30/Apr/2024
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que, em 2023, mais de 20 milhões de brasileiros viviam em domicílios que tinham dificuldade de acesso adequado à comida. Entre eles, 8,7 milhões moravam em domicílios com insegurança alimentar grave. Foi o primeiro dado sobre insegurança alimentar produzido pelo IBGE em cinco anos. Embora tenha exibido alguns números melhores quando comparados ao período 2017/2018, o País está pior do que estava dez anos atrás. Em 2013, eram 7,2 milhões de brasileiros vivendo em domicílios com grau de insegurança alimentar grave. Ou seja, um dos maiores exportadores de alimentos do planeta, capaz de abastecer toda a sua população e alimentar centenas de milhões mundo afora, continua a submeter milhões de seus cidadãos à incerteza do que comer.
A nova pesquisa mostrou que 27,6% das casas no País, onde moram mais de 64 milhões de pessoas, vivem com algum tipo de insegurança alimentar, percentual menor do que os 36,7% de 2017/2018, mas superior aos 22,6% de 2013. A pesquisa classifica domicílios de acordo com a vulnerabilidade no acesso aos alimentos, tanto em quantidade suficiente como em qualidade adequada. Faz também a distinção entre adultos e crianças, ou seja, é insegurança alimentar “moderada” quando há redução da quantidade ou ruptura dos padrões de alimentação entre os adultos e “grave” quando atinge as crianças que residem no domicílio. É inadmissível um país que aspira a ser respeitado pela comunidade internacional como potência econômica, geopolítica e ambiental permitir que haja entre seus cidadãos, um que seja, gente passando fome ou vivendo em insegurança alimentar.
Além da tragédia humanitária óbvia, esse é um problema que macula a imagem do Brasil como nação digna. O governo se apressou em comparar os números do IBGE a uma pesquisa divulgada em 2022, que apontou inacreditáveis 33 milhões de pessoas passando fome. Com padrões e metodologias distintos, a comparação junta ‘alhos com bugalhos’. Em muitos países, os níveis de insegurança alimentar grave, moderada ou leve se dão pela indisponibilidade da oferta de alimentos, agravada pela pandemia de Covid-19 e pelas mudanças climáticas. O problema brasileiro é de outra ordem: deriva, sobretudo, da renda baixa e incerta, da ausência de oportunidades de emprego, da falta de capacitação para os empregos existentes e das limitações de acesso a recursos produtivos. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.