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16/May/2024

RS: possibilidade de criação de “cidade provisória”

Na terça-feira (14/05), as condições climáticas agravaram a cheia do Lago Guaíba, que alcançou 5,21 metros às 14h (abaixo do recorde histórico de 5,30 metros da semana passada, só que mais de 2 metros acima da cota de inundação). A situação da enchente piorou sobretudo em bairros ao sul de Porto Alegre, como o Lami, onde a população foi retirada pela Defesa Civil. Com mais de 500 mil de desalojados, o governo do Estado já planeja erguer emergencialmente cerca de 5 mil casas e a prefeitura cogita uma ‘cidade provisória’. O avanço das águas de importantes rios do Rio Grande do Sul em direção à região metropolitana, após chuvas intensas no fim de semana, levou ao esvaziamento de mais áreas na noite de segunda-feira (13/05), com a saída de famílias do Lami.

Como grande parte do Rio Grande do Sul, a capital está em estado de calamidade. Há desabastecimento parcial de água e energia, escassez de mantimentos em mercados e diversos bloqueios em vias e estradas do entorno. Segundo a prefeitura, cerca de 157,7 mil pessoas e 39,4 mil edificações foram diretamente atingidas. Os bairros mais afetados foram Arquipélago, Sarandi, Menino Deus, Farrapos, Humaitá, Cidade Baixa, Floresta, Centro Histórico, Ponta Grossa, São Geraldo, Navegantes e Lami. Em todo o Estado, segundo a Defesa Civil, ao menos 2,1 milhões de pessoas foram afetadas pelos temporais, que já atingiram 450 dos 497 municípios. A contagem de desalojados é de 538 mil, sendo que quase 77 mil estão sendo acolhidos em abrigos. As chuvas já provocaram 148 mortes e 124 desaparecimentos.

É quase uma “enchente dentro da enchente”, pois a inundação prosseguia nas ilhas e em diversos bairros das zonas norte, sul e central quando o Guaíba voltou a subir em Porto Alegre. Especialmente no extremo sul, o vento e grande volume de água criou ondas, assustando moradores de bairros da orla, como Belém Novo. Diferentemente do centro, que é protegido por um sistema de diques, a região está diretamente exposta à cheia do Guaíba. De acordo com a agência MetSul, o fenômeno se intensificou com o represamento das águas ao norte da Lagoa dos Patos, motivado pelo vento do quadrante sul, juntamente com a chegada da vazão do Rio Taquari. O resultado foi a rápida elevação do nível do lago desde a madrugada.

Boletim do Instituto de Pesquisas Hidráulicas (IPH), da UFRGS, destaca que a previsão é de estabilização em nível elevado acima dos 5 metros após o repique, com recessão lenta nos próximos dias. A principal preocupação é a atual elevação de níveis em função das chuvas ocorridas e efeito do vento, e a duração em níveis elevados. Além do aumento do nível do Guaíba, o transbordamento parcial de uma barragem na segunda-feira (13/05), trouxe apreensão a moradores da Lomba do Sabão, no limite de Porto Alegre com o município de Viamão. A prefeitura orientou a saída de moradores do entorno, mas tem ressaltado que não há risco de rompimento. Cresce ainda a busca por alternativas para os desalojados.

As autoridades consideram que é inviável manter os abrigos em funcionamento por muito tempo. Isso porque muitos locais de acolhimento funcionam em escolas e instituições privadas. A prefeitura de Porto Alegre já entrou em contato com o governo federal e planeja construir uma “cidade provisória” para receber cerca de 10 mil pessoas no Porto Seco, na zona norte da capital. A região, não afetada por enchentes, que recebe o desfile das escolas de samba, abrigaria 5 mil barracas, além de uma infraestrutura com mercado e escola. A construção dessa “cidade” facilitaria, por exemplo, o remanejamento de crianças em escolas, já que também será necessária uma reorganização da rede educacional. A segurança seria das Forças Armadas.

A Secretaria Estadual de Habitação e Regularização Fundiária adiantou que o governo planeja construir num primeiro momento cerca de 5 mil casas, entre moradias temporárias e permanentes, que devem estar prontas em até quatro meses. O número ainda não está fechado e deve ser anunciado em breve pelo governador Eduardo Leite (PSDB). Após essa primeira fase, o governo estima que seja necessária, no total, a construção de cerca de 20 mil casas em todo o Estado. Além da construção das habitações para população de baixa renda, o governo estadual estuda a possibilidade de dar subsídios para famílias de classe média financiarem novos imóveis ou fazerem reformas. Algumas pessoas já não têm condições de fazer financiamento, pois fizeram financiamento na primeira enchente, a água veio e levou tudo. Fizeram financiamento para a segunda enchente (nos dois casos em 2023), a água veio e levou tudo, então não aguentam mais fazer financiamento.

A Alvarez&Marsal (A&M) firmou acordo com a prefeitura de Porto Alegre e com o governo do Estado do Rio Grande do Sul para elaboração do plano de reconstrução da infraestrutura do município por conta das enchentes recentes. Segundo a consultoria, a equipe da A&M com dedicação pro-bono vai trabalhar por 30 dias na elaboração de plano macro preliminar para reconstrução da capital e do Estado. Posteriormente, caso permaneça no projeto, deverá haver cobrança pelo serviço. No momento, a equipe concentra seus esforços no diagnóstico e no plano emergencial de ações e, tão logo tenha a estrutura, apresentará cronograma para implementação. A A&M prestou consultoria à gestão pública no furacão Katrina, que destruiu Nova Orleans (EUA). Também no rompimento das barragens de Mariana e Brumadinho, ambas em Minas Gerais. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.