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03/May/2024

Brasil bate recorde em focos de queimadas em 2024

Segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisa Espaciais (Inpe), com mais de 17 mil focos de incêndios em quatro meses, o Brasil teve este ano o pior quadrimestre de queimadas desde 1998, quando os índices passaram a ser contabilizados no País. Foram exatas 17.182 queimadas de 1º de janeiro a 30 de abril, um aumento de 81% em relação ao mesmo período de 2023, quando houve 9.473. Em 2002, tinham sido 8.096. O recorde anterior havia sido em 2003, quando houve 16.888 focos no primeiro quadrimestre. No ranking sul-americano, o Brasil está atrás apenas da Venezuela, que teve 36.667 focos, e é seguido pela Colômbia, com 11.923. No dia 29 de abril, o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima declarou estado de emergência ambiental em razão do calor e da seca em18 Estados brasileiros e no Distrito Federal. Em Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, a medida foi antecipada devido às condições propícias para incêndios no Pantanal, que ocupa territórios dos dois Estados.

Além da ação humana em desmatamentos e no uso irregular do fogo que propiciam a ocorrência de incêndios, um fator climático favorece o cenário mais crítico este ano: o fenômeno El Niño vem causando redução de chuvas e ondas de calor principalmente na porção norte do País. A expectativa é de melhora nessas condições a partir de maio. A Amazônia responde por mais da metade das queimadas (52,2%) no quadrimestre, com 8.977 registros. O Cerrado, segundo em extensão, teve 4.575 (26,6%). Na Mata Atlântica foram detectados 1.768 (10,3%) e no Pantanal, 653 (3,8%), estes dois biomas são os ecossistemas mais ameaçados do País. A Caatinga teve 1.127 focos (6,6%) e o Pampa Gaúcho, 82 (0,5%). Por Estado, o maior número de queimadas foi registrado em Roraima, com 4.609 focos, alta de 281% em relação ao mesmo período de 2023, quando foram 1.209.

O Estado que abriga a terra indígena yanomami, tem fronteira com a Venezuela, país recordista em incêndios no quadrimestre. Mato Grosso passou de 1.975 para 4.131, alta de 109%. Em terceiro lugar, o Pará subiu de 576 para 1.058, aumento de 83%, seguido pela Bahia, que passou de 864 para 995 (15%) e Mato Grosso do Sul, que foi de 356 para 961 (169%). O Amapá teve o menor número de focos: apenas 6, redução de 40% em relação aos 10 focos no mesmo período de 2023. Por influência do El Niño, houve redução de chuvas principalmente no leste e norte da Amazônia, aumentando a probabilidade de incêndios florestais. Teve também muitas zonas de calor intenso. Esses fatores, aliados à dinâmica já conhecida de desmatamento e ação de garimpeiros, explicam o aumento das queimadas, principalmente em Roraima. Na Região Nordeste e em partes da Região Centro-Oeste, as chuvas também estiveram abaixo da média. A expectativa é de que o El Niño perca força a partir de maio.

Em março deste ano, o governo de Roraima decretou situação de emergência em 14 dos 15 municípios em razão da seca. De acordo com o decreto, o período prolongado de chuvas abaixo da média causava prejuízos à agricultura e pecuária, incêndios florestais e danos aos animais, à floresta e à população. O decreto autorizou a contratação de pessoal para atender à “necessidade temporária e excepcional”. No dia 1º de maio, o governo informou que foram contratados 240 brigadistas para reforçar o efetivo no combate aos incêndios e que a estiagem é uma das piores já enfrentadas nas últimas décadas. No Pantanal, que ocupa áreas de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, as chamas já consumiram 178 mil hectares este ano. Em fevereiro, um grande incêndio atingiu a região da Serra do Amolar, entre Cáceres e Corumbá, na fronteira de Mato Grosso do Sul com a Bolívia. O fogo queimou 2,7 mil hectares de um ecossistema considerado Patrimônio Natural da Humanidade.

Em Mato Grosso, focos de queimada atingiram o entorno do Parque das Águas, entre os municípios de Poconé e Barão de Melgaço, considerado o “paraíso das onças-pintadas”. O governo de Mato Grosso informou que investe cerca de R$ 70 milhões todos os anos para combater o desmatamento e as queimadas ilegais. Por se tratar de região protegida, o acesso é difícil, o que dificulta o combate às chamas. O governo de Mato Grosso do Sul iniciou, no Pantanal, o mapeamento dos pontos de acesso para facilitar a locomoção dos bombeiros em caso de ocorrência de incêndios. Uma das frentes atua na manutenção, reparos e limpeza de pontes e vias de acesso às áreas onde normalmente o fogo provoca estragos. O governo do Amapá informou que desde janeiro do ano passado realiza a operação Amapá Verde, de combate imediato às queimadas e crimes ambientais.

O Estado criou um comitê de mudanças climáticas e instituiu um plano de prevenção e controle do desmatamento, queimadas e incêndios florestais. Em seu site oficial, o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, informa que está em fase de implementação um plano de prevenção e controle do desmatamento e queimadas para os biomas Amazônia, Cerrado, Caatinga, Mata Atlântica e Pampa. Seminários técnico-científicos com os governos locais e organizações sociais foram realizados em quatro biomas, faltando apenas a Mata Atlântica, em data a ser definida. O governo federal autorizou, desde o início do ano, a contratação de 3.200 brigadistas, que já estão atuando prioritariamente em áreas federais, especialmente unidades de conservação e em terras indígenas. O Ministério do Meio Ambiente informou ainda que articula com os governos estaduais ações integradas para prevenção e controle dos incêndios.

Na atual gestão, já foram disponibilizados R$ 405 milhões do Fundo Amazônia para os Corpos de Bombeiros dos nove Estados da Amazônia Legal. Outra nota divulgada pelo Ministério do Meio Ambiente diz ter havido uma redução de 50% da área sob alerta de desmatamento na Amazônia em 2023, em comparação com 2022. De janeiro a março passados, 34% dos focos de incêndio nesse bioma ocorreram em áreas de vegetação primária e 9% em áreas com desmatamento recente. De sua parte, o governo de Mato Grosso do Sul disse que iniciou, no Pantanal, o mapeamento dos pontos de acesso para facilitar a locomoção dos bombeiros em caso de ocorrência de incêndios. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.