06/May/2024
Breve análise dos impactos da catástrofe climática na agropecuária do Rio Grande do Sul:
- Arroz: O Rio Grande do Sul é o principal Estado produtor de arroz do Brasil. As intensas chuvas da semana passada têm o potencial de reduzir significativamente as rendas dos orizicultores do Estado. Trazem também preocupação com o abastecimento no Brasil e seus impactos custo de vida das famílias, especialmente as mais pobres. A colheita, que já estava bastante atrasada em relação a anos anteriores, pode ser ainda mais prejudicada. As recentes tempestades deixaram as lavouras debaixo d'água, inviabilizando as atividades. Além disso, algumas estradas estão interditadas, o que também dificulta o carregamento do cereal. Esse cenário aumenta as incertezas quanto à produtividade da safra 2023/2024. Dados do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga) divulgados no dia 22 de abril indicavam que, até aquele momento, a média era de 8.612 quilos por hectare no Estado.
- Soja: O Rio Grande do Sul é segundo maior Estado produtor de soja no Brasil. As precipitações em excesso retardam as atividades de campo e vêm gerando preocupações sobre a qualidade das lavouras. O excesso de umidade tende a elevar a acidez do óleo de soja, o que pode reduzir a oferta de boa qualidade deste subproduto, especialmente para a indústria alimentícia. De acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), no Brasil, já foram colhidos 90,5% da área de soja da safra 2023/2024. A Região Sul é a mais atrasada nos trabalhos de campo. No Rio Grande do Sul, as atividades somam 60%, contra 70% no mesmo período de 2023. A Emater-RS, por sua vez, indica que 76% da área do Estado havia sido colhida até o dia 2 de maio, inferior aos 83% na média dos últimos cinco anos. Em Santa Catarina, a colheita alcançou 57,6% da área, abaixo dos 82,8% há um ano (Conab).
- Milho: Para o milho, a colheita da safra de verão (1ª safra 2023/2024) está praticamente paralisada no Rio Grande do Sul. Segundo a Emater-RS, a colheita atingiu 83% da área estadual até o dia 2 de maio, avanço semanal de apenas 1%. No Paraná, segundo o Departamento de Economia Rural (Deral/Seab) foram colhidos 98% da área total até o dia 29 de abril, leve aumento de 1% ante a semana anterior. Em Santa Catarina, a colheita chegou a 93% no dia 28 de abril, segundo a Conab
- Frango, Suínos e Ovos: As fortes chuvas dos últimos dias têm prejudicado as negociações envolvendo frango, suínos e ovos. Com rodovias e pontes interditadas, o transporte do produto para atender à demanda local e de fora do Estado vem sendo comprometido. Além disso, os produtores relatam dificuldade em adquirir insumos, como rações e embalagens e caixas, no caso de ovos. Relatos de agentes também indicam que algumas propriedades de produção suinícola e avícola foram danificadas. Os agentes estão à espera de que a situação seja normalizada para que os prejuízos sejam calculados.
- Pecuária de Corte: Como as chuvas destruíram pontes e danificaram trechos de estradas, muitos lotes de bovinos para abate não conseguem ser transportados aos frigoríficos. Com isso, muitos compradores e vendedores estão fora do mercado nestes últimos dias, à espera de que a situação seja controlada.
- Cenoura: Dentre os produtos hortifrutícolas acompanhados, o mais prejudicado foi a cenoura. Ainda não foi possível levantar a extensão das perdas na região produtora de Caxias do Sul, mas o cenário é crítico. Em Vacaria, cidade localizada em uma altitude mais elevada, os impactos do temporal foram menos severos. Estima-se que as inundações resultem em uma janela de oferta e, em muitos casos, dificultem, inclusive, a retomada das áreas afetadas. De acordo com a prefeitura de Caxias do Sul, a barragem São Miguel está em estado de alerta. Sinal de evacuação já foi emitido, e, em caso de ruptura, tanto a área urbana quanto a rural correm risco de alagamento.
- Tomate e Batata: As safras de batata em Bom Jesus e de tomate em Caxias do Sul estão próximas do final, mas os danos neste encerramento de safra devem ser grandes, devido aos volumes e à duração das chuvas.
Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.