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28/May/2024

Fiagro: tragédia no RS e o risco de inadimplência

Após dobrar de tamanho em 2023 e manter a trajetória de alto crescimento no primeiro trimestre de 2024, o mercado dos Fundos de Investimento nas Cadeias Produtivas Agroindustriais (Fiagro) está sob alerta por conta da catástrofe climática que abala o Rio Grande do Sul, líder nacional em produção de arroz e segundo maior produtor de soja. Segundo especialistas, além da ameaça às cadeias logísticas e à produtividade do agronegócio do Estado, a tragédia também eleva o risco de inadimplência no setor, o que ameaça em especial a classe Fiagro de crédito (Fiagro-FIDC). Segundo o escritório Martinelli Advogados, quando se fala de Fiagro-FIDC, trata-se de um risco de inadimplência, que pode ser impulsionado pela catástrofe no Rio Grande do Sul e pelos eventuais problemas logísticos, já que a produção não pode ser escoada. Levantamento parcial da Confederação Nacional dos Municípios (CNM) revela que as tempestades registradas desde 29 de abril no Rio Grande do Sul provocaram pelo menos R$ 10,4 bilhões em prejuízos financeiros.

A agropecuária é o setor econômico privado com mais perdas financeiras levantadas, somando R$ 2,945 bilhões. Cada Fiagro tem características próprias de composição da carteira, portanto, para analisar os impactos do desastre climático no Rio Grande do Sul sobre esses produtos é necessário avaliar cada ativo individualmente. Além dos Fiagro-FIDC, existem os Fiagro-FII, que investem em propriedades agropecuárias, e os Fiagro-FIP, que aportam recursos na participação em empresas da cadeia do agronegócio. Trata-se de um veículo cada vez mais procurado por investidores, tendo em vista a isenção de cobrança de Imposto de Renda (IR). O patrimônio líquido dos Fiagro cresceu 152% no primeiro trimestre deste ano na comparação com o mesmo período do ano anterior, atingindo R$ 34,8 bilhões, segundo dados públicos da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima). Para avaliar os impactos das chuvas no Rio Grande do Sul sobre esses produtos de investimento, é preciso verificar se o Fiagro tem algum tipo de ligação com o Estado.

Aqueles Fiagros com exposição a empresas do Rio Grande do Sul ou que se relacionem com elas tendem a ter uma piora no desempenho, com eventuais renegociações de prazos e condições em determinados investimentos realizados. Isso inclui Fiagros-FIP que investem em empresas do Rio Grande do Sul e Fiagros-FII que possuem propriedades do Rio Grande do Sul no portfólio. A questão da recuperação do Rio Grande do Sul após a catástrofe climática também tem sido motivo de preocupação e muita discussão. Afinal, trata-se de um evento sem precedentes, o que gera incerteza. Para o Abe Advogados, do ponto de vista jurídico será necessário financiamento da atividade para a reconstrução, e os Fiagros podem ajudar e fazer este papel, fornecendo recursos financeiros para o setor. Segundo o escritório Peluso, Stupp e Guaritá Advogados, a dimensão da tragédia também exigirá linhas especiais de créditos e muita injeção de recursos em todos os setores produtivos, com o intuito de favorecer a retomada das atividades, reabastecer os estoques e recuperar a infraestrutura. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.