30/Apr/2024
De acordo com uma pesquisa da agência de marketing digital Macfor, produtos e serviços embalados ou caracterizados com roupagem de apelo feminino (quase sempre em tons rosa) podem custar até o dobro do preço de seus similares neutros. Mas, essa tática usada para o sobrepreço, chamada de "taxa rosa", é desconhecida pela maioria dos consumidores brasileiros. Dos consumidores ouvidos pela empresa, cerca de 56% desconheciam o conceito de "taxa rosa" ("pink tax"). Menos de um terço (31,7%) dos entrevistados acreditava que o tema tinha alta relevância e afetava suas rotinas de consumo. A pesquisa foi conduzida online com mais de 3 mil entrevistados de diferentes regiões do País, entre os dias 27 de fevereiro e 7 de março deste ano. Outro levantamento feito em março, também pela Macfor, encontrou disparidades de preços de até 92,79% entre produtos iguais, de mesma marca e vendidos no mesmo estabelecimento comercial, tendo como diferença apenas a cor.
Tons rosas, personagens e motivos que remetiam ao gênero feminino tornavam os produtos mais caros do que seus similares neutros ou masculinos. Uma caneta rosa, por exemplo, era vendida a R$ 9,62, ante R$ 4,99 por uma idêntica de cor amarela. Já um mordedor infantil rosa custava R$ 41,99, 40,01% mais cara que o mesmo modelo em azul. A pesquisa encontrou ainda uma diferença de 10,72% entre um chinelo azul e um rosa, vendido por R$ 15,49. O mesmo acontecia com um copo infantil rosa, que era negociado a R$ 32,99, 10% mais caro que um copo preto da mesma marca e para a mesma faixa etária. Segundo a Macfor, as mulheres são vistas como mais vulneráveis à aquisição de produtos por um impulso emocional, e algumas marcas se aproveitam disso para cobrar mais caro apenas por uma embalagem com roupagem mais feminina.
Um termogênico (suplemento para perder peso), por exemplo, que não é para homem, é simplesmente um termogênico. Ele vai ter um preço. Um termogênico que é exclusivamente para mulheres, que é rosa e vai trazer benefícios específicos para mulheres, vai ser num preço muito mais caro. Só que, quando se olha a composição, é exatamente igual (ao neutro). As empresas acabam empacotando isso nesses 'benefícios' que têm muita ligação com o emocional, para mexer justamente com esses aspectos femininos. E acabam usando isso para vender mais caro, porque sabem que a mulher vai pagar mais caro se ela entender que aquilo ali vai deixá-la mais bonita. Segundo a pesquisa, 33,3% dos entrevistados tendem a sempre preferir produtos destinados a mulheres, em vez de produtos comuns. A mesma proporção de consultados (33,3%) tem a percepção de que há mais valor em produtos destinados a mulheres do que nos neutros.
Apenas 27% relataram ter deixado de comprar algo destinado ao público feminino por conta da diferença de preço. Além das armadilhas do marketing de consumo, a mulher ainda enfrenta como desafio ao orçamento doméstico um mercado de trabalho em que persistem as disparidades salariais entre os gêneros. A renda média real das mulheres que trabalhavam no quarto trimestre de 2023 era de R$ 2.562, cerca de 21% a menor do que os R$ 3.233 recebidos pelos homens, de acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), apurada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). É uma situação que reduz o poder de compra da mulher e, além disso, faz ela comprar mais caro. A estratégia de sobrepreço em itens voltados ao público feminino foi mais percebida pelos entrevistados no segmento de beleza e perfumaria (98,30% viam incidência da "taxa rosa" nesse setor), seguido por moda e acessórios (89,70%), serviços em geral (24,10%) e decoração (22,40%). Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.