22/Apr/2024
O diretor de Comércio da Comissão Europeia e negociador-chefe da União Europeia (UE) para o acordo do bloco com o Mercosul, Rupert Schlegelmilch, estará no Brasil a partir desta segunda-feira (22/04) em um momento considerado crítico para os dois lados. De acordo com fontes da área diplomática de vários países, a intenção é buscar a preservação dos avanços obtidos nos últimos tempos para o acordo de livre comércio entre as duas partes há mais de 20 anos. Há poucas chances, porém, de haver um ponto final no curto prazo, segundo interlocutores, nas negociações que tiveram início em 1999. A agenda de Schlegelmilch dos dias 22 a 30 de abril prevê viagem a todas as capitais do Mercosul e reuniões com autoridades, líderes empresariais, sindicatos, câmaras de comércio e agricultura dos quatro países do bloco. Um ponto crucial da sua passagem pelo território dos integrantes do grupo do Sul são as reuniões bilaterais com os quatro negociadores-chefes da região.
A intenção é manter a ideia, com bases técnicas, de que as discussões em torno do acordo estão "vivas". Durante a gestão de Jair Bolsonaro, União Europeia e Mercosul chegaram finalmente a um consenso, após duas décadas de discussões. O próximo passo seria referendar o tratado pelos parlamentos de todos os países envolvidos, mas tanto o bloco do Sul quanto o do Norte encontraram empecilhos para que o processo fosse adiante. Enquanto o presidente Luiz Inácio Lula da Silva avalia que o acordo está muito mais favorável aos europeus, o bloco do Norte passou a apresentar novas e mais duras exigências para o meio ambiente nos países do Sul. Paralelamente a isso, agricultores europeus, principalmente da França, têm reivindicado proteção comercial e subsídios, o que vai contra os princípios do tratado. Por isso é que, durante a visita ao Brasil este ano, o presidente do país, Emmanuel Macron, e Lula evitaram tocar no assunto publicamente. Em 9 de junho, haverá eleições para o Parlamento Europeu. No momento, é nessa sucessão que os políticos locais estão interessados.
Além disso, os novos representantes podem apresentar novos vieses para o tratado. A chegada de Schlegelmilch ao Brasil revela, porém, que as costuras ainda continuam no campo diplomático. O Brasil tem pressa na aprovação porque a Europa passará por eleições parlamentares nos próximos meses, o que dificulta o ambiente para uma aprovação. Além disso, a Bélgica encerra no fim do primeiro semestre deste ano a participação como presidente da Comissão Europeia. Antes disso, foi a Espanha, um país considerado "amigo" do Mercosul. Na sequência, a partir de julho, o comando ficará com a Hungria, cujo governo tem posições ideológicas diferentes das do Brasil. Em participações em reuniões para tratar do tema nos últimos anos, o negociador salientou que o setor privado de ambos os blocos entende a importância do acordo Mercosul-UE e tem feito esforços conjuntos para impulsioná-lo. Também enfatizou que as questões ambientais envolvendo o Brasil e vizinhos precisa ser parte da solução, e não do problema entre as partes. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.