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16/May/2024

Juros: Brasil pode encerrar ciclo de corte das taxas

Divulgada na terça-feira (14/05), a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que terminou com a redução da Selic em 0,25%, de 10,75% para 10,5% ao ano, reforçou a preocupação do Banco Central com a trajetória da inflação e, na avaliação de analistas, deixou a porta aberta para um cenário que não estava no radar de ninguém até agora: o fim imediato do ciclo de cortes da taxa básica de juros, que fecharia o ano ainda em dois dígitos. A ata trouxe duas mensagens. A primeira, de que o racha entre os quatro diretores indicados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para o Banco Central, e que defenderam um corte maior para a Selic, de 0,5%, e os outros cinco integrantes do Copom tinha a ver com a forma de comunicação do Banco Central, e não com uma possível leniência com a inflação, principal temor do mercado. A outra mensagem diz respeito aos próximos passos da política monetária.

Apesar da divisão na hora de arbitrar um índice de corte para a Selic, todos os nove diretores entenderam que, em função das projeções para a inflação, é preciso uma política mais contracionista, mais cautelosa e sem indicações sobre os próximos passos. Segundo a ata, essa é a posição mais apropriada diante do cenário global incerto e do cenário doméstico marcado por resiliência na atividade e expectativas desancoradas. Além disso, diz que é preciso “ancorar” as expectativas, ou seja, levar as projeções de mercado para a meta de 3% nos próximos anos. Todos corroboraram o entendimento de que a extensão e a adequação de ajustes futuros na taxa de juros serão ditadas pelo firme compromisso de convergência da inflação à meta. O cenário de aperto monetário já apareceu no resultado de pesquisa feita que consultou 38 instituições financeiras, entre bancos e administradores de recursos. A mediana para a Selic subiu de 9,75% para 10% agora em 2024.

A previsão de data para encerramento do atual ciclo de corte, que antes era em setembro, agora foi puxada para junho. Segundo o Itaú, a ata do Copom veio bastante dura e abriu a porta para o fim do ciclo de flexibilização. Por ora, o banco ainda vê o Copom reduzindo o juro básico em 0,25% na reunião de junho, com a Selic parando em 10,25%, seguido por uma pausa prolongada. A projeção anterior do banco era de 9,75%. O Banco Inter também trabalha, neste momento, com mais uma queda de 0,25% na reunião de junho. Mas não descarta que, a depender da conjuntura, o Banco Central opte por parar de cortar o juro já no próximo encontro. A ata deixou claro que os próximos passos do comitê estão em aberto e que ainda não há consenso entre os membros do colegiado sobre qual será o nível da Selic ao fim do atual ciclo de cortes. O tamanho da restrição monetária suficiente para a reancoragem de expectativas ainda é a principal dúvida. Alguns analistas, porém, já trabalham com uma taxa final da Selic em 10,5% ao ano, que é o patamar atual. É o caso da Ativa Investimentos, que avalia a perspectiva de um novo corte de juros vai contra o rigor da ata.

O cenário-base da corretora incorporou a reunião deste mês como sendo a da última redução da Selic, que fecharia o ano, então, em 10,5%. A XP Investimentos também passou a prever no seu cenário a possibilidade de fim do ciclo de redução da Selic. Usando um modelo similar ao do Copom, os cálculos sugerem que a taxa Selic em ou acima da projeção de 10% seria necessária para trazer a projeção de inflação de 2025 para a meta. Especialmente porque há expectativa de mercado de 2025 subindo ainda mais nas próximas semanas. Para o BTG Pactual, a ata foi muito clara ao apontar como o cenário se deteriorou desde o encontro anterior do colegiado, em março. Desta vez, houve por parte do comitê muito mais preocupação com o cenário doméstico do que com o cenário internacional. Com isso, o cenário-base do BTG hoje, de Selic em 10% ao fim do atual ciclo de afrouxamento, com mais duas reduções de 0,25%, é “otimista” e o ambiente está mais difícil para corte de juro. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.