17/Apr/2024

O Fundo Monetário Internacional (FMI), em seu Relatório de Estabilidade Financeira Global (GFSR), publicado nesta terça-feira (16/04), alerta para o risco de uma piora nas tensões geopolíticas restringirem ainda mais as condições financeiras globais e causarem uma fuga de capitais de mercados emergentes, o que inclui o Brasil. No fim de semana, o Irã atacou Israel e elevou a preocupação da comunidade internacional com a escalada dos conflitos no Oriente Médio. O foco dos mercados é saber agora como o governo israelense vai responder em meio aos pedidos de países aliados como, por exemplo, os Estados Unidos, para que a guerra não se escale ainda mais. Se as condições financeiras globais se tornarem mais restritivas, poderão surgir pressões de saída de capitais nos mercados emergentes, colocando as moedas e outros ativos sob pressão de baixa. Antes mesmo de o Irã reagir ao ataque de Israel a um consulado iraniano em Damasco, na Síria, no início do mês, os mercados emergentes já começaram a sentir maior pressão do aperto das condições financeiras em meio à resistência da inflação nos Estados Unidos.

Os mercados acionários da América Latina registraram saídas de US$ 500 milhões na semana encerrada no dia 10 de abril, o volume mais elevado desde setembro de 2023, segundo o Bank of America. No acumulado do ano, US$ 2,7 bilhões já deixaram esses mercados. Apesar disso, o FMI reconhece que os principais mercados emergentes resistiram bem aos aumentos das taxas de juros ao longo dos últimos anos, demonstrando resiliência após melhora dos quadros políticos. Mas, uma piora nas tensões geopolíticas e perturbações nas cadeias de abastecimento e de commodities podem pesar na trajetória da inflação e na condução da política monetária. Nesse cenário, os bancos centrais devem permanecer "vigilantes" na última milha da luta contra os preços. As tensões geopolíticas podem intensificar-se e pesar no sentimento dos investidores.

Olhando à frente, alguns investidores parecem antecipar que as pressões sobre os preços poderão não diminuir rapidamente. Como resultado as expectativas de inflação nas principais economias durante os próximos um ou dois anos têm subido novamente. É importante ressaltar que a inflação permanece acima das metas dos bancos centrais de 2%, como na França, no Reino Unido e nos Estados Unidos, ou 3%, como no Brasil e no México. Um cenário em que as condições financeiras ficariam mais apertadas poderia exacerbar as fragilidades existentes. Além do impacto para países emergentes, os mercados imobiliários, em especial, os comerciais, que enfrentam perspectivas fracas. Os mutuários nos mercados imobiliários, especialmente certos segmentos de imóveis comerciais com fracas perspectivas, poderão enfrentar refinanciamentos difíceis e dispendiosos de empréstimos existentes, como os estimados US$ 600 bilhões de dívida imobiliária comercial dos Estados Unidos que vencem este ano. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.