17/Apr/2024
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que o cenário externo explica dois terços do que está acontecendo no Brasil, ao ser questionado sobre a valorização do dólar frente ao Real. O mundo está atento ao que está acontecendo nos Estados Unidos e o dólar está se valorizando frente às demais moedas. Pesam a atividade econômica nos Estados Unidos, a inflação norte-americana de março, o conflito no Oriente Médio, que escalou e ninguém sabe como vai se desdobrar, e o preço do petróleo. Isso não explica tudo o que está acontecendo no Brasil, mas explica dois terços. Ele enfatizou que está havendo uma reprecificação de ativos no mundo inteiro.
Haddad ponderou que o México está sofrendo mais do que o Brasil. O peso mexicano está sofrendo mais do que o Real brasileiro, em virtude do fato de que está reprecificando. A Indonésia também. O ministro admitiu que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva precisa dar melhores explicações quanto ao rumo das contas públicas no Brasil. O País está gastando mais do que arrecada há 10 anos e isso não está promovendo crescimento econômico. O governo queria antecipar o quanto antes o equilíbrio fiscal, mas em uma democracia é preciso negociar as medidas com o Congresso. Ele previu que a despesa vai cair para baixo de 19% do Produto Interno Bruto (PIB) e a receita vai superar os 18% neste ano.
Haddad afirmou ainda que esses percentuais podem sofrer alguma alteração a depender do futuro das medidas que o governo enviou para o Congresso. O ministro afirmou que o déficit primário brasileiro vai cair, mas não no nível que o governo gostaria. O déficit primário, que há 10 anos supera 1,5% do PIB, vai cair para um patamar que não é o que o governo gostaria. Mas, a situação atual exige a negociação de todas as medidas, caso a caso e, em geral, com perdas. Nessas negociações, o Ministério da Fazenda acaba ficando desfalcado de algum pedaço que era importante para o fechamento das contas. Haddad enfatizou que a Fazenda estabeleceu uma trajetória consistente com o equilíbrio da dívida pública mais factível à luz dos movimentos do Congresso Nacional nos últimos 15 meses do governo.
O objetivo é passar aos investidores e à sociedade uma meta mais consistente do que a que foi apresentada em março do ano passado. O governo aprendeu, de março do ano passado para cá, que nem tudo que é considerado justo e que vai na direção correta, vai ser recebido pelo Congresso com a mesma sensibilidade. Conforme o ministro, o trabalho nas contas públicas está sendo feito e vai continuar. Não há razão para imaginar que os fundamentos da economia brasileira não estejam melhorando, inclusive porque a economia está crescendo e o crescimento é parte da solução dos problemas das contas públicas.
O ministro afirmou que o reajuste para cima nas projeções do mercado para a Selic é um movimento de curto prazo e natural, considerando "más notícias" no cenário externo e perturbação interna como os casos envolvendo a atuação do governo junto à Vale e à Petrobras. Segundo Haddad, tiveram "vários arranhões" que chamaram a atenção do mercado, mas os fundamentos da economia brasileira estão melhores do que um ano atrás, tanto do ponto de vista da receita quanto do ponto de vista da despesa. O País não terá nem o gasto primário e nem a receita vista no ano passado. Ambos serão melhores. A receita vai ser bem melhor, a despesa vai ser bem menor, disse o ministro. As fontes para uma arrecadação melhor são as medidas enviadas ao Congresso.
Quanto a um possível esgotamento, Haddad disse que há outras ações surgindo no front e que podem render mais receitas ao governo. A renovação da desoneração e, sobretudo, a questão dos municípios, nem estava no radar, mencionou. O ministro voltou a defender mais cortes de juros no Brasil, pois o País está com a taxa ainda muito aberta em relação ao resto do mundo. Ainda há espaço de política monetária. O Brasil começou a cortar muito recentemente. Ele ponderou, contudo, que a decisão quanto ao rumo da política monetária está nas mãos do Banco Central (BC). A autoridade monetária vai saber julgar a conveniência.
Haddad disse que está recebendo relatórios praticamente de hora em hora sobre o que está acontecendo no mundo e que, à luz dos episódios recentes, internos e externos, é necessário reendereçar questões e buscar o melhor para o País. Haddad, afirmou que não vê razão para ruído no mercado em decorrência da mudança da meta fiscal para os próximos anos. O alvo de 2025 foi diminuído de um superávit de 0,5% do PIB para zero. Para este ano, foi mantida a meta de zero. Já a de 2026 caiu de 1% para 0,25%. O ajuste que foi feito para, à luz do aprendizado de mais de um ano, estabelecer uma trajetória que está completamente em linha com o que se espera no médio prazo de estabilidade da dívida. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.