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13/May/2024

RS: calamidade atinge cidades que mais exportam

A série de enchentes no Rio Grande do Sul deverá ter impacto sobre a capacidade do Estado de vender para o exterior. Mais da metade das 397 cidades com calamidade reconhecida pelo governo federal são exportadoras. Esses municípios venderam US$ 17,2 bilhões para outros países no ano passado. A cifra é equivalente a 80% das exportações do Estado em 2023, que totalizaram US$ 21,5 bilhões. Mesmo comparando com o País todo, as cifras não são desprezíveis: 5,08% dos US$ 339,7 bilhões exportados pelo Brasil no ano passado. Dos 261 municípios exportadores do Estado, 218 estão em situação de calamidade. Segue a lista dos 10 maiores exportadores Estado em 2023, e se estão ou não incluídos na situação de calamidade:

Rio Grande - US$ 3.523.591.401, sem calamidade reconhecida;

Passo Fundo - US$ 2.417.967.185, com calamidade reconhecida;

Porto Alegre - US$ 1.746.429.778, com calamidade reconhecida;

Santa Cruz do Sul - US$ 1.551.622.382, com calamidade reconhecida;

Triunfo - US$ 1.004.011.625, com calamidade reconhecida;

Venâncio Aires - US$ 997.609.804, com calamidade reconhecida;

Cruz Alta - US$ 982.916.796, com calamidade reconhecida;

Guaíba - US$ 945.463.632, com calamidade reconhecida;

Caxias do Sul - US$ 721.573.410, com calamidade reconhecida;

Santa Maria - US$ 526.597.431, com calamidade reconhecida.

Foi feito um cruzamento da lista de cidades em calamidade reconhecida pelo governo federal com os dados de comércio exterior disponíveis na plataforma ComexStat, do Ministério da Indústria e Comércio (MDIC). São considerados os domicílios fiscais das empresas.

Em Santa Cruz do Sul, as estrelas da pauta de exportação são o tabaco e produtos correlatos. A safra mais recente está praticamente toda em segurança, pois a região industrial da cidade não foi inundada. Os desafios são de infraestrutura. O problema são as prováveis dificuldades de transporte até Porto Alegre e Rio Grande, sede do porto usado para exportação, por meio de rodovias danificadas pelas enchentes. A próxima safra de tabaco poderá ser prejudicada. Muitas propriedades já fizeram a adubação, e a água lavou o solo (levando o adubo embora). Nunca houve uma tragédia social e econômica como essa para o Rio Grande do Sul.

Passo Fundo tem como principais itens para exportação produtos ligados aos grãos, como soja e óleo vegetal, e biocombustíveis. A empresa de biocombustíveis Be8 relatou que sua produção teve poucos contratempos porque é escoada principalmente pelo Porto de Paranaguá (PR) e para venda no Paraná e em São Paulo. As empresas da região central e do sul do Estado estão em situação pior. Serão grandes desafios nos próximos meses da reconstrução da logística.

Relatório da consultoria Cogo, especializada em agronegócio, aponta risco de o excesso de umidade reduzir a qualidade da soja no Rio Grande do Sul, e diz que dificilmente não haverá perdas. Também afirma que criadores gaúchos estão com dificuldades para obter ração e outros insumos e para transportar animais. "Alguns frigoríficos paralisaram as atividades, enquanto outros atuam com nível de abate reduzido", afirma o documento.

Indústria afetada

O fato de um município não estar em calamidade não significa situação normal para a população e para a economia. Triunfo, por exemplo, é a quinta maior exportadora do Estado. A Braskem anunciou uma parada programada em suas unidades na cidade antes de o local ter calamidade declarada pelo governo federal. O lugar responde por 30% da capacidade de produção de eteno da empresa no Brasil. A companhia retomará suas operações de forma gradual, após a normalização das condições climáticas.

As perdas econômicas são inestimáveis no momento. Uma infinidade de empresas, em todo Estado, teve suas dependências completamente comprometidas, afirma relatório da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs). Das 10 maiores exportadoras do Estado, a única que não está na lista de municípios com calamidade reconhecida é Rio Grande. A cidade fica no sul do Estado, que só agora começa a sentir os efeitos das chuvas.

Empresários de outros locais que exportam pelo Porto de Rio Grande começam a avaliar alternativas, como o Porto de Paranaguá, já que o transporte até o maior porto do Rio Grande do Sul está difícil por causa das estradas danificadas pelas enchentes. O governador Eduardo Leite (PSDB-RS) já disse que serão necessários ao menos R$ 19 bilhões para reconstruir o Estado.

Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.