preço do gás veicular, -0,11%. O metrô avançou 2,53% em maio. O táxi subiu 0,73%. Os gastos das famílias brasileiras com Habitação passaram de uma elevação de 0,07% em abril para aumento de 0,25% em maio, uma contribuição positiva de 0,04% para o IPCA-15 deste mês. A taxa de água e esgoto subiu 0,51%, influenciada por reajustes de 6,94% em São Paulo a partir de 10 de maio e de 1,95% em Goiânia em 1º de abril. A energia elétrica residencial aumentou 0,17%.

Os gastos das famílias brasileiras com Saúde e cuidados pessoais passaram de uma elevação de 0,78% em abril para uma alta de 1,07% em maio, uma contribuição positiva de 0,14% para o IPCA-15 deste mês. O movimento foi impulsionado pelos aumentos no plano de saúde e nos produtos farmacêuticos. Os produtos farmacêuticos subiram 2,06% em maio, resultando numa contribuição conjunta de 0,07% para o IPCA-15, após a autorização do reajuste de até 4,50% nos preços dos medicamentos, a partir de 31 de março. O plano de saúde encareceu 0,77%, incorporando as frações mensais dos reajustes dos planos novos e antigos para o ciclo de 2023 a 2024, um impacto de 0,03% na inflação de maio. Os itens de higiene pessoal subiram 0,87% em maio, puxados, principalmente, pelo aumento de 1,98% no perfume.

Oito dos nove grupos de produtos e serviços que integram o IPCA-15 registraram altas de preços em maio. Houve deflação apenas em Artigos de residência, queda de 0,44%, uma contribuição negativa de -0,02%. Os grupos com aumentos foram Alimentação e bebidas (0,26%, impacto de 0,05%), Habitação (0,25%, impacto de 0,04%), Educação (0,11%, impacto de 0,01%), Saúde e cuidados pessoais (1,07%, impacto de 0,14%), Vestuário (0,66%, impacto de 0,03%), Transportes (0,77%, impacto de 0,16%) Despesas pessoais (0,18%, impacto de 0,02%) e Comunicação (0,18%, impacto de 0,01%). O resultado geral do IPCA-15 em maio foi decorrente de altas de preços em todas as 11 regiões pesquisadas. A taxa mais branda ocorreu no Rio de Janeiro – RJ (0,15%), enquanto a mais acentuada foi registrada em Salvador – BA (0,87%).

Segundo a MAG Investimentos, os efeitos das enchentes no Rio Grande do Sul sobre a inflação ainda não se materializaram, ao menos na leitura de maio do IPCA-15. Considerando a janela de coletas, já seria natural ver algum impacto na leitura, principalmente nos alimentos. Com isso, a estimativa preliminar da MAG, de que os eventos climáticos no Estado impactariam o IPCA de 2024 para cima em 0,20%, ganhou viés de baixa. Além desses impactos ainda não terem se materializado, houve surpresa baixista com a inflação de alguns itens de alimentos nesta leitura, com destaque para deflações registradas em cereais e frutas. Segundo o Santander Brasil, a leitura de maio do IPCA-15 mostrou que o processo de desinflação segue acontecendo. A maior parte dos núcleos de inflação pairou ao redor da meta de 3,0% e, por isso, o resultado é positivo, em termos qualitativos.

Com exceção da medida básica EX0, que subiu de 2,7% para 3,2% (média móvel trimestral dessazonalizada e anualizada), todas as outras quatro principais métricas básicas seguidas pelo Banco Central (incluindo o IPCA-EX3) recuaram em maio e permaneceram em torno da meta de inflação. Nesta leitura, os impactos das enchentes no Rio Grande do Sul foram incipientes. Para o C6 Bank, a resiliência da inflação de serviços no IPCA-15 de maio evidencia que o fim do ciclo de cortes da taxa Selic está próximo. Os preços de serviços subiram menos do que o esperado. Mas, o grupo sobe 5,1% no acumulado de 12 meses, bem acima da inflação total, de 3,7%. Os bens industriais, em contrapartida, sobem apenas 0,14% no período. Fica claro que o que está contribuindo para puxar a inflação para baixo são os bens industriais.

O patamar elevado da inflação de serviços é um dos motivos que leva a crer que o Copom promoverá apenas mais um corte de 0,25% na Selic na reunião de junho, encerrando o ciclo de redução de juros. A resiliência da inflação de serviços é explicada pelo mercado de trabalho aquecido. O desemprego baixo leva a reajustes dos salários acima da produtividade, pressionando o grupo. Diante da contínua piora das expectativas de inflação, não se descarta a possibilidade de que a taxa Selic fique estacionada em 10,5%, ou seja, que não ocorra mais nenhum corte na taxa básica de juros da economia este ano. Para a G5 Partners, o IPCA-15 de maio mostrou um cenário melhor para a inflação, mas não será suficiente para mudar as expectativas para a política monetária.

Está claro que as expectativas de inflação, e não a inflação corrente, vão guiar as decisões do Banco Central. Por isso, apesar deste IPCA-15 bom, em nada vai mudar a expectativa de que, se houver corte na próxima reunião do Copom, deverá ser o último. O problema não é a inflação corrente. Os serviços subjacentes, grupo olhado mais de perto pelo Banco Central, desaceleraram de 0,38% para 0,31%, a menor taxa desde novembro do ano passado. Considerando a média móvel trimestral anualizada e dessazonalizada, que indica tendência, os serviços subjacentes cederam de 5,77% para 4,73% e a média dos núcleos, de 3,65% para 2,99%. Sem dúvida o Banco Central tem razão em se preocupar com as expectativas de inflação, mas não é a inflação corrente a causa dessa piora. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.