02/Apr/2024
O dólar iniciou esta semana em forte alta no mercado doméstico de câmbio, acompanhando a onda de valorização da moeda americana no exterior, em meio a uma escalada das taxas dos Treasuries. Dados fortes da indústria dos Estados Unidos divulgados nesta segunda-feira (1º/04), somados à fala cautelosa do presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Jerome Powell, na última sexta-feira (29/03), lançam dúvidas sobre a magnitude de eventual ciclo de cortes de juros neste ano nos Estados Unidos. Após encerrar o primeiro trimestre com ganhos de 3,34%, já acima da barreira técnica e psicológica de R$ 5,00, o dólar até ensaiou uma queda na abertura dos negócios com dados positivos na China e valorização do minério de ferro.
Mas, a moeda trocou de sinal rapidamente e, com altas sucessivas, ultrapassou a faixa de R$ 5,05 por volta das 11h, em sintonia com o exterior. Com máxima a R$ 5,07 no início da tarde, o dólar terminou a sessão desta segunda-feira (1º/04), em alta de 0,87%, cotado R$ 5,05, maior nível de fechamento desde 13 de outubro do ano passado (R$ 5,08). O Real amargou o pior desempenho entre seus pares latino-americanos. Na comparação com as divisas emergentes e de exportadores de commodities mais relevantes, a moeda brasileira sofreu menos apenas que a coroa norueguesa e o florim húngaro. Segundo o Travelex Bank, saíram números de atividade mais fortes nos Estados Unidos e a inflação lá ainda está resiliente.
No Brasil, o panorama técnico é ruim já faz algum tempo, com a maioria dos fundos ainda muito 'vendidos' em dólar. O Real já tem desempenho pior que o do peso mexicano faz algum tempo e nesta segunda-feira (1º/04) teve essa perda mais forte. O México oferece aos investidores taxa de juros similar à do Brasil, mas tem dívida pública bem inferior em relação ao PIB. O PMI industrial dos Estados Unidos elaborado pelo Instituto para Gestão da Oferta (ISM) subiu de 47,8 em fevereiro para 50,3 em março, acima da previsão de analistas (48,5). Com leitura acima de 50, o indicador passou a espelhar expansão da atividade pela primeira vez desde setembro de 2022. As atenções se voltam agora para a divulgação de dados do mercado de trabalho nos Estados Unidos nos próximos dias, com destaque para o relatório oficial de emprego (payroll) de março, que será divulgado na sexta-feira (05/04).
A Azimut Brasil Wealth Management afirma que, em razão da força da atividade nos Estados Unidos, as apostas em torno da magnitude de corte de juros pelo Fed neste ano se reduzem, o que leva a abertura da curva de juros nos Estados Unidos e ao fortalecimento do dólar. Já tem menos de 75 pontos-base de cortes precificados para este ano. Trata-se de um ambiente que começa a apresentar um desvio bem maior do cenário central projetado pelo mercado na virada do ano, quando havia alocação de risco diante da espera de movimento mais forte de cortes pelo Fed. Com a economia dos Estados Unidos ainda aquecida, o risco de cauda de não haver cortes neste ano começa a ganhar mais peso. Vai surgindo um ambiente mais desafiador pela frente, principalmente para países emergentes. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.