ANÁLISES

AGRO


SOJA


MILHO


ARROZ


ALGODÃO


TRIGO


FEIJÃO


CANA


CAFÉ


CARNES


FLV


INSUMOS

16/Apr/2024

Oriente Médio: crise tem impacto limitado no Agro

Na avaliação do Insper, o acirramento dos conflitos no Oriente Médio, com ataque do Irã a Israel no sábado (13/04) como resposta a um bombardeio israelense na embaixada iraniana em Damasco, na Síria, não deve ter impacto no agronegócio brasileiro. Há um acirramento dos conflitos, mas não há uma escalada capaz de afetar os mercados agrícolas. Diante do posicionamento do Irã após os ataques, quando o país persa afirmou que tinha cessado as hostilidades, inda pode haver eventos pontuais, mas no momento eles são incapazes de afetar preços.

Poderia haver se acontecesse uma guerra de campo, com bombardeios, fechamento de fronteiras, mas não é o que está acontecendo. Uma coisa é Israel reagir a ataques do Hamas e do Hezbollah, mas atacar o Irã é uma operação mais complexa que dependeria de um apoio externo que Israel não tem neste momento. O que poderia acontecer de mais grave no momento é o aumento do preço do petróleo, mas a matéria-prima operava em baixa nesta segunda-feira (15/04). A elevação dos preços do petróleo sempre vai ter impacto nas cadeias de suprimento e nas economias do mundo inteiro.

Há um risco muito maior pelo lado do petróleo do que do comércio agrícola. Irã e Arábia Saudita são importantes para o agronegócio brasileiro. Esses são os países que mais importam do Brasil, particularmente milho, no caso do Irã, e carnes de aves e bovina, no caso da Arábia Saudita. Além disso, eles compram bastante açúcar, são esses os mercados que poderiam ter algum impacto específico. Hoje, o Irã atende por US$ 4,3 bilhões em compras do agro brasileiro, enquanto Arábia Saudita por US$ 2,7 bilhões. O Oriente Médio representa 9% de todas as exportações do agronegócio brasileiro.

O Brasil é o segundo maior fornecedor do agro para o Oriente Médio, ficando atrás apenas da União Europeia, que exporta mais produtos com valor agregado. As exportações para a região têm crescido cerca de 10% ao ano, com destaque para as carnes Halal (produzida a partir de animais abatidos conforme preceitos islâmicos). O Brasil é o principal fornecedor para a Arábia Saudita. Ao lado da China, a Arábia Saudita é o grande comprador de carne brasileira hoje. O milho tem uma importância muito grande no mercado iraniano. Muito antes de a China se abrir para o milho do Brasil, o Irã já era o maior comprador e ainda é muito relevante.

Para a FGV Agro, a escalada das tensões no Oriente Médio não deve afetar significativamente as cotações de grãos no mercado internacional. O impacto direto é bastante limitado e não deve abalar as tendências atuais de preços. O que pode haver é algum efeito no preço do barril do petróleo, mas as cotações da matéria-prima fecharam esta segunda-feira (15/04) em queda. Quanto às cotações de grãos no Brasil, os preços vão refletir muito mais o movimento das taxas de câmbio.

Ressalta-se os efeitos do conflito no câmbio, com valorização do dólar ante o Real, que estimula exportações de grãos, e podem levar os produtores a tentarem aproveitar para fazer novos negócios e o travar preços. Pode haver oportunidades, mas é algo muito pontual. O câmbio valorizado favorece o exportador, mas a tendência precisa ser consistente e não volátil como o que parece estar acontecendo agora. Para o exportador isso também é ruim, pois ele acaba tendo que assumir uma posição mais de especulador do que de exportador.

Além disso, a alta do câmbio pode beneficiar quem está vendendo, mas não é boa para quem precisa comprar insumos, como equipamentos e defensivos. Neste momento, o produtor está desenhando seus custos de produção, e essa alta pode ser ruim, pois não é uma alta estrutural, mas um choque geopolítico que deve se dissipar logo. Não há motivos para o atrito na região modificar alguma coisa na oferta e na demanda globais, pois Irã e principalmente Israel não são grandes compradores nem produtores de commodities como soja, milho e trigo. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.