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28/May/2024

Região Nordeste deverá crescer mais do que Brasil

Investimentos bilionários devem turbinar o Produto Interno Bruto (PIB) da Região Nordeste e fazer a economia local crescer em um ritmo mais acelerado do que a média do Brasil no longo prazo. De acordo com um estudo realizado pela consultoria Tendências, a região deve ter uma expansão média de 3,4% ao ano entre 2026 e 2034, acima dos 2,5% que serão observados para o País no período. As previsões positivas para a Região Nordeste, onde vivem quase 60 milhões de pessoas, que representam quase 30% da população brasileira, estão baseadas em uma série de investimentos públicos e privados previstos para os próximos anos. Ao todo, eles devem somar R$ 750 bilhões. O Nordeste vai ter um ganho de tração com exploração de gás natural e petróleo, energia eólica, concessão de aeroportos e com uma série de privatizações de companhias de energia elétrica e de saneamento.

No período de 2026 e 2034, o segundo melhor crescimento será colhido pela Região Norte (3,1%), seguida pelas Regiões Centro-Oeste (2,9%), Sudeste (2,2%) e Sul (2,1%). As projeções para o Brasil e, sobretudo, para a Região Sul, porém, passaram a ter um viés de baixa por causa das enchentes no Rio Grande do Sul. Se os números se confirmarem, a Região Nordeste vai voltar a ocupar uma posição de destaque no cenário econômico local. No início dos anos 2000, a região apresentou expressivo crescimento e, na maior parte do período, chegou a superar o desempenho brasileiro. No começo dos anos 2000, a Região Nordeste, e o Brasil como um todo, foi beneficiada por uma combinação de fatores muito particular naquele período.

Houve o boom das commodities no cenário internacional, o Brasil passou por uma série de políticas públicas de erradicação da pobreza, que beneficiou muito a Região Nordeste em termos do consumo das famílias. Mas, desde a crise do biênio 2015 e 2016, a região tem apresentado taxas de crescimento mais modestas, acompanhando o desempenho do País ou até ficando abaixo. A região é bastante influenciada pelos setores sensíveis ao ciclo econômico, como é o caso do segmento de serviços. Em 2020, por exemplo, no ano de auge da pandemia, o PIB brasileiro recuou 3,3% e o do Nordeste apresentou queda de 4,1%. Agora, o incremento no PIB da região deve ser liderado pelo setor industrial. De 2026 a 2034, a previsão é de que a indústria apresente um crescimento anual de 4,3%.

Dos investimentos bilionários previstos para a Região Nordeste do País, a maior parte será público, impulsionado pelo novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), uma das principais apostas do terceiro governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na economia. Ao todo, o PAC destinou R$ 700 bilhões para a região. Os investimentos públicos em infraestrutura serão um importante impulsionador. Isso tudo gera um efeito em cadeia para a economia no longo prazo. No ano passado, ao anunciar a volta do PAC, o governo previu um investimento de cerca de R$ 1,7 trilhão em todo o País. No caso da União, é preciso ter a capacidade de fazer boas parcerias público-privadas, porque os recursos públicos não são suficientes para bancar os projetos, e aumentar a capacidade de execução do PAC, que no passado foi muito baixa.

Da iniciativa privada, os principais investimentos virão do segmento de energia renovável. Só do setor eólico, há R$ 21 bilhões de parques em construção, com capacidade para gerar 3 mil megawatts (MW). Há ainda cerca de R$ 130 bilhões de projetos outorgados (18 mil MW), mas ainda não iniciados na região, segundo dados da Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica). A cada R$ 1,00 que se investe em energia devolve para o PIB R$ 2,90. Há um efeito de cadeia produtiva para todo o País. Olhando para a Região Nordeste o efeito é ainda mais amplo, pois nos últimos anos o IDHM (Índice de Desenvolvimento Humano dos Municípios) cresceu 20% com a chegada dos parques eólicos. Um dos grandes projetos da região é o Conjunto Eólico Santo Agostinho, no Rio Grande do Norte, da Engie.

Localizado nos municípios de Lajes (9,8 mil pessoas) e Pedro Avelino (6 mil pessoas), o empreendimento é formado por 14 parques eólicos e 70 aerogeradores. O projeto, de R$ 2,3 bilhões, terá capacidade instalada de 434 MW e já tem alguns aerogeradores em operação comercial desde o ano passado. A empresa tem outro megaprojeto em construção no Nordeste. Com R$ 6 bilhões de investimentos, o Conjunto Eólico Serra do Assuruá, na Bahia, poderá gerar 846 MW. O empreendimento terá 188 aerogeradores e está com 44% de obras concluídas. Segundo a Engie no Brasil, a Região Nordeste é um paraíso para desenvolver projetos de energia renovável. Os projetos de energia solar também têm ajudado a turbinar os investimentos na região.

Segundo dados da Associação Brasileira de Energia Solar (Absolar), no total são mais de R$ 60 bilhões em geração distribuída (aquela no telhado das casas) e geração centralizada (de grandes parques solares). Bahia, Piauí e Ceará são os Estados com maior volume de investimentos, com quase dois terços do volume total. Um setor que tem ganhado relevância no Nordeste é o de saneamento. Diante da carência dos serviços de água e esgoto, Estados e municípios da região decidiram apostar na iniciativa privada para melhorar e aumentar o atendimento da população. Os investimentos contratados até 2026 devem somar quase R$ 66 bilhões para um prazo médio de 30 anos, em 842 municípios, de acordo com um monitoramento realizado pela Associação e Sindicato Nacional das Concessionárias Privadas de Serviços Públicos de Água e Esgoto (Abcon Sindcon) com base nos dados da Radar PPP e do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

Os principais investimentos em saneamento serão realizados em Pernambuco (quase R$ 24,8 bilhões), seguido por Maranhão (R$ 19 bilhões) e Piauí (R$ 9,9 bilhões). Mas, também há investimentos em outros setores, como o automotivo. A Stellantis (dona das marcas Fiat, Peugeot e Citroën, Jeep e Ram), por exemplo, vai investir R$ 13 bilhões na fábrica do grupo em Goiania, no norte de Pernambuco. Esse montante faz parte do ciclo de investimento de R$ 30 bilhões para o Brasil entre 2025 e 2030. Além da expansão da fábrica, o plano da empresa prevê a ampliação do parque de fornecedores no entorno da unidade, dos atuais 38 para mais de 100 nos próximos anos, o que tende a turbinar o PIB dos municípios da região. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.