15/Apr/2024
O Brasil vai às reuniões de Primavera do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial com foco no G20, sob sua liderança até o fim do ano. Os compromissos do cargo diminuem a agenda do País em Washington DC, onde ocorrem os encontros, em um momento em que o fiscal e o comando da Petrobras concentram as atenções no País. Enquanto isso, na pauta global, a inflação mais resistente, o que deve manter os juros altos por mais tempo, e elevadas dívidas de países de baixo rendimento mantêm a comunidade internacional sob alerta. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, lidera a comitiva do Brasil à capital dos Estados Unidos, que contará ainda com o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, além de secretários de ambos. O foco dos encontros será o G20, com a realização da segunda reunião de ministros das finanças. Desta vez, contudo, não estaria prevista a publicação de um comunicado em conjunto. As sessões serão apenas temáticas.
No primeiro encontro de ministros de finanças no G20, realizado em São Paulo, em fevereiro, a falta de consenso dos líderes do Grupo, que reúne as maiores economias do mundo, em torno da guerra da Ucrânia impediu a publicação de um posicionamento, repetindo o imbróglio de reuniões anteriores, sob a presidência da Índia. O foco no G20, porém, esvazia a pauta econômica do Brasil em Washington DC, enquanto o fiscal segue nos holofotes diante do risco da mudança da meta pelo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Na agenda de Haddad, está prevista apenas uma bilateral com a China, além de um encontro com investidores estrangeiros. O Ministério da Fazenda teria recebido mais de 20 pedidos para encontros em paralelo às reuniões de Primavera e ainda alguns represados do encontro ocorrido no Brasil em fevereiro, quando Haddad teve a sua agenda comprometida por ter sido diagnosticado com Covid-19.
Diante disso, e da prioridade dada aos trabalhos do G20, a estratégia de Haddad deve ser concentrar os encontros bilaterais com outros países no encontro do G7, que acontece na Itália, em junho. O G20 exige muito e, naturalmente, o ministro fica totalmente envolvido nas funções oficiais da presidência do Grupo. Por sua vez, no G7, o palco é mais fácil para reuniões bilaterais. Para não deixar a agenda econômica do Brasil em "segundo plano", Haddad decidiu chegar um dia antes em Washington DC, quando participará de um evento com investidores estrangeiros, organizado pela Câmara de Comércio dos Estados Unidos. Sob o tema 'Investindo na América Latina, as reformas econômicas do Brasil', o ministro fará uma conversa com o presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Ilan Goldfajn. Todas as suas agendas estão previstas para acontecerem em Washington DC. Por sua vez, o presidente do Banco Central deve esticar a viagem e ir a Nova York, para participar de agendas.
Investidores têm se queixado de pouca aparição de representantes do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva nos corredores de Wall Street. Inicialmente, Haddad também estava previsto ir a Nova York depois das reuniões de Primavera, mas o destino não está previsto na sua agenda. O ministro está planejando uma viagem à cidade, possivelmente na semana do clima, que ocorre em setembro. Na pauta global, as guerras na Ucrânia e no Oriente Médio, além das pressões inflacionárias nas economias ricas mantêm uma nuvem de incertezas na economia global, que deve seguir crescendo abaixo do seu potencial histórico. Estudo do Fundo Monetário Internacional (FMI) aponta que o Produto Interno Bruto (PIB) global deve manter expansão anual média de 2,8% até 2030, o que significa avançar 1% abaixo do vigor antes da Covid-19. Para o FMI, sem a correção do rumo, o mundo caminha para 20 anos ‘mornos’, de crescimento lento e decepcionante.
Outro tema que mantém alerta a comunidade internacional é a situação da dívida de países de baixo rendimento e o risco de uma crise iminente em um cenário de juros altos por mais tempo. A inflação mais resistente nos Estados Unidos tem adiado o início do corte de juros no país, que, agora, deve ficar para o segundo semestre. O FMI estima que ainda será demasiado difícil estabilizar a dívida em mais de um terço das economias avançadas e emergentes e em mais de um quarto dos países de baixo rendimento. O tema será um dos grandes temas de discussão das reuniões de Primavera. Nesse sentido, uma nova mesa redonda global sobre a dívida soberana deve ocorrer em Washington DC. Para o Banco Mundial, o fato de muitos dos países mais pobres do mundo estarem a enfrentar uma intensa crise da dívida, juntamente com a questão das taxas de juro altas e um crescimento global mais fraco e, mesmo com a valorização das moedas estrangeiras, é um problema grave e ninguém pode descartar. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.