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27/May/2024

Cúpula do G20: Ucrânia espera por convite do Brasil

A Ucrânia manifestou a esperança de que o presidente Volodmir Zelenski seja convidado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para a cúpula do G20, a ser realizada em novembro no Rio de Janeiro. O Brasil, porém, já deu sinais de que convidará Vladimir Putin, apesar do mandado de prisão contra o líder russo expedido pelo Tribunal Penal Internacional, do qual o Brasil é signatário. Membros do governo também querem planejar uma cúpula Celac-Ucrânia, bem como estar presentes em reuniões com líderes do Mercosul, realizar encontros bilaterais com presidentes da América Latina e expandir a presença diplomática do país na região. Há muitas organizações que são do interesse da Ucrânia na região. O país gostaria de participar, por exemplo, da reunião de líderes do Mercosul e Celac.

Especialmente porque o tema será segurança alimentar, que é um dos principais tópicos da Ucrânia nas condições de paz. Segundo o Itamaraty, a reunião do G20 ainda está em fase de organização e nenhum convite foi emitido, portanto, uma possibilidade de convite ao presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, não está descartada. O Brasil, porém, tenta viabilizar a vinda do presidente da Rússia ao Rio de Janeiro. No ano passado, o TPI emitiu um mandado de prisão contra Putin pelo suposto sequestro de crianças ucranianas. Pela regra do Estatuto de Roma que rege o TPI, países signatários devem cumprir os mandados caso o acusado viaje ao seu território. Mas, o governo Lula tem tentado por meio de um parecer jurídico defender o descumprimento de ordens de prisão do TPI contra chefes de Estado que não fazem parte do estatuto, o que seria o caso da Rússia.

Em um impasse semelhante na reunião do Brics na África do Sul ano passado, Putin desistiu da viagem. Zelenski afirmou que convidar Putin seria "um grande erro". Em um sinal de intensificação dos esforços ucranianos em se aproximar do Brasil e dos países da América Latina, o ministro dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia, Iryna Borovets, deve visitar o Brasil em meados de junho, antecipando uma possível viagem do ministro de Relações Exteriores Dmitro Kuleba. Antes, existe grandes expectativas por parte do governo ucraniano de um encontro de Zelenski com Lula na Suíça. A Ucrânia realizará nos dias 15 e 16 de junho uma Cúpula de Paz na Suíça, onde pretende reunir o maior número possível de países a fim de iniciar conversações para elaborar um plano de paz.

Para a Ucrânia, a presença de Lula seria fundamental para impulsionar o apoio à governo ucraniano na América Latina, onde há resistências. Lula, porém, já sinalizou que não pretende comparecer à reunião, mas o Brasil ainda deve enviar uma delegação. A intenção ucraniana não é transformar esta cúpula em um processo de negociação de paz, tanto que o convite não foi estendido para Rússia, mas sim reunir o maior número possível de países em apoio à Ucrânia, que levará dez pontos principais de discussão para o início de uma conversação de paz. Essa não é uma cúpula para começar a negociação com a Rússia. É uma cúpula pensada em preparar a Ucrânia para começar a negociar com a Rússia. A Ucrânia quer a Rússia na mesa de negociação, mas precisa do escudo da comunidade internacional.

Há dez pontos considerados importantes na negociação de paz: segurança nuclear (em meio à ocupação russa à usina de Zaporizhzhia), segurança energética (em meio aos ataques russos a infraestruturas críticas da Ucrânia), segurança alimentar (devido às dificuldades de exportação de grãos pelo Porto de Odessa), aspecto humano, retorno das crianças deportadas, intervenção russa nos territórios, retirada de tropas russas, restauração, garantias de segurança e uma confirmação legal do fim da guerra. Os pontos, porém, ainda são um rascunho e o documento final que será levado à reunião ainda está em preparação. O governo ucraniano levará em consideração neste documento as preocupações dos países latino-americanos, embora não tenha especificado quais.

Para a Ucrânia, é muito importante que o Brasil se envolva. A intenção é ter especialmente Brasil, China, Índia e África do Sul na cúpula, países que são escutados pelo governo russo. Para envolver mais estes países, o governo ucraniano pretende dar ênfase aos pontos de segurança alimentar, que será o tema do G20 no Rio de Janeiro, nuclear e energética. Outro ponto destacado é o desejo de realizar uma cúpula entre os países da Celac (Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos) e a Ucrânia. No ano passado, a Ucrânia tentou participar do encontro entre a Celac e a União Europeia, mas não obteve sucesso. Outra ideia é expandir acordos bilaterais com países da região, bem como aumentar a presença diplomática da Ucrânia com abertura de embaixadas na Colômbia, Panamá, Paraguai, Guiana e Uruguai.

A ideia é envolver os países da Celac no tema da Ucrânia em temas como alimentos e reabilitação de veteranos ucranianos. Este esforço ucraniano de se aproximar da América Latina e realizar uma cúpula de paz ocorre em um dos momentos mais vulneráveis da Ucrânia nesta guerra. A Rússia abriu uma nova frente de batalha na região de Kharkiv, a segunda maior do país, o que expõe as frentes do sul e do leste. A Rússia também tem feito exercícios com armas nucleares táticas, em um sinal ao Ocidente. Enquanto isso, Zelenski está em uma cruzada para convencer os Estados Unidos a permitirem o uso de suas armas para atacar o território russo. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.