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14/May/2024

Desafios para reconstrução total do Estado do RS

O Brasil está diante de um desafio inaudito em sua história recente: reconstruir uma unidade inteira da Federação, destruída como se tivesse passado por uma guerra. A tragédia climática e humanitária que se abateu sobre o Rio Grande do Sul paralisou a vida de milhões de concidadãos em nada menos que 428 dos 497 municípios do Estado. Não se trata, portanto, da prestação de socorro pontual aos moradores de um determinado bairro, região ou mesmo de uma cidade, o que já seria delicado. É um Estado, com seus cerca de 11 milhões de habitantes, que agora depende que o País lhe estenda as mãos para recobrar o prumo. É fundamental que a sociedade tenha a exata compreensão da faina sem precedentes que se avizinha. Será o desafio de uma geração, não de gaúchos, mas de brasileiros. Embora ainda não sejam plenamente conhecidos, os sacrifícios e as escolhas que precisarão ser feitos para o sucesso do apoio material de que o rio Grande do Sul necessita não serão triviais. O governo federal, por exemplo, anunciou há poucos dias um pacote de medidas de socorro ao Rio Grande do Sul no valor de R$ 50,9 bilhões.

Numa primeira estimativa, o governador do Estado, Eduardo Leite (PSDB), calculou que R$ 19 bilhões serão necessários para bancar a reconstrução. Por sua vez, especialistas estimam que os trabalhos não custarão menos que R$ 90 bilhões. Essa expressiva disparidade entre os números retrata muito bem o ineditismo de uma adversidade dessa dimensão. Hoje, com muitas cidades ainda debaixo d’água, não é possível nem sequer identificar todos os danos causados pelas enchentes, que dirá quantificar prejuízos e estimar investimentos necessários para que os cidadãos afetados possam voltar a viver, no mínimo, em condições próximas das que viviam antes que a primeira gota de chuva virasse do avesso a realidade conhecida por eles até então. Tamanha incerteza deve ensejar um preparo para que a gravidade do problema seja ainda maior do que agora está circunscrito apenas à imaginação. Para começar, não se pode perder de vista que se está tratando da reconstrução de um Estado que representa, sozinho, cerca de 6% do PIB nacional, atrás apenas de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais.

Portanto, quanto mais coesa for a aliança pela recuperação do Rio Grande do Sul, mais rápida ela será e, consequentemente, menor será o baque econômico para o Brasil como um todo. O Estado é um dos mais importantes produtores agropecuários do País, contribuindo muitíssimo para o sucesso do segmento mais pujante da economia brasileira. Ajudar o Rio Grande do Sul, que já seria um imperativo moral, ainda se desvela como uma ação estratégica para o Brasil. Guardadas as devidas proporções, os desdobramentos das enchentes no Rio Grande do Sul representarão para o Brasil, por muitos anos à frente, o que o furacão Katrina representou não só para a Louisiana, mas para todos os Estados Unidos. Até hoje, passados quase 20 anos, os norte-americanos ainda lidam com consequências da tragédia que devastou Nova Orleans e outras cidades de pelo menos três Estados (Louisiana, Alabama e Mississippi). Muitos norte-americanos que se veem até hoje desabrigados ou desalojados, a ponto de compor uma rota de êxodo interno incessante pelos Estados Unidos, ainda estão tentando reconstruir suas vidas.

Não é improvável que no Rio Grande do Sul um fenômeno semelhante venha a ser observado. A sociedade precisa ter consciência de que anos muito difíceis virão. Reerguer o Rio Grande do Sul e amparar seu povo não será a missão principal e exclusiva dos atuais governos estadual e federal, mas dos próximos dois ou três. Essa perspectiva, antes de assustar, deve servir de estímulo para que a coragem, a tenacidade e a união do País floresçam nesta hora grave. Há motivos para acreditar nisso. Quando o resgate de um simples cavalo captura os corações e mentes dos brasileiros, tem-se a esperança de que a recuperação do Rio Grande do Sul, que certamente será custosa, lenta e muito trabalhosa, ao fim será bem-sucedida. No sábado (11/05), foi publicada em edição extra do Diário Oficial, uma Medida Provisória abriu crédito extraordinário de R$ 12,2 bilhões para ações no Rio Grande do Sul. Com esse valor, o total já liberado pelo governo para a região supera R$ 60 bilhões. Os valores previstos na MP são para bancar ações emergenciais que estão em curso no Rio Grande do Sul.

Já os recursos para a reconstrução do Estado serão definidos em momento posterior, após a identificação da extensão do dano causado pelas fortes chuvas e enchentes. O tamanho da grandeza dos problemas só será visto quando a água baixar e quando os rios voltarem à normalidade, afirmou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O crédito extraordinário é uma das medidas do governo para não comprometer o orçamento dos ministérios, que já está em execução, e para garantir o atendimento e a retomada do Rio Grande do Sul. O valor total dos recursos da MP contempla medidas já anunciadas pelo governo, como parcelas extras do seguro-desemprego, assistência farmacêutica, contratação temporária de profissionais e para aquisição e equalização de 100 mil toneladas de arroz. Estão contempladas também ações que envolvem a reposição de medicamentos perdidos nas enchentes e ações da Defesa Civil e de atendimentos emergenciais executados pela Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal e Força Nacional. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.