23/Apr/2024
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) divulgou relatórios com dados de monitoramento, dos anos de 2020 e 2021, sobre o acordo firmado entre o Ministério da Saúde e a indústria alimentícia para a diminuição dos teores de sódio e açúcar nos produtos. Essas substâncias estão associadas ao aumento da obesidade e de problemas cardiovasculares, entre outros. Do total de produtos analisados, 28% não atingiram as metas estabelecidas de redução de sódio. As categorias mais críticas são as de biscoito salgado, bolos prontos sem recheio, hambúrgueres, misturas para bolo aerado, mortadela conservada em refrigeração, pães de forma, queijo muçarela e requeijão. No caso dos açúcares, 81,8% dos produtos dos 11 grupos avaliados tinham teor médio dentro dos limites definidos pelo Ministério da Saúde. Logo, 18,2% não cumpriram o acordo. Entre as categorias, biscoitos doces sem recheio e tipo wafers foram as que não alcançaram o estipulado.
O Plano Nacional de Redução do Sódio em Alimentos Industrializados surgiu em 2011, tendo como base recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS), que colocava o sódio entre as substâncias que precisam ser reduzidas à mesa. O excesso tem sido associado ao aumento da pressão arterial, situação intimamente associada à ocorrência de enfarte e AVC. Estudos mostram que a população do País tende a consumir 12 gramas de cloreto de sódio, o sal de cozinha, por dia, mais do que o dobro do recomendado. O mesmo exagero se nota em relação aos açúcares. No Brasil se consome, em média, 80 gramas por dia, quando o ideal é não ultrapassar de 50 gramas. Há quem diga que a predileção tem relação com a fartura de cana-de-açúcar dos tempos coloniais e seria ainda influência gastronômica dos portugueses. O abuso do açúcar contribui para a obesidade. Diversos estudos apontam elos com o ganho de peso e o aumento de risco de diabete, entre outras doenças.
Assim, e seguindo um movimento mundial, em 2018 se firmou um pacto voluntário para diminuir seu teor nos produtos. Para o Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde da Universidade de São Paulo (USP), ao permitir que o próprio setor produtivo determine os limites, os números tendem ser mais altos do que os ideais para não ter impacto negativo à saúde. E, ainda assim, os últimos relatórios mostram um percentual que não cumpriu as metas. A Associação Brasileira da Indústria de Alimentos (Abia) explica que o monitoramento da Anvisa, que gerou os dados divulgados em março, tomou como base todo o mercado, e não somente produtos das empresas associadas às entidades que assinaram o acordo. Não se tem conhecimento sobre os tipos analisados, tampouco as marcas, não sendo possível, dessa forma, considerar os resultados divulgados para fins do cumprimento das metas estabelecidas, afirmou a Abia. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.